CAPÍTULO 1
Boston/ 2023
Arthur Taylor
— Me encontre no saguão, vou dar uma ajeitada no cabelo, e ver se a roupa não está amassada. — falei para meu assistente e arrumei a gravata.
— Sim senhor!
Fui procurando pelo banheiro, não faz muito tempo que estive aqui, na Taylor de Boston, mas levei um susto ao bater de frente com alguém.
A cor dos tão longos cabelos ruivos, voando pelos meus braços me chamaram a atenção.
— Deveria tomar mais cuidado, desse lado fica o banheiro das mulheres! — quando ela falou, fiquei sem ar. Olhei nos seus olhos, e até parecia que eu havia voltado no tempo ou visto um fantasma. Era ela... com certeza era ela... a ruivinha que me deu o meu primeiro beijo naquela boate, oito anos atrás e depois sumiu, eu nunca mais a encontrei.
Ela agora é uma mulher, estava ainda mais linda, olhei para o seu corpo, agora cheio de curvas, num vestido discreto, longo e brilhante, na cor nude. Os cabelos bem maiores, e os mesmos olhos verdes.
— Você? — perguntei, colocando a minha mão sobre os seus ombros, mas ela se afastou.
— Você deve estar me confundindo com alguém, eu nem te conheço! — falou rude, e eu mal conseguia falar.
— Você me beijou na boate da principal a uns oito anos! — expliquei, mas ela movia a cabeça, negando.
— Há oito anos eu ainda nem frequentava boates! Agora me dá licença que hoje é uma noite importante! — falou, e me deixou de boca aberta, feito um tolo, ali sozinho.
Não consegui ficar parado e comecei a segui-la... não vou permitir que escape outra vez, preciso descobrir tudo sobre ela, ainda será minha, custe o que custar!
Um dos nossos sócios me salvou. Veio justamente me apresentar a ela, “Sophia”, agora sei o seu nome, então decidi lhe oferecer um ótimo trabalho na Argentina, porém ela assinaria dois contratos ao invés de um.
— Yuri! — chamei o meu assistente. — Preciso que redija um documento, mas deixe os dados em branco da pessoa que vai assinar, e ela preenche depois... na verdade dois... um de contratação como minha assistente, com um salário de seis mil dólares, e um contrato válido de casamento, e amanhã bem cedo quero...
— NÃOOOO! — colocou a mão no rosto. — Não acredito que encontrou a moça? Você é um sortudo do caralho! Como foi isso? — me cortou eufórico, além de meu assistente o considero um amigo.
— Acho que o destino conspira a meu favor!
— Então ela lembra de você, aceitou se casar? Afinal faz oito anos que a beijou e não a viu mais... — perguntou, agitado e eu só balançava a cabeça.
— Está se fazendo, logo ela lembrará melhor, e quanto ao casamento... bom, ainda estou pensando num jeito, mas eu só saio daqui com ela, já está decidido.
— Não vai fazer nada ilegal, não é?
— Tanto faz! Apenas faça o que pedi, que eu me resolvo! Preciso de documentos válidos, não esqueça! — cobrei.
— Está bem... e, também de duas testemunhas!
— Uma, no caso! Você já está incluso! — falei, e logo olhei para a entrada do salão, e quase não consegui terminar de falar.
— O que foi?
— Nossa, a Sophia trocou de vestido, o vermelho combinou muito bem com ela! — comentei ao vê-la.
— Então, se chama Sophia? Provavelmente, seja uma dessas que usa dois ou três vestidos em uma mesma noite! — ficou olhando pra ela, cheguei apertar os dedos nas mãos, mas logo parou.
— Vou aproveitar que está sozinha e descobrir qual é a dela... — o encarei.
— Tá, eu vou fazer o documento! — ele foi saindo, e eu me aproximei da bela moça, que agora usava um vermelho brilhante, e também retocou a maquiagem, o seu batom era bem vermelho.
— Com licença! — eu disse ao me aproximar. Ela me olhou do mesmo jeito da boate, eu me lembrei exatamente como foi.
— Você? — desceu os olhos pelo meu corpo, e pausou o olhar na minha boca.
— Da última vez que me olhou assim, eu fui beijado e nunca nem descobri o motivo! — sorri de canto.
— Caramba, quanto tempo! Eu estava fugindo de um relacionamento, ele era um idiota! — passou os dedos entre os cabelos levemente ondulados, percebi que estava mais desenvolta, com melhor postura, e não parecia nada perdida como minutos antes, mas algo nisso me deixou um pouco incomodado, não sei o porquê.
Seria ela uma interesseira? Porque enquanto não sabia da minha posição me ignorou, disse até não me conhecer, e agora simplesmente voltou a ser como no dia em que a conheci, e pelo que conheço das mulheres, ela estava de olhos abertos em mim, está com algum interesse, mas logo fixou os olhos na minha cicatriz, e isso não gostei.
— Não me lembrava dessa cicatriz! — estreitou os olhos, e eu virei um pouco o rosto, essas coisas me incomodam.
Ela ergueu a mão, e então eu segurei, não permito que ninguém encoste ali, nem mesmo a minha futura esposa.
— Olha só! Para que as coisas comecem bem entre a gente, nunca pergunte, ou encoste no meu rosto! — por um instante me olhou atravessada, mas logo sorriu.
— Está bem! Calma... eu apenas perguntei! — soltei a sua mão, e a sua mãe a chamou. Por um momento tive a impressão que a chamou um pouco diferente, mas deve ser algum apelido.
Elac beijou a própria mão, e me mandou um beijo. Fiquei olhando-a de costas, e achei que no vermelho tem menos quadril e bunda, talvez o vestido a tenha deixado mais magra.
Fiquei um tempo ali parado e logo fui ao encontro do Yuri.
— Tudo pronto? — questionei.
— Os papéis sim... e você? Vai enganar essa moça?
— Ela se lembra de mim. Não falei que ela estava se fazendo? — comentei.
— Lembra? Menos mal, então...
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