Lembranças Perdidas romance Capítulo 60

"Eu não esperava que viesse até mim pessoalmente".

Disse Jacob assim que entraram no restaurante, enquanto se encostava na cadeira e acendia um cigarro.

Thalia tomou um gole de chá e deu um sorriso. "Sr. Fremont, por favor, vá para a área de fumantes. Tem uma mulher grávida aqui."

Os olhos de Jacob escureceram. Ele colocou o cigarro no cinzeiro e a fitou, "Thalia, se bem me lembro, você foi diagnosticada com câncer de estômago. Perdoe-me por ser tão incoveniente, mas uma pessoa com essa doença pode dar à luz uma criança?"

"Por acaso isso é da sua conta?"

"Claro que é da minha conta. Vim para cá expandir negócios e você é minha primeira parceria. Se você morrer, como vou lucrar?"

Jacob a encarava com olhos cheios de emoções desconhecidas, embora parecesse calmo.

Ele continuou, sorrindo: "A propósito, vi no noticiário que você e o presidente da Matthews Corporation são marido e mulher. É verdade?".

"Esse tipo de informação não tem nada a ver com a nossa parceria, não é? Sr. Fremont, por que você não me diz a razão de estar bebendo todos os dias? Com esse comportamento, as pessoas facilmente entenderão que você não quer mais trabalhar com a Cloud-Umbra Jewelry." Thalia mudou de assunto.

O sorriso no rosto de Jacob desapareceu na mesma hora.

Ele não se conteve e acendeu outro cigarro, mas logo o apagou após o olhar frio de Thalia.

Abriu um outro sorriso, dessa vez solitário e deprimido. "Três dias atrás foi aniversário da morte do meu pai."

Thalia baixou os olhos em choque e se desculpou: "Sinto muito, não deveria ter perguntado".

"Tudo bem. Meu pai já morreu há mais de dez anos. O problema sou eu, que ainda não consegui aceitar o fato."

Ele se acalmou. "Todo ano, quando está perto da data do aniversário da morte dele, fico bêbado, para entorpecer meus sentidos e não pensar nas lembranças dolorosas..."

Thalia ficou perplexa ao sentir o luto profundo dele.

Ela não era boa ouvinte nem boa consoladora. Não estava acostumada a ouvir os segredos dos outros, porque isso a fazia se sentir incomodada e sobrecarregada. Mas tinha sido ela quem havia tocado no assunto, e não seria bom interrompê-lo no meio do desabafo.

“Meu pai disse que sou uma maldição. No dia que eu nasci, minha mãe faleceu no parto. Daquele dia em diante, ele passou a beber todos os dias e virou um gangster. Quando bebia, me batia... Quando eu tinha onze anos, ele morreu. Não me lembro nem como ele morreu direito."

Jacob engoliu uma taça de vinho e sorriu com frieza.

Thalia percebeu que os olhos dele estavam vermelhos.

Ela suspirou e lhe entregou um lenço de papel. "Se te faz mal, não fale mais sobre isso. Não há necessidade de abrir suas feridas para os outros verem."

Mas Jacob agarrou a mão dela de repente, com tanta força, que Thalia não conseguiu puxá-la.

Quando ela ia falar, o homem riu baixinho.

"Depois que ele morreu, passei a não acreditar em mais nada. Seja família ou amizade, não passam de m*rda para mim. Mas desde a primeira vez que te vi, senti que deveríamos ser amigos. Guardei essa tristeza no coração por mais de uma década, e agora, finalmente me abri com alguém. Depois de dizer tudo em voz alta, aliviei um pouco da dor... Thalia, obrigado."

Thalia se sentiu um pouco desconfortável.

Tinha demorado apenas cinco ou seis anos para ele transformar a Fremont-Garrison Corporation em uma empresa multinacional de renome. Ele desfrutava de poder e de prestígio, mas não tinha nenhum amigo.

Se ele estava disposto a ser amigo dela, não tinha motivo para recusar.

Sua mão estava dolorida, mas ela não a puxou.

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