Meu Homem! Volume 3 da trilogia Doce Desejo. romance Capítulo 18

O edifício do hospital psiquiátrico Viva Well tinha uma fachada verde e era cercado por alguns painéis brancos que traziam uma certa estabilidade para os pacientes e uma vaga lembrança da sensação de estar em casa.

Durante o tratamento, Josephiné ficou presa no hospital onde recebeu atendimentos diários. Além da terapia com psiquiatras e psicólogos, também recebia todos os cuidados na alimentação e medicação.

Pela manhã, a maioria dos pacientes participava das diversas recreações e atividades ao ar livre nos jardins. O sol iluminava as copas frondosas da vegetação que embelezava o pátio do prédio. Fazia algum tempo que Josephiné não tinha contato com outras pessoas. Os olhos de safira examinavam a paisagem através do vidro.

Uma das enfermeiras abriu a porta e avistou a silhueta fina das costas da mulher comprida e pálida. Esperou até que uma policial atarracada adentrou no recinto.

— Bom dia, Josephiné! — A enfermeira cumprimentou.

Josephiné não se moveu, permaneceu quieta enquanto mirava os pacientes que realizavam suas costumeiras atividades.

— Tome os seus remédios.

A mulher de estatura mediana separou um dos copinhos com três comprimidos: azul, rosa e branco.

— Você precisa tomar a medicação — insistiu a enfermeira. — Está quase na hora da sua consulta com o doutor Becker.

— O que está acontecendo, Josephiné? — indagou a policial com os cabelos presos em coque. — Não tenho o dia todo — disse num tom firme.

Sem pressa, Josephiné ajeitou a blusa azul e virou-se bem devagar. Pegou o copinho, colocou um dos comprimidos na boca, bebeu a água e, em seguida, levantou a língua para a enfermeira averiguar.

— Tudo certo? — A policial projetou o queixo.

— Sim! Ela tomou.

— Já posso colocar as algemas?

— Acho desnecessário, ela é tão quieta. — A enfermeira lançou o copo descartável na lixeira.

— Você é ingênua, Rose! Todo cuidado é pouco.

Após algemá-la, a policial conduziu a prisioneira até a clínica psiquiátrica no andar inferior. Josephiné atravessou a porta e adentrou o consultório. Fachos de luz iluminavam a sala enquanto a enfermeira abria as persianas. Josephiné passou a mão nos pulsos logo depois que a policial retirou as algemas.

— Bom dia!

O homem alto com um aspecto vigoroso entrou na sala. Doutor Charles Becker atendia os prisioneiros da ala psiquiátrica há mais de cinco anos. Ele retirou o paletó marrom e colocou no gancho abaixo da prateleira com alguns livros organizados em ordem alfabética.

— Bom dia, doutor! — A enfermeira suspirou involuntariamente. — A Josephiné já está medicada.

— Obrigada, Rose!

O psiquiatra colocou a pasta de couro em cima da mesa branca, retirou algumas folhas, uma caneta bico de pena e um bloco de notas. Ele coçou o cavanhaque preto ao olhar a estante branca atrás da mesa e arrumou um exemplar de capa dura de Freud que estava inclinado.

— Bom dia, Josephiné! — Dirigiu-se à mulher com cabelos platinados abaixo dos ombros. — Acompanhe-me, por favor!

Charles seguiu até um canto da sala onde havia uma poltrona estofada por um tecido cinza-claro.

— Sente-se, por favor! — Charles apontou para o divã branco à frente dele.

Josephiné mirou o olhar severo da sargento Fraga, permaneceu em pé.

— Você não ouviu o doutor? — A policial alterou a voz. — Senta aí!

O psiquiatra coçou o ouvido e encostou-se na poltrona. Embora ele soubesse os motivos que a levaram à prisão, pensou que aquela mulher não oferecia tanto perigo.

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