Entre quatro paredes(Completo) romance Capítulo 15

Dante sorriu quando eu entreguei os papéis de volta e guardou todos em uma gaveta na sua mesa. Nós nos encaramos e ele quebrou o silêncio.

— Quero que vá a um jantar comigo. Semana que vem, no Le Ponce. — Disse.

Le Ponce era um restaurante muito caro, ele ficava situado em um bairro muito caro em nova York.

— Eu nem tenho roupa para isso, é um restaurante muito sofisticado.

— Isso não será um problema. Eu providenciarei isso. — Ele dá de ombros.

— Está bem.

Ele estende uma sacola para mim, não era qualquer sacola. Abro a mesma e lá tinha um celular, provavelmente de última geração.

— Este aparelho é para nós nos comunicarmos.

— Parece muito caro, nossa. — Abro a caixa.

— Não foi nada demais. Agora você não terá mais preocupações.

Ele se aproxima de mim.

— A propósito, qual sua cor favorita?

Dante não costumava invadir o meu espaço pessoal, exceto agora. Eu encostei minha costa na poltrona acolchoada, o acento estava quase me engolindo.

— Por que a pergunta? — Ele não responde, continua me olhando. — Eu gosto de azul claro.

— Uhm-uhm — exclama olhando-me nos olhos. — Você tem um cheiro divino. Me faz querer te devorar.

Apertei minhas pernas uma contra a outra. Estamos tão próximos que o seu hálito mentolado batia em meu rosto. Ele segurou meu queixo e olhou para minha boca.

— Como se sente?

— Não muito agradável, como já deve imaginar.

— É melhor que não tratemos essa situação como algo sentimental. É apenas um acordo.

— Pode ter certeza disso.

— Vou levar você para casa, e não pode negar. — Indagou com uma voz rouca, seguido de um sorriso.

O percurso inteiro foi em pleno silêncio, eu já estava ficando incomodada. Dante dirigia sempre sério com uma mão no volante, até mesmo essas coisas comuns me faziam sentir o estomago revirar. O mesmo estava com alguns botões de sua camisa abertos dando visão para o seu peito. Passei as mãos pelo meu rosto ao lembrar de quando o vi apenas de toalha.

— Qual o prazer que você sente em pagar essas coisas para mim? — Quebrei o silêncio.

— Eu já te disse.

— Não disse. Eu fiquei sem entender nada de qualquer forma, Dante. — Disparo.

— Então você só quer uma palavra para definir tudo isso? Está bem, chamaremos de fetiche. — Ele continua olhando para o transito.

Reviro os olhos. Ele exclama um "tcs" percebendo minha expressão.

— Eu apenas gosto de fazer, estou lhe ajudando e me ajudando.

— Não faz sentido. — Digo. — Mas de qualquer forma, obrigada pelo telefone.

— Isso é uma pequena demonstração de tudo, Alice. Você ainda não viu nada.

Uma escuridão misteriosa aparecia em seu olhar toda vez em que ele olhava para mim. Ele realmente não era o mesmo homem por quem eu me apaixonei meses atrás. Dante sempre permanecia sério e calado, eu não sabia nada sobre ele, sobre as coisas que gostava de fazer, sobre a família dele, tinha conhecimento apenas das coisas que os outros falavam. Mas quem ele era de verdade?

Chegamos em frente à minha casa e Dante fez questão de abrir a porta do carro para mim e dar um beijo em minha mão.

— Com o tempo verá que essa proposta foi boa. — Ele me puxa para perto e sussurrou: boa noite, Alice.

Entrei em casa com o coração acelerado. Ele estava sendo tão cavalheiro, olhei para o telefone que me deu, era realmente muito caro. Como já era tarde, Anne estava dormindo, fui para meu quarto e me joguei na minha cama, fiquei o teto até conseguir pegar no sono.

No dia seguinte me aprontei e desci, Anne estava tomando café, ficamos em silêncio depois de um tempo ela parecia inquieta.

— Não vai falar comigo? — Pergunta olhando para mim.

— Para ser ignorada novamente? — Respondo.

— Me desculpe, Alice. Eu me sinto mal por ter dito aquelas coisas a você... — ela me abraça esperando eu retribuir.

— Anne, você citou uma ferida do meu passado como se não fosse nada. Sabe como eu me sentir quando eu só queria proteger você? — Ela umedece os lábios com os olhos marejados. — Nunca mude por causa de homem, eles não valem tanto.

— Me desculpa.

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