- Ele está na casa de Do-Yoon – ela fez cara triste – E papai disse que não tínhamos tempo para pegá-lo lá. Ele falou que poderíamos comprar Solitário III, mas eu acho que não é boa ideia, já que você tem eu e um bebê na sua barriga para cuidar. Expliquei a ele que você não daria conta de tantas responsabilidades, afinal, você é só uma mamãe.
Olhei-a, incrédula, tentando conter uma gargalhada:
- Sim, eu sou só uma mamãe. E realmente não dou conta de mais “filhotes” para cuidar.
Balancei a cabeça, ainda tentando decifrar a mente da minha filha, enquanto sorvia o restante do café.
Assim que pus a xícara na pia, a porta se abriu. Melody correu de encontro ao pai, recebendo vários beijos pelo rosto.
- Dormiu bem, meu amor?
- Sim, papai. Eu estava contando para mamãe que não podemos ter Solitário III.
Ele me olhou e começou a rir:
- Sim... Afinal, é muita responsabilidade para uma simples mamãe, não é mesmo?
Ela assentiu, seriamente.
- Papai, vamos na praia?
- Só se for agora – ele fez cócegas nela – Suba e vá pôr um biquíni.
Ela desceu rapidamente do colo dele, correndo escada acima.
- Onde você foi? – Perguntei, curiosa.
Ele veio até mim, envolvendo-me em torno dos seus braços firmes, enquanto me dava um beijo apaixonado, sem se importar com o gosto de café na minha boca, tampouco a presença de Yuna. Depois de satisfeito com o sabor do beijo e o acariciar de nossas línguas uma na outra, respondeu:
- Fui procurar Caio.
- Caio? Seu amigo barman?
- Sim. Ele era o único que sabia que estávamos aqui depois que você deixou seu ex na igreja. Afinal, peguei a chave das mãos dele, que estava como responsável pela casa.
- Achou que... Ele poderia ter dito ao meu pai onde estávamos?
- Achei... E eu estava certo. Seu pai sabia desde o início que eu tocava no Cálice Efervescente... E certamente estava a par de toda a minha vida em menos de 24 horas depois que nos envolvemos, garotinha.
Arquei a sobrancelha, aturdida.
- Jordan Rockfeller deu dinheiro ao seu amigo em troca de saber onde você e Sabrina estavam? – Yuna perguntou.
- Sim.
- Mas... Ele não era seu amigo? – Fiquei confusa.
- Sim... “Era”. Pelo menos da minha parte achei que sim. Mas pelo visto não era recíproca a amizade.
- Seu pai é um monstro. – Yuna me olhou, visivelmente furiosa.
- Nunca foi um homem admirável para mim... Mas também não pensei que fosse tão covarde e inescrupuloso. Jamais imaginei que um dia ele fosse agir com a própria filha como fazia com seus empregados e contratados.
- Como poderemos ter certeza de que foi ele que armou tudo para minha prisão?
- Tempo... – Yuna nos disse firmemente – Vocês esperaram muito. Vale a pena seguir a espera e saber ao certo o que aconteceu no passado. Você não pode agir por impulso agora, Sabrina.
- Eu sei... Vou tentar. E quando iniciar o ano, tomarei meu lugar na J.R Recording.
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