Lembranças Perdidas romance Capítulo 125

"Thalia, esta é a lista de clientes enviada pelo gerente de marketing. Reúna as informações básicas e mande para o meu e-mail." Belinda jogou alguns arquivos desordenados na mesa de Thalia, levantou o queixo e continuou: "Preciso disso às nove horas da manhã de amanhã. É melhor você se apressar".

Thalia olhou para o relógio e respondeu, "Faltam apenas cinco minutos para acabar o expediente".

"Ei, Thalia, você acha que não tem que trabalhar horas extras como secretária? Quando cheguei aqui, tive que fazer horas extras até o início da manhã todos os dias, mas me desenvolvi rápido com a orientação e treinamento da Belinda. Se ela te passou esse trabalho, é porque quer que você se desenvolva. Outros não entenderiam esse tipo de tratamento." Natalie falou com um sorriso fraco.

As duas secretárias ao lado dela também disseram: "Sim, só assumimos trabalhos relevantes como secretárias depois de quatro meses".

Thalia entendeu o recado. "Ok, vou resolver isso antes das nove horas de amanhã."

Belinda sorriu com desdém.

Quando chegou o fim do expediente, duas secretárias marcaram o ponto na hora certa e, cerca de meia hora depois, Belinda também arrumou as coisas dela e foi embora. Mas antes de sair, não se esqueceu de lembrar a recém-chegada: “Thalia, essa lista de clientes é muito importante. Você deve ser rigorosa na coleta de dados”.

"Tudo bem."

Thalia nem mesmo levantou os olhos para responder.

Só constavam os nomes dos chefes das empresas naquela pilha de arquivos, não havia qualquer outra informação de contato. Então, Thalia precisava procurar a empresa do cliente na Internet e ligar para pedir um endereço de e-mail ou número de telefone. Esse tipo de trabalho era muito detalhado e complicado. Mas, felizmente, quando ouviam que ela era secretária do presidente da Matthews Corporation, todos mostravam boas maneiras e se mostravam muito dispostos a ajudá-la.

Mesmo assim, ela ainda levou mais de três horas para coletar os dados e enfim terminar o trabalho.

Ela massageou os ombros e viu que eram quase onze horas da noite.

Felizmente, Jacob estava na cidade de Marino. Caso contrário, ela levaria outra bronca de Zaney por trabalhar até tarde.

Ela se levantou e arrumou os pertences dela para ir para casa, mas quando estava prestes a sair do trabalho, viu a porta do gabinete do presidente sendo aberta de repente.

Tanto o escritório do presidente quanto o departamento das secretárias estava iluminado, mas havia um corredor escuro entre eles. Adam estava no meio dele, com uma das mãos no bolso e caminhando em direção a ela devagar.

Seu rosto perfeito estava escondido, iluminado apenas por um raio de luz. Ele se aproximava lentamente, parecendo bastante fascinante e encantador.

Ele não tinha envelhecido naqueles cinco anos.

Seus olhos fundos continuavam fascinantes como antes.

Thalia desviou o olhar com dificuldade, um pouco nervosa. Mas quando tentou falar, ouviu a voz dele.

"Pegue uma xícara de café para mim."

Uma secretária tinha que fazer café todos os dias, e sempre fora dever de Belinda levar o café para o sr. Matthews.

Mas na ausência dela, Thalia não tinha escolha a não ser atender o pedido.

Ela caminhou rápido para a despensa, evitando o olhar penetrante. Então procurou no armário o grão de café que ouvira Belinda dizendo ser o predileto de Adam: um café de edição limitada importado da Europa... Ela fez o possível para distingui-lo entre a variedade de grãos e finalmente o encontrou.

O som do café moído era muito baixo, mas foi ouvido no escritório silencioso.

Naquele momento, Thalia se virou e viu Adam a encarando.

O jeito que ele a fitava era muito gentil, sem nenhuma agressividade ou hostilidade. Não é de admirar que ela não tivesse sentido o olhar dele sobre ela.

Ela sorriu e disse: "Sr. Matthews, logo estará pronto".

Adam assentiu, despreocupado. Ele encontrou um assento fora da despensa para se sentar e continuou a observando em silêncio.

Ele a promovera a secretária só para observá-la daquela forma, em silêncio.

Ele não se atrevia a ansiar por mais nada.

Nem tinha o direito de querer mais.

"Sr. Matthews, aqui está o seu café."

Thalia levou o café fumegante para ele e se curvou.

No clima do início da primavera, o aquecedor da empresa era ligado, então Thalia tinha tirado o casaco e o blazer, ficando apenas com uma camisa branca. Por isso, no momento em que ela se abaixou, Adam viu o contorno do sutiã dela. Ele desviou o olhar inquieto, mas já tinha visto a pele branca como a neve sob a gola entreaberta.

Ele logo sentiu uma onda de adrenalina no estômago e se amaldiçoou:

D*oga!'

'Como posso ser tão repugnante?'.

Os dedos dele tremeram um pouco e ele perdeu o controle da xícara de café, deixado o líquido cair nas costas da mão, que logo ficou queimada e vermelha.

A mão dele ficou cheia de bolhas.

Em seguida, um estrondo foi ouvido.

A xícara de café também caíra no chão.

Chocada, Thalia não conseguira se esquivar a tempo, e o café caiu sobre a calça dela, manchando-a dos joelhos para baixo.

Felizmente, ela não se queimou.

"Sr. Matthews, o senhor está com bolhas na mão. Me deixe cuidar desse ferimento." Ela disse rápido.

Mas Adam já tinha se agachado e arregaçado as calças dela com os dedos esguios. Olhando para as panturrilhas coradas, ele disse em voz baixa e cheio de autocensura: "Sinto muito. Machuquei você de novo".

A voz dele soou extremamente baixa e rouca e, naquele escritório vazio com tanta tensão entre os dois, ela pairou no ar e nos ouvidos dela. Parecia um grito suave de uma árvore morta que não conseguira crescer na primavera.

Ele disse que a machucara de novo...

Ele sempre sentira pena dela, pela dor que lhe infligira cinco anos antes...

Thalia ainda estava atordoada, quando de repente sentiu uma grande palma em volta da cintura dela a levantando.

Ela se recuperou na mesma hora e começou a lutar. "O que você está fazendo? Me ponha no chão!"

Seus olhos estavam cheios de medo e pânico.

Adam se lembrou de quando a forçara a entrar na sala de cirurgia havia cinco anos.

Ela também o fitara com olhos temerosos naquele momento.

Cinco anos haviam se passado e ele quase não podia acreditar que ainda se lembrava daquilo tão vividamente.

Ele comprimiu os lábios e apertou a mandíbula. "Você está ferida. Vou levá-la ao escritório para passar uma pomada."

"Não, não preciso disso..." Thalia percebeu que sua reação tinha sido exagerada, então falou, calma, "Seu ferimento é mais sério do que o meu. Me deixe aplicar a pomada em você, sr. Matthews".

Ela saltou dos braços dele e correu para o armário para procurar o kit de primeiros socorros.

Suprimindo as emoções complicadas e tentando parecer calma, ela aplicou a pomada nele com delicadeza e colocou um curativo sobre a queimadura.

O local ficou entorpecido, como se tivesse sido atingido por choques elétricos com o toque dela.

Ele levantou os olhos mirando os lábios carnudos e vermelhos de Thalia e logo se lembrou do momento em que a pressionara contra a cama gigante, cinco anos antes.

Seus lábios eram tão suaves e gentis, eram doces também. Mas eram momentos além de seu alcance.

Perdendo o juízo, ele avançou e se aproximou da bochecha de Thalia com os lábios finos perfeitos.

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