Lembranças das noites quentes de verão Amor de irmãos

- Olá, Sabrina! – Ele cumprimentou, os olhos fixos nos meus.
Rever Guilherme de certa forma mexeu um pouco comigo. Talvez pela surpresa da presença dele ali, sem avisar.
Nada nele havia mudado. O mesmo jeito moleque, roupas despojadas e de marca, os cabelos mais curtos.
Os olhos dele repousaram sobre a minha barriga crescida. Sorri, querendo internamente que ele ficasse feliz por mim e Charles. Eu tinha saudade de Guilherme e de toda energia boa que ele trazia.
- Não nos convida a entrar na “nossa” casa? – Kelly me perguntou, quebrando completamente o momento.
- Gui?
Melody chamou por ele, levantando imediatamente do sofá, correndo em sua direção. Abri a porta e ela jogou-se nos braços dele, que a pegou no colo.
Os irmãos ficaram alguns minutos abraçados, sem dizer nada. Depois Melody olhou para ele disse:
- Eu senti muita saudade... E achei que você nunca mais ia querer me ver.
- É claro que eu também morri de saudade. E sempre vou querer ver a minha irmã preferida. – Brincou.
Ela desceu do colo dele, pegando-o pela mão:
- Entre... – Convidou.
Ele me olhou e entrou e Kelly fez o mesmo, sem ser convidada.
- Eu não sei se vou continuar sendo a irmã preferida – explicou – Porque mamãe e papai vão ter outra menina.
Guilherme me olhou:
- É menina?
Assenti, com a cabeça.
- Nós achávamos que era um menino, mas não era. E papai disse que você precisa cuidar de nós duas, porque é o que irmãos fazem.
- Ela é sempre assim? – Kelly perguntou, referindo-se à Medy, enquanto olhava para a casa atentamente.
- Sim... Não é uma maravilha? – Sorri.
- Bem, viemos tratar de negócios. – Explicou.
- Não seria melhor tratarem direto entre nossos advogados?
- Eu queria ver Medy. – Guilherme me explicou, enquanto sentava-se no sofá com ela, que seguia falando sem parar, contando os detalhes da escola nova e o futebol que amava.
- Eu ofereceria um café, mas creio que você já esteja de saída. – Falei a ela.
- Aceito o café.
- No caso, eu não ofereci.
fazer, se preferir... Afinal, tudo aqui é metade meu.
Eu balancei a cabeça, aturdida:
- Seu? Achei que fosse de Guilherme, filho de Charles. Afinal, vocês dois nunca foram casados e você não tem direitos sobre os bens dele.
- Gui, você vai morar aqui também? – Melody perguntou, confusa.
- Na verdade... Não! – Ele me olhou, sem saber o que dizer.
Não tem lugar para você. Mamãe e papai dormem num quarto. Eu e vovó Calissa em outro. Yuna está dormindo com Min-ji. E o quarto do bebê ainda não está pronto... Mas quase. Você quer ver o quarto da nossa irmãzinha? – Convidou.
- Depois... Eu vejo depois... – Ele disse, incerto.
- Você pode dormir comigo e vovó Calissa, se quiser. Eu deixo. – Sorriu.
- Ou no meio do papai e da madrasta. Não seria lindo? – Kelly ironizou.
Caso ele queira vir, arranjaremos um lugar. Porque na família que formamos, sempre há lugar para quem amamos. – Olhei diretamente para ele.
- Poderia me dar um copo de água, por favor? – Kelly pediu.
fundo e fui à cozinha, pegar a água. Me deu vontade de cuspir no copo, mas não o fiz, em consideração a Guilherme. Assim que me dirigi à porta, ela estava ali, me observando atentamente com seu conjunto branco de calça e blazer, em linho, tentando transparecer seriedade e sobriedade.
estava usando um maiô limpo e short por cima, pois pretendia voltar à praia com Melody depois do soninho. Kelly parecia bem mais velha do que eu quando estávamos assim, frente à frente.
o copo de água, que ela sorveu calmamente, até a última gota, sem deixar de me olhar. Me entregou-o vazio e enquanto fui colocar na
Me pergunto o que Charles viu em você... Seria sua juventude? Talvez ele tente recuperar o que perdemos no passado, em função do nosso
Escorei-me na pia e disse tranquilamente:
Não. O que ele viu em mim foi amor. Eu não tenho dúvidas dos sentimentos dele. E sou grata todos os dias por ter encontrado aquele cantor no bar, que virou minha vida de cabeça para baixo e me deu o que tenho de mais precioso: minhas filhas... E a família
Família – ela riu – Charles quis casar comigo na época que fiquei grávida. Eu não quis. Era
Fez bem... Eram adolescentes e não sabiam realmente o que queriam. Neste caso, eu e Charles somos adultos e sabemos muito bem o que queremos e temos certeza de nossos sentimentos. Seria interessante você contar a Guilherme sobre isso. E parar de encher a cabeça dele com mentiras sobre
Só quero que Charles dê ao meu filho o que é dele por
é “seu” filho. É dele também. E você sabe tudo que Charles fez para ficar com Guilherme. Por que mente tanto? Nunca pensou que isso poderia ser prejudicial para a criança? Que Gui poderia crescer sentindo-se rejeitado, sendo que não é verdade?
não tem nada a ver com a minha vida... Tampouco com a do meu
atrás da mãe, com Melody no colo, agarrada a ele. Nossos olhos de encontraram e fiquei a lembrar do que tínhamos vivido juntos. Deus, isso era complicado. De certa forma, eu conseguia entender o ressentimento dele contra