Meu Homem! Volume 3 da trilogia Doce Desejo. romance Capítulo 12

À noite, Nicole levou as filhas para outro andar da casa e deixou que Alex e Rodolpho subissem com o pai pelo elevador adaptado para cadeirante. Depois de colocar as filhas para dormir, ela espiou pela porta do quarto dos gêmeos. O pai dedicado contava mais uma história dos super-heróis favoritos dos filhos.

Eram quase onze horas da noite e Nicole já estava deitada de barriga para cima, olhava para o teto e pensava sobre como conversaria com Alexander sobre Marcelly. Não podia tapear a filha como fazia nos primeiros meses em que a menina sentiu falta da mãe biológica.

Levantou a cabeça logo que a porta se abriu e afundou no travesseiro, em seguida. Imersa em seus pensamentos, vasculhou um jeito de convencer o esposo a deixar Marcelly visitar a mãe.

Alexander percebeu a indiferença no silêncio que se prolongava. Após transferir o peso do corpo da cadeira para cama, deitou de lado. Os olhos claros estudavam os traços aflitos da mulher ao seu lado. Pensou que foi um pouco rígido com Nicole logo depois que Claire revelou sobre os atos reflexos.

— Você ainda está zangada comigo?

— Não!

— Olhe para mim! — Ergueu-lhe o queixo com o dedo indicador. — Ainda está com ciúme da Claire?

— Claro que não! — Empurrou a mão dele e fingiu não se importar.

Ele percebeu quando Nicole se afastou, se sentiu mal por vê-la daquele jeito. Mentalmente, amaldiçoou o momento em que a doutora Werneck tocou naquele assunto.

— Estou preocupada com a Marcelly — confessou a voz mirrada. — Ela estava triste.

— Não tem motivos para ela ficar triste. Amanhã vamos preparar uma festa para ela.

Alexander tirou os óculos e esticou o braço para colocar na cômoda ao lado de Nicole e a puxou para junto do corpo.

— Marcelly perguntou sobre a Josephiné — balbuciou.

— Você conversou com ela? — Os olhos claros a fitaram.

— Sim, eu expliquei do jeito que combinamos.

— Então, por que você está tão preocupada?

— Marcelly quer visitar a mãe.

— Não! — respondeu, a voz gutural.

— Por que não, Alexander? — Mirou o olhar sombrio do marido.

— Aquela mulher atirou em mim e quase matou você. — Cerrou os olhos. Aquela amarga lembrança ainda estava em seus piores pesadelos. — Agora só falta o Rodolpho querer ver a Joanna e você permitir.

— Não misture as coisas, Alexander! O Rodolpho nem se lembra que a Joanna existe. Eu quero que ela pague pelo que fez desde o dia em que o meu filho confessou que ela batia nele e fazia ele pedir esmola.

— Quando ele disse isso, Nicky? — perguntou a voz cavernosa.

Os fios curtos caíram ao lado da testa franzida logo que Alexander a encarou.

Ela pegou o enfeite da mão do marido e seguiu até a cozinha para ver se faltava algo. Chegou mais perto da mesa e olhou os sanduíches na bandeja prata, ia pegar um quando sentiu, em seu quadril, as mãos fortes que a puxaram direto para o colo.

— O que você está fazendo? As crianças podem ver!

— Odeio quando brigamos. — Enterrou o rosto no pescoço dela. — Amo tanto você! Me perdoe?

Nicole fez que sim com a cabeça e acarinhou-lhe o queixo com um furinho no meio.

— Eu também tenho que te pedir desculpas! — Ajeitou-se em seu colo.

— E?

— Mais tarde eu faço um pedido formal!

— Se você se expressar com todo o seu corpo e a sua alma, talvez eu te perdoe!

O rosto dela corou assim que Jenny entrou no recinto.

— Eu hein! Parece que estou em um eterno looping. Por que vocês sempre estão de agarramento na cozinha? Eca! — Fez uma careta. Jenny deu alguns passos na direção da mesa e pegou um sanduíche. — Qual o problema de vocês?

O som rouco da gargalhada de Alexander ecoou pelo ambiente. O coração de Nicole se agitou ao vê-lo tão feliz. Aquele homem à sua frente mal lembrava o esposo que ficou na cama por dias. Mentalmente, ela agradeceu por vê-lo tão bem.

Copyright © 2.021 por Ana Paula P. Silva.