Minha Amada Ômega romance Capítulo 121

EVANGELINE.

A porta se fecha atrás de nós e ficamos em uma das grandes salas de estar do palácio. Uma fonte em cascata está encostada na parede, se abrindo até o centro da sala e curvando em um dos arcos que levam para fora dela.

Espero ter feito a escolha certa ao pedir para vê-lo. Afinal, já preparei essas perguntas por tempo suficiente e já era hora!

"Seja o que for, vamos direto ao ponto." Ele diz friamente ao fechar a porta.

Dou um passo à frente, sabendo que ele claramente não gosta de jogos ou de enrolação, então vamos lá.

"Em nome de Selene, peço seu perdão. Por favor, acabe com a punição dela. Nós precisamos..."

Seus olhos se tornam sombrios quando sua ira se torna aparente, explodindo de fúria pelo olhar.

"Impossível." É tudo que ele sibila.

"Vossa graça fala sobre o que é melhor para todos, porém se recusa a olhar sobre as desavenças do passado... Selene lhe desobedeceu, entretanto, mesmo depois de tantos anos, não é capaz de perdoá-la?"

Ele permanece em silêncio, apesar de sua raiva ser evidente pelo olhar.

Sua expressão é de indiferença também, mas seus olhos parecem como galáxias sem fim de estrelas. Tão profundos que não parecem ter um fundo, é possível olhar para eles eternamente... Até me sinto puxada em direção a eles...

Zedkiel coloca a mão em meu ombro e eu sou surpreendida, ofegante. Dou um passo atrás e Zedkiel suspira, me observando de perto.

Há mais no Deus Eterno do que eu sei, muito mais...

"Já lhe dei alertas e chances quanto pude, mas ela insiste em permanecer no erro. Tive de utilizá-la como uma mensagem para os outros, um exemplo, de que quaisquer pecados serão punidos." Ele diz, com veneno pingando em suas palavras ao desviar o olhar.

Posso dizer pela forma que suas narinas dilatam ou pela rigidez em seu maxilar que só de falar dela já o enfurece.

"Ela amou alguém... Isso não é um pecado." Respondo.

"O amor é uma ilusão para uma tentativa desesperada de encontrar uma fonte de distração. Somos deuses, não meros mortais para isso." Ele responde, posso sentir pela sua voz que ele tem certeza nisso.

Não sei se deveria ficar triste por ele ou não, não parece exatamente o tipo de pessoa a se sentir mal, porém, uma vida sem amor é uma vida triste.

"O senhor não conhece o amor, vossa majestade." Digo silenciosamente, mesmo com o nó no meu estômago tentando me impedir. Cerro os punhos em minha cintura e respiro fundo. "Não pode dizer que uma das sensações mais belas deste universo é uma mera distração, a menos que nunca tenha a sentido."

Ele olha para mim com ódio no olhar, não conseguindo mais esconder sua raiva, e sei que isso o ofendeu.

Seu olhar se volta para minhas mãos cerradas antes de franzir a testa profundamente e olhar para nós dois.

"Chegamos ao fim da discussão, já lhes dei tempo suficiente. Meu parabéns em se tornar deusa de um erro amaldiçoado. Estou me retirando." Ele diz, se virando bruscamente até a porta, porém Zedkiel dá um passo a frente.

"Então pelo menos acabe com a maldição que não fomos responsáveis. Se quer tornar Selene um exemplo, ótimo, faça, mas não deixe inocentes sofrerem pelo que não pagaram..." Zedkiel rosna para ele. O Deus Eterno não parece ter ouvido, muito menos sentir vontade de falar com ele.

Ele está quase na porta quando Zedkiel fala novamente. "Ou irá recusar a admitir que passou do ponto, como um covarde persistindo no erro?"

Meus olhos se arregalam quando o Deus se vira, seus olhos parecem ficar ainda mais sombrios quando se vira para Zedkiel. Começo a tremer pensando no fim que isto pode levar.

"Não me provoque, Lycan, fiz o que foi necessário! Já havia um mal criado por Selene antes de minha maldição! A maldição que pus sonhe vocês não pode ser quebrada, não por mim. Se quer quebrá-la, deve ser por seus próprios princípios, maldições foram feitas para resistir ao tempo e ao poder."

Pelo menos ele voltou para ouvir, mas está claro que não nos ajudará.

"Então nos dê alguma orientação. Sei que não quer perdoar Selene, mas deve haver algum jeito de quebrar a maldição sem ela. Zedkiel e eu precisamos voltar para a terra, existem assuntos que devemos retificar." Digo logo em seguida.

"Não pode mais retornar para a terra. Seu dever é e sempre será aqui, Deusa da Luna." Sua voz é áspera, gélida e sem emoção.

"Não. Tem que haver outro jeito, deve existir alguma forma dela lidar com seu dever de Deusa e ser minha Rainha na terra, ao mesmo tempo." Zedkiel continua.

O Deus Eterno levanta uma sobrancelha.

"O que eu afirmei é a verdade. Você retornará para a terra, mas sem ela. Ela reivindicou seu lugar neste reino como Deusa da Luna e, se quebrar os princípios divinos, como sua mãe, ela pagará o preço."

Suas palavras me enchem de pavor. Tudo que fiz foi para voltar para Zedkiel, e nem isso poderei.

"Tem que haver uma forma que eu possa voltar para a terra. Tenho assuntos inacabados por lá, não posso retornar nem por um momento?" Pergunto, com a fúria de Zedkiel crescendo, sei que não posso prometer algo que irá lhe irritar. Mesmo que eu queira ser egoísta, querendo que ele fique aqui comigo para sempre.

"Isso é o que iremos descobrir, com ou sem ele." O Deus Eterno diz, com os olhos brilhando em perigo. "Existe sim uma forma de retornar."

"Só há uma maneira de você retornar: passar o manto para outro que seja digno e forte o suficiente para deter esse título. Alguém... Que seja de seu próprio sangue."

'Ele quis dizer... Evelyn?' Zed murmura em minha mente. 'Quer dizer, eu consigo vê-la aqui em cima planejando torturar pessoas.'

Quase sorrio, mas também sei que não posso forçá-la a assumir esse fardo para minha própria felicidade. Mesmo que isso quebre a maldição.

"Selene..." Murmuro.

"Selene não está mais apta para isto! Seu tempo como deusa chegou ao fim, ela caiu em sua própria desgraça e jamais será livre novamente!" Ele ruge.

Minha cabeça está latejando. É claro que ele não vai ouvir.

"Que tal você só nos dizer o que podemos fazer por você em troca da liberdade dela e do retorno de Evangeline para a terra?" Zedkiel vai direto ao ponto. "Sempre tem um jeito, vocês sempre querem algo."

"Nada! Não há nada que vocês possam me oferecer." Ele sibila de volta.

Ambos se encaram e eu fico na frente de Zedkiel protetoramente.

"Por favor, vossa majestade, eu entendo que tenho um dever aqui e farei o que posso antes de ir, mas..."

"Você cumprirá os deveres dos últimos dez mil anos em apenas alguns dias?" Ele ri amargamente. "Rebaixa tanto um Deus assim?"

"Então me permita um curto tempo na terra..." Sussurro, sentindo o desespero subir em mim. "Por favor, para nos ajudar a salvar vidas inocentes de um derramamento de sangue desnecessário. Precisamos acabar com esta maldição, é nossa última chance."

"Nem consegue ver o que está diante de seus próprios olhos! O que lhe faz pensar que pode superar esta maldição?" Ele pergunta, encarando perigosamente Zedkiel durante a pergunta.

"Sim, nós cometemos erros porque não é como se tivéssemos qualquer ajuda do além!" Zedkiel protesta de volta.

"E por que devemos ajudar? Não é nosso dever. Lembrem-se que há sempre um preço a se pagar pelos crimes de sua antiga Deusa, peçam qualquer coisa e posso lhes oferecer, em virtude ao seu dia especial. Mas lembrem-se, seu retorno e a liberdade dela estão fora de questão."

"Por favor... Sua raiva por Selene pode ser justificada, mas é por causa de sua raiva e ira que os outros sofrem no fim da história! Minha irmã, Evelyn, por exemplo, amaldiçoada pela eternidade para viver memórias dolorosas vida após vida! Como pode dizer que esta é a coisa certa a se fazer?" Começo a levantar a voz, mesmo que tentando me acalmar.

Zedkiel coloca a mão nas minhas costas, mas não consigo me acalmar.

"Tem um pedido... Pode escolher o que for, com minhas limitações." O Deus Eterno diz em um sussurro.

'Ele não vai ouvir. Peça outra coisa.' Zedkiel murmura em minha mente.

Eu franzo a testa, o que mais posso perguntar?

"O que eu quero... É uma resposta para uma coisa."

"Então diga." Ele diz sem emoção.

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