Dante sorriu quando eu entreguei os papéis de volta e guardou todos em uma gaveta na sua mesa. Nós nos encaramos e ele quebrou o silêncio.
— Quero que vá a um jantar comigo. Semana que vem, no Le Ponce. — Disse.
Le Ponce era um restaurante muito caro, ele ficava situado em um bairro muito caro em nova York.
— Eu nem tenho roupa para isso, é um restaurante muito sofisticado.
— Isso não será um problema. Eu providenciarei isso. — Ele dá de ombros.
— Está bem.
Ele estende uma sacola para mim, não era qualquer sacola. Abro a mesma e lá tinha um celular, provavelmente de última geração.
— Este aparelho é para nós nos comunicarmos.
— Parece muito caro, nossa. — Abro a caixa.
— Não foi nada demais. Agora você não terá mais preocupações.
Ele se aproxima de mim.
— A propósito, qual sua cor favorita?
Dante não costumava invadir o meu espaço pessoal, exceto agora. Eu encostei minha costa na poltrona acolchoada, o acento estava quase me engolindo.
— Por que a pergunta? — Ele não responde, continua me olhando. — Eu gosto de azul claro.
— Uhm-uhm — exclama olhando-me nos olhos. — Você tem um cheiro divino. Me faz querer te devorar.
Apertei minhas pernas uma contra a outra. Estamos tão próximos que o seu hálito mentolado batia em meu rosto. Ele segurou meu queixo e olhou para minha boca.
— Como se sente?
— Não muito agradável, como já deve imaginar.
— É melhor que não tratemos essa situação como algo sentimental. É apenas um acordo.
— Pode ter certeza disso.
— Vou levar você para casa, e não pode negar. — Indagou com uma voz rouca, seguido de um sorriso.
O percurso inteiro foi em pleno silêncio, eu já estava ficando incomodada. Dante dirigia sempre sério com uma mão no volante, até mesmo essas coisas comuns me faziam sentir o estomago revirar. O mesmo estava com alguns botões de sua camisa abertos dando visão para o seu peito. Passei as mãos pelo meu rosto ao lembrar de quando o vi apenas de toalha.
— Qual o prazer que você sente em pagar essas coisas para mim? — Quebrei o silêncio.
— Eu já te disse.
— Não disse. Eu fiquei sem entender nada de qualquer forma, Dante. — Disparo.
— Então você só quer uma palavra para definir tudo isso? Está bem, chamaremos de fetiche. — Ele continua olhando para o transito.
Reviro os olhos. Ele exclama um "tcs" percebendo minha expressão.
— Eu apenas gosto de fazer, estou lhe ajudando e me ajudando.
— Não faz sentido. — Digo. — Mas de qualquer forma, obrigada pelo telefone.
— Isso é uma pequena demonstração de tudo, Alice. Você ainda não viu nada.
Uma escuridão misteriosa aparecia em seu olhar toda vez em que ele olhava para mim. Ele realmente não era o mesmo homem por quem eu me apaixonei meses atrás. Dante sempre permanecia sério e calado, eu não sabia nada sobre ele, sobre as coisas que gostava de fazer, sobre a família dele, tinha conhecimento apenas das coisas que os outros falavam. Mas quem ele era de verdade?
Chegamos em frente à minha casa e Dante fez questão de abrir a porta do carro para mim e dar um beijo em minha mão.
— Com o tempo verá que essa proposta foi boa. — Ele me puxa para perto e sussurrou: boa noite, Alice.
Entrei em casa com o coração acelerado. Ele estava sendo tão cavalheiro, olhei para o telefone que me deu, era realmente muito caro. Como já era tarde, Anne estava dormindo, fui para meu quarto e me joguei na minha cama, fiquei o teto até conseguir pegar no sono.
No dia seguinte me aprontei e desci, Anne estava tomando café, ficamos em silêncio depois de um tempo ela parecia inquieta.
— Não vai falar comigo? — Pergunta olhando para mim.
— Para ser ignorada novamente? — Respondo.
— Me desculpe, Alice. Eu me sinto mal por ter dito aquelas coisas a você... — ela me abraça esperando eu retribuir.
— Anne, você citou uma ferida do meu passado como se não fosse nada. Sabe como eu me sentir quando eu só queria proteger você? — Ela umedece os lábios com os olhos marejados. — Nunca mude por causa de homem, eles não valem tanto.
— Me desculpa.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Entre quatro paredes(Completo)
Muito linda a história, valeu a pena!...
Amei, amei, amei! História objetiva, linda, detalhes que prendem! Parabéns a autora!...
Amei o livro! História que vale a pena ler até o final...
A hitótia é linda, vale a pena ler, é melhor ainda q ñ é longa....