Entre quatro paredes(Completo) romance Capítulo 14

Saí da sala com os olhos cheios, me doía considerar aquela opção depois de tudo que tudo que aconteceu comigo, de tudo que ouvir do Sean. Como eu pude ser tão burra para acreditar que ele gostava de mim? Ele gosta apenas do meu corpo magricelo e pálido. Não tive cabeça para continuar a trabalhar, saí sem me importar com a minha demissão. Cheguei em casa e tive a surpresa de ver Anne e seu novo namorado aos beijos, eles estavam quase transando no sofá da sala.

— Da para vocês dois pararem com isso?! — Esbravejo.

Eles se espantam com a minha presença, Anne sai rapidamente do colo de Charles e trata de arrumar os cabelos bagunçados.

— Eu vou embora Anne. — Charles indaga completamente envergonhado.

— Acho melhor mesmo! — Eu me aproximo dele — E fique longe da minha irmã, seu pervertido.

Olho para ela, estava com os olhos cheios d’água. Vou para a cozinha em busca de algum calmante em meio a pilha de remédios que a minha mãe costumava tomar todos os dias.

— Você está querendo estragar minha vida? — Ela diz atrás de mim — ele nunca mais vai querer olhar na minha cara.

— Que ótimo, pelo menos eu evito de você ficar grávida! Um problema a menos.

Essas palavras feriram Anne, e depois eu percebi o que falei. Sua expressão de se encheu de ira, aquela não era a minha irmã mais nova.

— Você está pensando que a minha primeira vez vai ser como foi a sua?! — Eu virei de frente para ela com as lágrimas querendo escorrer — Não, a minha vai ser com quem eu amo, e só porque a mamãe está internada você não vai mandar em mim.

Eu a magoei e ela me magoou ainda mais, mexeu em uma ferida do meu passado, todas as vezes que mencionavam eu recordava como se fosse ontem. Eu com apenas 14 anos tendo que criar forças para explicar para um policial como o namorado da minha mãe tinha me machucado. Nunca pensei que daria um tapa na cara da Anne, aquela também não era eu. Alice nunca daria um tapa certeiro no rosto da irmã que cuidou como se fosse sua própria filha.

— Você nunca mais abra a boca para falar disso. — Ela passava a mão no local vermelho. — Anne, eu te amo demais, mas se for preciso eu te corrigir, pode ter certeza que eu vou. Sobe para o seu quarto! — Ordeno apontando para as escadas.

— Eu te odeio! — Ela sobe chorando.

Anne era minha melhor amiga, que eu protegia com unhas e dentes, que me obedecia e eu nunca precisei levantar um dedo para ela, mas hoje passou de todos os limites. Sentei em uma cadeira e respirei fundo. Parecia que tudo estava vindo com fúria na minha direção. O que eu devo fazer agora?

No outro dia de manhã, Anne não estava mais em casa, me senti sozinha como nunca me senti antes. Fui para a cozinha e pensei na proposta do Dante, não seria ruim ele pagar minhas contas, mas eu teria que me dar para ele como um troféu ou algo que ele comprara em uma loja. Isso era o que mais me deixava mal, eu o queria, mas não daquele jeito. Ele não era o que eu pensava ser.

Vi uma mensagem no meu celular do doutor, abri ela o mais rápido que eu pude, estava escrito: "venha ao meu consultório hoje à tarde, preciso falar algo a você". Fiquei preocupada, e se fosse uma coisa ruim?, eu acho que morreria, meus dias não estão agradáveis ultimamente.

Horas mais tarde, eu me arrumei para ir conversar com o doutor, estava curiosa e ansiosa. Fui para o consultório assim que me senti pronta para ouvir mais más notícias. Quando a recepcionista finalmente disse que poderia entrar fui correndo para a sala dele, abri a porta encontrei ele mexendo em seu computador, mas quando me viu pediu para eu entrar e fez um sinal para que eu me sentasse na cadeira a sua frente.

— Bom dia, o que aconteceu doutor? — Pergunto ansiosa.

— Tenho uma notícia boa e outra ruim, qual você deseja ouvir primeiro?

— Está acontecendo tanta desgraça, eu prefiro ouvir a primeiro boa.

— A boa é que tem uma maneira poder salvar sua mãe, mas não vou dizer que não pode ser de risco. E há uma pouca porcentagem de ela sobreviver, mas já é alguma coisa.

— E a ruim?

Ele aperta os lábios e anota algo em um papel.

— Ela é cara, os aparelhos, os médicos que são da Turquia, todos especializados em câncer... tudo sairia em torno desse valor.

Ele me entrega um papel, eu nunca tinha visto tantos números.

Suspiro.

— É realmente um preço exorbitante, doutor, tem outra maneira? — Olho para ele em busca de esperança.

— Sinto muito, mas não. Eu só tratei de lhe avisar pois é importante.

— Está bem, obrigada de qualquer forma.

Só conseguia pensar em o que fazer, no momento me veio a proposta do Dante, será que eu faria tudo que ele pedisse?

— Posso ver minha querida mãe?

— Claro, venha.

Nós fomos até a ala onde minha mãe estava. Observo ela através do vidro, estava entubada. Ela parecia pálida e calma, dormia como um anjo. Encostei minha testa no vidro e fechei meus olhos. Sei que ela faria o possível se estivesse no meu lugar, e eu vou lutar por ela até seu último suspiro de vida.

— Farei isso por você, mamãe. — Sussurro.

Fui embora da clínica tendo em mente que iria conversar com Dante e aceitar sua proposta. Cheguei na empresa pela tarde, estava decidida a enfrentar seja o que for para ver minha mãe bem novamente. Passei pela recepção sem olhar para ninguém.

— Senhora, tem hora marcada? — Nicole, a recepcionista me pergunta.

— Preciso falar com Dante, com urgência. Sou Alice Cooper. — Digo. Ela digitou alguns números e falou com ele pelo telefone e desligou o mesmo.

— Você pode ir.

Abro a porta de sua sala com timidez, assim que a fecho novamente seguro minha bolsa firme contra meu peito.

Dante olha para mim com serenidade, como ele conseguia manter bem esse perfil casca grossa.

— Senhorita Cooper?

Com o pouco tempo que convivemos eu já odiava a maneira cínica que ele agia as vezes.

— Eu aceito. — Digo firme.

Um sorriso surge em seus lábios.

— Acalme-se. Sente-se primeiro. — Ele aponta para a cadeira a sua frente.

Eu faço o que ele pediu, com desdém.

— Eu já imaginava que aceitaria.

— Você sabe o porquê de eu aceitar me submeter a isso.

— Sim, eu sei. Me fere você tratar isso como algo tão ruim. — Indagou seriamente. Ao mesmo tempo parecia que ele estava debochando da minha cara.

— Não seja cínico — aperto os olhos —, em algum momento você chegou a pensar que eu não aceitaria?

— Sim, pensei. Eu não sou tão egocêntrico como você pensa, Alice.

Dante levanta de sua cadeira e vem para perto de mim.

— Já que resolveu aceitar, vou pedir ao meu advogado que faça o contrato. — Arregalo os olhos. Precisava de um contrato? — Essa experiência durará um ano. Você tem alguma restrição?

— Não, tudo bem por mim.

— Tem certeza? Vou falar para ele colocar a cláusula de confidencialidade. — Ele suspira — devemos manter esse contrato debaixo dos panos.

Ergo minha cabeça e tento parecer confiante quando na verdade eu estava apavorada.

— Por que fez isso? — Questiono, mas ele não pareceu entender. — Por que simplesmente não me pediu em namoro ou algo do tipo?

Ele se encosta em sua mesa e coloca as mãos dentro de seu bolso.

— Você é uma pessoa romântica, Alice. Já eu sou prático.

— Como no assim?

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Entre quatro paredes(Completo)