Lembranças Perdidas romance Capítulo 96

Cinco anos depois.

Thalia não sabia onde, mas estava no meio de uma névoa sangrenta.

De repente, ouviu um bebê chorando alto, o que a deixou assustada e nervosa.

Com suores frios, e como se previsse o que aconteceria no pesadelo, abriu os olhos.

O avião passava pelas nuvens, e era possível ver a luz do sol brilhante pela janela.

"Mamãe, aconteceu alguma coisa?" Ela ouviu uma voz ao lado. "O avião está com ar condicionado ligado. Por que você está suando tanto? Teve aquele pesadelo de novo?"

O garotinho bonito e descolado tinha cerca de quatro ou cinco anos, e vestia uma camisa branca com jeans.

Naquele momento, ele parecia bastante ansioso.

Thalia se acalmou e se virou para fitar os olhos grandes e atraentes do filho. Ela sorriu e beliscou o rosto rechonchudo do menino. "Como você sabe que eu estava tendo um pesadelo?"

Ele inclinou a cabeça e refletiu por alguns segundos segundos. "Mamãe, você tem pesadelos com frequencia. Como eu poderia não perceber?"

Thalia esfregou a cabeça dele com um sorriso.

Ela tivera aquele pesadelo inúmeras vezes nos últimos cinco anos.

Cada vez que dormia profundamente, acordava assustada, e ficava inquieta durante o dia.

Fazia cinco anos, mas quando ela pensava que havia esquecido o passado, aquele pesadelo vinha lembrá-la de toda dor que sentira...

A aeromoça disse, gentil: "Caros passageiros, o avião vai pousar. Por favor...".

Os passageiros do avião começaram a guardar seus pertences pessoais, e Thalia colocou a garrafa d'água, o livro e outras coisas na mochila.

O menino agarrou a manga da blusa dela e falou: "Mamãe, vamos morar na cidade de Marino mesmo? Tenho medo...".

"Zaney, do que você tem medo?" Thalia o fitou. "Eu morava e trabalhava aqui. É maior e mais animado do que a cidade onde vivíamos antes."

"Mas mamãe..."

Zane Cloude, um menino de quatro anos, mordeu os lábios, muito preocupado.

Cinco anos atrás, sua mãe estava gravemente doente e perdera a memória ao acordar. Embora ela não se lembrasse de nada do passado, ninguém sabia melhor do que ele o quão desesperada e indefesa ela ficava a cada pesadelo.

Ele procurou saber, escondido, o que havia acontecido cinco anos antes, e descobrira que a mãe havia decidido deixar a cidade de Marino naquela época.

Ele tinha medo medo de que, retornando à cidade, a mãe reencontrasse conhecidos e acabasse por se lembrar do passado.

Ele cerrou os punhos: seja qual fosse o futuro, ele protegeria a mãe.

"Zaney, não importa o que aconteça, vou te proteger. Não tenha medo."

Thalia segurou a mão do menino e saiu do avião com a multidão.

Logo após, seu telefone vibrou no bolso. Ela olhou o identificador de chamadas e atendeu rápido.

"Senhorita Cloude, enviei-lhe um e-mail sobre a entrevista. Por favor, venha para a empresa às 9 horas amanhã de manhã."

"Ok, obrigada."

Ela sorriu e agradeceu.

Thalia tinha decidido voltar para a cidade de Marino porque finalmente encontrara um bom emprego como designer de joias.

Havia sofrido muito durante os cinco anos longe da cidade. Claro que voltaria para sua terra natal se tivesse a oportunidade.

Ela desligou o telefone para segurar a mão de Zane e percebeu que ele não estava mais ao lado dela.

De repente, ficou nervosa e empalideceu de tanto susto.

Zaney era inteligente, mas tinha apenas quatro anos e meio de idade e não era fluente na língua local.

Ela correu para pedir ajuda ao pessoal do aeroporto.

Zane estava sentado em cima da mala, com as perninhas curtas balançando, quando, de repente, viu um homem familiar de pé no meio da multidão.

Ele estreitou os olhos e encarou a mãe, que estava parada na frente dele. Então, saltou da mala e caminhou em direção ao tal homem.

Adam parou ao lado do elevador enquanto fazia uma ligação. Ele andava muito ocupado. Assim que saíra do avião, já havia muito trabalho esperando por ele.

Vendo que seu assistente havia pegado a bagagem, se virou para sair, quando um menininho trombou com ele.

Adam odiava ser tocado por estranhos, então se virou com frieza e abriu caminho para ele.

Com isso, o menino perdeu o equilíbrio e se esparramou no chão.

Até Adam, que sempre fora indiferente a tudo, suavizou um pouco o rosto tenso ao ver a cena engraçada.

"Senhor, por que não me ajuda?"

Zane se levantou do chão com os grandes olhos marejados, fitando Adam como se estivesse lamentável.

O menino tinha um cabelo preto cacheado curto e bagunçado. Mas o estilo não o deixava estranho, pelo contrário, deixava-o descolado.

Ele fez beicinho e se aproximou para agarrar uma das pernas de Adam. "Senhor, você me fez cair. Tem que me compensar agora!"

Adam sorriu, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, seu assistente, Sean Flint, avançou com o rosto sério. "Menino, onde estão os seus pais?"

O sr. Matthews nunca gostara que estranhos se aproximassem dele, então, mesmo sendo uma criança, Sean não queria vê-lo irritado.

Ele pegou a mão do menino e se agachou. "Vou levá-lo ao help desk. Alguém o ajudará a encontrar sua mãe."

"Você me machucou..." Zane de repente puxou a mão e se escondeu atrás de Adam, como se o considerasse gentil. Parecia que ia chorar a qualquer minuto. "Ele é um cara mau. Ele beliscou minha mão e doeu..."

Adam ficou irritado e encarou Sean, que ficou sem palavras.

Ele se perguntou: 'O que eu fiz? Eu apenas segurei a mão dele. Por que virei vilão de repente?'.

"Sr. Matthews, eu..."

Sean sentiu que precisava se explicar, mas, de repente, Zane agarrou a manga de Adam e gritou: "Senhor, meu joelho está doendo e beliscaram minha mão. Você tem que me compensar!".

Sean ficou mais uma vez sem palavras e pensou: 'Esse menino veio aqui nos chantagear?

Como ele ousa chantagear o sr. Matthews?'.

Para surpresa de Sean, Adam fitou o garotinho que segurava sua coxa. Os olhos negros do menino eram brilhantes e bonitos, e Adam o tinha achado bastante familiar. Mesmo muito ocupado, perguntou com interesse: "Como você quer que eu te recompense?".

Zane parou para refletir sério sobre o assunto, inclinou a cabeça e concluiu: "Senhor, ainda não sei o que pedir. Posso ta falar em alguns dias? Bom, se você me der seu cartão de visita, entrarei em contato".

Sean pensou: 'Essa criança...' Ele estava extremamente chocado, o menino parecia ter apenas quatro ou cinco anos. 'Como ele pode ser tão esperto?'

Ele pedira o cartão de visita do sr. Matthews, algo inatingível para muitos. Como aquela criança travessa podia pedir uma coisa tão valiosa?

"Claro."

Adam tirou um cartão de visita com palavras douradas e colocou na mão de Zane.

O queixo de Sean caiu de espanto.

Zane guardou o cartão e colocou as duas mãos nos bolsos, parecendo frio e presunçoso.

Quando ia dizer mais alguma coisa, ouviu uma voz chamando por ele.

"Zaney, onde você está? Zaney!"

A voz familiar perfurou cada emoção e pensamento de Adam, deixando-o pasmo.

Ele de repente levantou as sobrancelhas e olhou para a multidão agitada.

"Senhor, minha mãe me encontrou. Vejo você em breve!"

Zane se virou logo que ouviu a voz da mãe, mas, lembrando-se de algo, parou, abaixou a cabeça e enxugou as lágrimas falsas. Então levantou a cabeça e deu um sorriso brilhante para os dois homens ao lado dele. Olhando para o assistente de Adam, perguntou: "Cara mau, como estou?".

Sean comprimiu os lábios, irritado, e respondeu: "Nada mal".

Zane sorriu e acenou com a mão. "Que bom. Adeus!"

Depois saiu correndo. Em um piscar de olhos, ele deslizou em meio à multidão e desapareceu de vista.

Sean queria avisar Adam que a criança estava tramando algo, mas viu que ele olhava para a multidão atordoado.

A expressão facial dele era cheia de emoções e confusão.

Sean não sabia o que seu superior procurava, então olhou na mesma direção, mas só viu pessoas passando.

Depois de um longo tempo, Adam desviou o olhar e disse, amargo: "Vamos".

Talvez estivesse com alucinações por sentir muita falta dela. Ele devia ter ouvido errado.

Afinal, ela já havia partido há muito tempo e nunca mais voltaria para ele. O que mais ele estava esperando?

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