Lembranças Perdidas romance Capítulo 126

Thalia guardou a pomada e, quando se virou, viu o rosto de Adam se aproximando centímetro a centímetro.

Nervosa, ela deu um passo para trás e abriu a porta do armário com força, fazendo um barulho alto.

Adam parou na mesma hora, pensando:

'Estou ficando louco?

'Como eu poderia beijá-la!?

'Fiz tantas coisas erradas cinco anos atrás. Não tenho esse direito!

'Não tenho direito nem de aparecer diante dela!'

Todos os pensamentos dele desapareceram e Adam logo se encheu de profundo desespero.

Ele se levantou fitando o ferimento nas costas da mão por um momento. Então disse: "Obrigado".

Thalia deu um suspiro de alívio e respondeu com um sorriso, "Sr. Matthews, está ficando tarde. Vou embora".

Adam assentiu com a cabeça.

Thalia arrumou as coisas dela o mais rápido possível e caminhou até o elevador.

"Espere um minuto."

Ouvindo a voz dele novamente, Thalia ficou sem saber o que fazer, então cerrou os punhos e se virou com um sorriso duro. "Sr. Matthews, o senhor precisa de mais alguma coisa?"

Adam entrou rápido no escritório dele e, em menos de meio minuto, voltou com alguns ingressos na mão. "Aqui estão uns ingressos para um concerto. Pegue."

Thalia o fitou e respondeu: "Sinto muito, sr. Matthews. Mas não tenho muito interesse em concertos...".

"Eu estou dando para você, leve-os."

Adam enfiou os ingressos à força na bolsa dela e voltou ao escritório.

Ele havia perguntado ao psicólogo sobre o tratamento da depressão e descobrira que musicoterapia era muito boa e não trazia efeitos colaterais.

Thalia fitou os ingressos cheia de emoções confusas. Ninguém conhecia Adam melhor do que ela.

Então ela sabia que se ele dera os ingressos de presente, ela não teria escolha a não ser aceitá-los.

Ela riu com desdém e colocou os ingressos na pasta de arquivo sobre a mesa.

Depois de trabalhar até as onze horas naquele dia, ela foi para casa se limpar e comer alguma coisa. Era quase uma hora quando terminou tudo, mas, mesmo assim, ela bateu o ponto na hora certa no dia seguinte.

Assim que entrou no escritório, viu as quatro secretárias conversando em volta da mesa de Belinda. Três mulheres já eram muito barulhentas, imagina quatro. O assunto ia de cosméticos a roupas, e depois de séries de TV a celebridades populares do sexo masculino. Elas conversavam com entusiasmo e só pararam quando o elevador exclusivo do presidente foi aberto. Nessa hora, todas ficaram quietas e voltaram para suas mesas.

Thalia enviou as informações dos clientes solicitadas por Belinda por e-mail.

Dois minutos depois, Belinda apareceu com o rosto sério. "Você não verificou as informações do arquivo quando eu te passei a tarefa ontem?"

Thalia franziu a testa e perguntou, "O que há de errado?".

"Esta é a lista de clientes do ano retrasado. Eu pedi que você atualizasse a lista de clientes deste ano", disse ela, jogando uma pilha de documentos na mesa de Thalia. "Eu preciso disso antes do almoço. Depressa."

Após dar a ordem, Belinda se virou e saiu. O som dos saltos dela no chão ressoava no ambiente.

Thalia franziu a testa. Era óbvio que Belinda a estava tratando daquela forma de propósito. O trabalho que ela fizera na noite anterior tinha sido em vão. Se ela fosse uma menina, teria ficado com tanta raiva que teria chorado.

Mas Thalia sorriu com indiferença, ligou o telefone e começou a trabalhar.

"Oh, ela não ficou brava." Natalie encolheu a cabeça e disse, "Thalia é bastante tolerante".

"Ela é só mais uma fraca. Não importa o quão dura Belinda seja, ela não se atreverá a reclamar. Ela ainda vai sofrer muito."

As secretárias debateram um pouco mais em voz baixa e então começaram a trabalhar.

Thalia organizou a lista de clientes antes do almoço, mas Belinda nem olhou para o trabalho, só o jogou sobre a mesa.

Thalia já sabia que ela faria aquilo, então não disse nada e foi almoçar na cantina.

Natalie se aproximou da chefe. "Belinda, você é incrível!"

Belinda franziu a testa, impaciente. "Você fala isso como se eu estivesse fazendo de propósito."

Natalie deu uma risadinha. "Eu sei que você só quer ajudá-la a melhorar."

Belinda sorriu com frieza e se levantou para fazer o café. Mas quando ela abriu o armário para buscar os grãos, sua expressão facial mudou de repente. "Quem mexeu no café de civeta do sr. Matthews?"

Natalie ficou chocada. "Eu vi pela manhã que alguém parecia ter mexido na lata, mas pensei que você tivesse feito o café para o sr. Matthews."

"Todas nós sabemos que este café é exclusivo do sr. Matthews, exceto..." Uma secretária levantou o queixo e gesticulou para a mesa de Thalia.

Belinda pareceu um pouco zangada. "O café civeta é o café mais precioso e caro do mundo. É uma edição limitada. Como ela é ousada!"

Ela se levantou e foi pisando duro até a mesa de Thalia.

Então pegou a xícara de café de recém-chegada e cheirou com a ponta do nariz, mas percebeu que não era café de civeta.

Ela franziu a testa, pronta para falar algo, quando viu alguns ingressos na pasta de arquivo.

Natalie também os viu e estendeu a mão para abrir a pasta. "Ei, o que é isso?"

Dois ingressos com bordas douradas caíram, e Belinda os reconheceu na mesma hora. "Não são ingressos para a apresentação do mestre de piano O'Brien? Por que ela está com eles?"

Belinda trabalhava como secretária no gabinete do presidente há sete ou oito anos e era muito experiente e perspicaz. Ela sabia que era difícil conseguir um ingresso para o show do O'Brien. Aquele tipo de ingresso era reservado apenas para as pessoas mais prestigiosas da cidade de Marino, e Thalia era apenas uma secretária. Mesmo se ela tivesse grande capacidade, era impossível conseguir aquele ingresso...

"Pode ser..." Natalie baixou a voz. "Quando estávamos na cantina ao meio-dia, ouvi dizer que quando Mia foi à festa de aniversário do mestre Matthews, alguém deu a ela dois ingressos para o show do O'Brien. Ela estava procurando esses dois ingressos em todos os lugares. Parecia que eles tinham sido roubados!"

Ouvindo aquilo, todas as secretárias ficaram atordoadas.

Os ingressos de Mia haviam sumido, e Thalia estava com dois ingressos agora. Será que a nova secretária tinha roubado outra pessoa?

Belinda riu com escárnio. "Como ela ousou roubar algo na Matthews Corporation? Como ela é atrevida! Natalie, ligue para Mia e fale para ela subir para pegar os ingressos de volta."

Mia estava profundamente ansiosa. Os dois ingressos eram difíceis de conseguir e tinham sido um presente do mestre Matthews. Eram como um tesouro para ela e, por isso, ela os tinha trancado na gaveta do armário da empresa, com medo de perdê-los. Mas o que ela não esperava era que, ao abrir a gaveta naquela manhã, os ingressos não estivessem mais lá. Ela estava bastante nervosa.

A Mathews Corporation era uma empresa muito grande, mas os funcionários lá eram qualificados e trabalhadores de colarinho branco. Por que alguém roubaria aqueles ingressos?

De repente, ela recebeu uma ligação da empresa no celular e suprimiu a ansiedade para atender a chamada. "Alô... O quê? Você encontrou? Ok, vou subir agora mesmo!"

Quando ela desligou o telefone, alguém se aproximou. "Você achou os ingressos? Quem os pegou?"

Mia meneou a cabeça e respondeu: "Natalie me ligou e disse que encontrou dois ingressos para o show do O'Brien na secretaria. Ela me pediu para ver se são meus ingressos".

"Com certeza são seus. Só o sr. Matthews poderia ter outros. Se não são seus, de quem mais poderiam ser?"

Mia também achava que eram os ingressos dela. Ela mal podia esperar para pegar o elevador e subir até o último andar.

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