Lembranças Perdidas romance Capítulo 124

"Srta. Cloude, o sr. Matthews quer que você vá ao escritório dele agora."

Sean parou na porta do departamento de secretárias e viu Thalia tirar a cabeça de uma estante enorme.

Ela arregaçou as mangas, segurando um pano na mão. "Posso saber do que o sr. Matthews precisa?".

Belinda franziu um pouco a testa. O sr. Matthews queria ver Thalia logo no primeiro dia de trabalho dela. Nenhuma secretária tivera essa honra!

Belinda sorriu e se levantou. "Sean, se o sr. Matthews precisa de algo, posso ajudá-lo. Thalia é nova aqui, não sabe ainda como as coisas funcionam."

Sean meneou a cabeça. "O sr. Matthews chamou especificamente a srta. Cloude."

Thalia comprimiu os lábios e jogou o pano no balde.

Adam queria vê-la no primeiro dia dela no departamento de secretárias. Parecia que ele nem se importava com a opinião dos outros. O que diabos ele queria fazer?

Thalia arrumou as mangas da blusa, ajeitou a roupa e saiu do escritório.

Ao sair, sentiu olhares perversos em suas costas, como se as outras secretárias fossem comê-la viva. Mas naquele momento, ela não estava com humor para se preocupar com os pensamentos daquelas pessoas. Ela caminhou até a porta do gabinete do presidente, respirou fundo e abriu um sorriso. Depois bateu à porta.

Logo ouviu uma voz profunda pedindo que entrasse no escritório, então abriu a porta e entrou.

"Feche a porta."

Ao ouvir a voz fria e assustadora de perto, o coração de Thalia parou por um segundo.

Ela se virou e fechou a porta do escritório.

O escritório tinha centenas de metros quadrados de largura e era obviamente muito espaçoso. Mas, naquele momento, Thalia sentiu como se estivesse em um espaço estreito, e começou a ter dificuldade para respirar. Ela ficou muito tensa.

"Como está o seu primeiro dia? Acha que consegue se acostumar com o trabalho?"

Adam estava sentado em frente à mesa, segurando uma caneta na mão, e os nós dos dedos dele estavam um pouco brancos.

Ninguém sabia quanta força ele usava para se conter e não se aproximar dela.

Thalia parecia calma. "Está tudo bem."

A resposta dela ressoou na sala até o escritório cair em um estranho silêncio novamente.

A luz do sol brilhava em sua pele de porcelana, o que a fazia parecer doentia e pálida. Ela abaixou a cabeça, parecendo pensar em algo.

Depois de um tempo, voltou a olhar para cima e se viu encarando um par de olhos negros.

Logo desviou o olhar.

Adam não conseguiu mais se controlar. Ele jogou a caneta no chão e caminhou na direção dela.

Seus sapatos de couro bateram no carpete, deixando Thalia muito nervosa.

Ela mordeu o lábio. "Sr. Matthews, ainda quero perguntar por que..."

Os passos de Adam pararam de repente e ele perguntou: "O que você quer dizer com isso?".

"Por que você quer que eu seja uma secretária?" Ela levantou os olhos e ergueu o queixo. "Ouvi dizer que o processo de seleção para secretárias da Matthews Corporation é muito rígido. Não sei nada sobre a área, mas ainda assim o senhor decidiu me promover a esta posição. É impossível que não haja motivo para isso."

A última vez que ela perguntara aquilo, ele dissera que não havia uma razão específica.

Agora ela perguntava a mesma coisa de novo, e ele não podia dar a mesma resposta.

Adam colocou as mãos nos bolsos das calças e as fechou com força. Depois de um tempo, ele afrouxou o aperto.

Ele olhou para os arranha-céus do lado de fora das janelas francesas e falou devagar: "Se eu disser que você parece uma velha amiga, você acreditaria em mim?".

Thalia sentiu uma dor de cabeça repentina. Ela apertou as mãos e ficou atordoada por um momento.

Tentando o seu melhor para se manter calma, ela disse com uma voz gentil, suprimindo o medo: "Uma velha amiga? Que tipo de velha amiga?".

"Você não precisa saber isso." Adam parecia querer enfeitiçá-la com a voz fria. "Basta ser minha secretária e fazer o trabalho bem."

Thalia mordeu o lábio. Seu coração estava acelerado e seu cérebro zumbia.

Virar secretária dele e se aproximar dele pouco a pouco, essas tinham sido as razões pelas quais ela tinha voltado para aquele país.

Mas naquele momento, ela queria perguntar a ele se era por causa da Thalia do passado que ele abrira uma exceção para tratá-la daquela forma.

Ela queria perguntar a ele o que a falecida Thalia significava para ele...

Toda a dor e desespero que ele lhe causara haviam se transformado em culpa e necessidade de compensação?

Ela não queria compensação!

Ela não queria aquele tipo de compensação!

Thalia logo foi engolfada por uma profunda escuridão.

Adam a fitou e a viu com olhos caídos e cílios trêmulos.

Ele apertou as mãos com força e a informação que obtivera sobre ela na noite anterior veio à sua mente.

“A srta. Cloude morou no país W por cinco anos. Ela fez uma cirurgia de câncer de estômago no primeiro ano e ficou outro ano se recuperando... No final do segundo ano, ela teve depressão e teve que fazer acompanhamento psicológico semanal... Ela está em tratamento há mais de quatro anos, mas ainda não está curada...

"O médico do país W disse que foi um milagre ela ter sobrevivido ao câncer... O médico também disse que ela parecia ter perdido a memória e, por isso, não tinha curado a depressão..."

Adam nunca soubera muito sobre depressão.

Só na noite anterior ele soubera que se tratava de uma doença que poderia levar as pessoas a um beco sem saída e matá-las.

Ela tinha conseguido se salvar de uma doença terminal, mas fora empurrada para o abismo da depressão por causa dele.

"Sr. Matthews?" Thalia finalmente se acalmou e sussurrou, "Se não houver mais nada, vou embora".

Adam queria impedi-la, mas ela se virou e saiu. Ele teve que deixar de lado o que queria dizer a ela.

Assim que Thalia saiu do escritório, alguns olhares curiosos e questionadores caíram sobre ela.

"Ei, Thalia, por que o sr. Matthews de repente pediu que você fosse ao escritório?" Natalie era a pessoa mais inexperiente do departamento, mas tinha acabado de evoluir no cargo por causa de Thalia, então não podia se intrometer muito no assunto.

Thalia meneou a cabeça e respondeu, "Ele me perguntou se estou me adaptando às funções".

Ela disse indiferente, enquanto as outras secretárias se entreolhavam desamparadas.

O sr. Matthews era uma pessoa muito ocupada e mesmo assim tinha chamado a nova secretária só para perguntar se ela estava se adaptando às novas funções? Aquilo era muito trivial.

Também parecia surreal, não?

"Você está brincando, né?" Natalie parecia em dúvida. "Por que o sr. Matthews perguntaria isso a você?"

Thalia continuou a sacudir a cabeça. "Eu não sei."

Ela arregaçou as mangas e foi até a estante, torceu o pano no balde e continuou a limpar a poeira.

Belinda sorriu com desdém.

Ela não esperava que Thalia fosse tão esperta a ponto de conseguir bajular o sr. Matthews.

Ela trabalhava na Matthews Corporation havia sete ou oito anos e nunca tinha visto nenhuma mulher que pudesse chegar um metro perto dele. Aquilo despertou o interesse de Belinda em Thalia.

Agora ela queria ver o tipo de bagunça que Thalia poderia criar no departamento de secretárias.

Belinda reprimiu os próprios pensamentos, mas Natalie ainda era jovem e estava muito insatisfeita. Ela baixou a voz e perguntou: "Belinda, ela falou diretamente com o sr. Matthews. Será que está tentando roubar sua posição?".

Belinda zombou. "Como se ela tivesse capacidade para isso."

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