Minha Amada Ômega romance Capítulo 97

ZEDKIEL.

Aquele era um dia do qual sempre me lembrarei.

A ameaça que ela havia feito... ela estava falando sério.

Foi repugnante vê-la imitar o comportamento tímido de Evangeline, vê-la adotar todos os seus hábitos, só quando contei a Kash o que aconteceu, ele acreditou em mim.

A noite já tinha caído e ela dormia ao meu lado. Apesar de estar furioso, minha mulher estava lá dentro em algum lugar.

Lamentava que as últimas palavras que havíamos trocado foram movidas pela raiva. As dela doeram como se uma adaga atravessasse meu peito, mas para manter minha sanidade, disse a mim mesmo que não era ela quem falou aquelas palavras duras.

Minha Evangeline sabia que ela significava muito para mim. Ninguém mais me importava, apenas ela. Eu faria qualquer coisa por ela. Qualquer coisa.

'Se fosse não tivesse sido tão gentil com aquela mulher! Nossa companheira não teria se machucado!' Zarachiel rosnou com ressentimento.

Sua ira me queimava como veneno, enquanto a culpa me rasgava por dentro.

Eu sabia que tinha errado, porém nunca quis que aquilo acontecesse. Eu estava apenas tentando fazer a coisa certa.

Então me sentei, encostando-me na cabeceira da cama para observá-la dormir.

Eu me sentia vazio... havia um buraco dentro de mim que precisava de Evangeline para preenchê-lo. Sua rejeição me entorpeceu, mas ao mesmo tempo, não consegui explicar a dor esmagadora que se alastrava por mim.

Se eu pudesse voltar no tempo, mudaria tudo, contudo as dúvidas ainda me consumiam. Eu passei a maior parte da minha vida sozinho e isso impediu que eu enxergasse que eu era bom... Mas era mesmo?

O que eu realmente fiz por ela?

Nada.

Ela não queria nada comigo. Como ela foi capaz de me abandonar com tanta facilidade?

'Pare com isso! Lembre-se, estamos fadados ao fracasso, você deve fazer a coisa certa...' Zarachiel rosnou, interrompendo meus pensamentos.

Porém, como poderia concertar as coisas?

A fúria no meu interior fervilhava, aumentando a cada minuto, eu sabia que não era de Zarachiel, a raiva era minha. Além disso, o ódio pela mulher que ocupava o corpo da minha mulher, não estava apenas crescendo, estava ficando cada vez mais forte.

Meu coração estava a milhão e meus olhos tinham um brilho vermelho enquanto eu contemplava a lua.

O que significava ser a deusa?

Qual era o poder de Evangeline para ela ter sido jogada no abismo de sua mente tão facilmente?

Onde estava o poder da Deusa da Lua quando precisávamos dele?

'Zarachiel… diga-me por que Evangeline tinha visões em que eu a matava... por que a mato? Não consigo me imaginar sendo capaz de fazer isso... mesmo que seja Evelyn em seu corpo. Não posso machucá-la.' O indaguei, na esperança de conseguir compreender algo.

Eu precisava de algo ou que alguém me dissesse que não era o fim, que ainda não a perdera. Enfim, que havia esperança.

Podia sentir a raiva se infiltrar e sangrar por mim, lentamente corroendo o controle que tinha sobre ela. A raiva não me levaria a lugar algum e estava tentando manter isso em mente.

Zarachiel ficou em silêncio por uns instantes antes de soltar um suspiro. ‘Eu não sei de tudo... mas você sempre acaba matando ela... talvez porque no final ela não esteja mais lá... porém, ainda assim, ela é nossa companheira, elas são nossas companheiras... você não pode matá-la, pelo bem dos outros.” Sua voz estava cheia de angústia, a qual era acompanhada por uma dor insuportável se instalou no meu peito, ao ponto de eu querer arrancar meu próprio coração e pôr um fim ao sofrimento.

Eu sentia a angústia dele e logo a dor passou.

'Ela disse que Evangeline iria se sacrificar por ela…'

A raiva dele aumentou enquanto a dor da traição torcia minhas entranhas.

Eu não fui o suficiente para fazê-la ficar... Ela nunca quis esta vida ou eu...

A escuridão se espalhava, mas eu notei que ela estava se esforçando muito para quebrar a maldição... ou melhor, maldições.

Eu precisava lutar também...

Soltei um suspiro pesado, cerrei os olhos na esperança de me concentrar e manter a calma.

Massageei minhas têmpora, pensando no que poderia fazer.

'Nossa companheira nos deu a resposta.' Zarachiel murmurou, sem esconder sua óbvia irritação.

'Eu sei... mas como podemos fazer o que ela quer? Ela queria ir até o reino dos deuses. Como faço para chegar até lá e o que aconteceria com ela? O que acontecerá com ela com Evelyn no comando? Não acho que seja uma boa ideia.'

'Só ela pode ir para o reino… Não pode ser qualquer um, teremos que dar um jeito. Deve haver uma maneira, use seu cérebro.' Zarachiel respondeu pensativamente.

Eu franzi a testa, mas não disse mais nada. Estava muito grato por pelo menos tê-lo ao meu lado. Alguém para me ajudar a mantes minha sanidade. No entanto, eu realmente esperava que ele entendesse o quanto eu queria Evangeline de volta. Não só isso... mas eu precisava dela.

'Eu sei disso, mas vocês dois são tolos! Impulsivos! Estúpidos!' Ele rosnou.

'Já entendi! Você odeia que façamos besteira, mas se você tivesse me contado ou me avisado antes, as coisas poderiam ter sido diferentes. Você não acha que piorou as coisas? Ao invés de me guiar e me ajudar, durante toda a minha vida você me ignorou.' Eu rebati.

Nós dois podíamos ficar nesse jogo de um culpar o outro para sempre, mas era para ele fazer parte de mim.

Um silêncio recaiu entre nós e senti um peso se instalar dentro de mim, me oprimindo.

'Você acha que só você está preso a essas maldições?'

Eu franzi a testa ligeiramente.

'Estou preso... Um prisioneiro que é obrigado a ver sua estupidez por toda a eternidade.'

Eu compreendia a situação... podia ver o efeito da maldição agir sobre nós. Quando Evangeline me empurrou, aquela raiva que veio dela, não veio sozinha, também havia medo e surpresa em seus olhos... como se ela não tivesse a intenção de fazer aquilo.

Ela não fez isso.

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