Minha Luna Destinada romance Capítulo 3

Naquela noite, não consegui dormir, chorando até não me restarem mais lágrimas, e apesar disso, não tinha sono. A angústia me consumia e uma dor aguda atingia meu coração, em intervalos. Por fim, sentei-me na cama e olhei pela janela, avistando o céu noturno, imaginando quando tudo isso terminaria, esperando ter um tempo de todas as aflições da minha vida.

"Carrot!" Alguém bateu apressadamente na minha porta: "É melhor você não estar dormindo." Eu me arrastei para fora da cama, quando minha porta se abriu, batendo contra a parede: "Você não me ouviu bater?" Sylvia gritou, apontando um dedo para mim.

"Eu já ia abrir a porta", murmurei, esfregando os olhos e com o coração acelerado.

Sylvia era a chefe de um grupo ômega, ao qual eu pertencia, e mesmo ali, eu era um pária. Red Lake tinha um total de setenta e quatro lobisomens, liderados pelo Alfa Howard e a Luna Grace. Apesar do nosso pequeno tamanho, a alcateia de Red Lake tinha betas e ômegas, unidades menores na alcateia principal, liderada por um alfa ou um beta. Sylvia chefiava a menor unidade da alcateia principal, ômega, por ser ela o beta mais fraco em Red Lake. A sub-alcateia incluía ômegas... e eu. Ela me odiava.

"Com quem você tá falando?" Ela zombou, fechando a porta.

"Me... me desculpe." Eu abaixei minha cabeça, com a garganta queimando.

Doía abaixar a cabeça para essas pessoas o tempo todo, fazia minhas entranhas se contorcerem e minha pele apertar, mas não tinha escolha. Na alcateia de Red Lake, eu era o elo fraco, a última das últimas, então tive que ceder, ou então levaria uma surra e passaria fome por dias.

"Você deveria mesmo se desculpar, " brincou Sylvia, com os punhos cerrados ao lado do corpo. Havia ficado claro que ela queria me bater e, por isso, me preparei para proteger meu rosto, mas para minha surpresa, ela não o fez. Em vez disso, seus lábios se curvaram e ela me olhou da cabeça aos pés, antes de deixar escapar um som de desgosto: "O Alfa quer ver você." Senti meu coração no estômago, enquanto minha mente acelerava.

"P-Por quê?" Eu perguntei com um suspiro, mas foi um erro.

"Garota boba!" Sylvia berrou, me apressando. Era uma mulher enorme, mais que o triplo do meu tamanho, então quando correu na minha direção, eu, claro, caí para trás, estremecendo ao bater meu cóccix e ao mesmo tempo sentindo seu punho me atingir.

"Quem é você pra me questionar?" Ela gritou: "Vou colocar algum bom senso em você. O que te dá o direito de agir de forma tão presunçosa? Como ousa me questionar, quando digo que o Alfa quer te ver!?" Ela pontuou cada palavra com um golpe, em meu rosto, meu peito, meu estômago, ela me batia em todos os lugares e eu não tive coragem de bloquear minha face.

Fiquei imóvel no chão e me recolhi ao interior da minha concha. Dentro dela, não sentia nada. Ela batia no meu corpo, mas eu não sentia nada, me xingava, mas não ouvia nada. Na minha concha, o mundo desaparecia e eu estava segura e protegida – longe do sofrimento que enfrentava diariamente.

"Você tá morta?" Sylvia saiu de cima de mim, sacudindo meus ombros com mais força do que o necessário.

"Não," respondi. Não importava que eu desejasse estar morta – eu ainda estava viva.

"Bom," ela disparou: "É tarde demais pra morrer agora." Com essas palavras sinistras, ela me arrancou do chão e me colocou de pé, mas meus joelhos cederam e eu caí novamente. "Pelo amor da deusa!" Ela me arrastou de volta para ficar em pé: "Anda logo! Não deixe o Alfa esperando!"

"Tá bom," eu murmurei, alisando meu vestido.

"Você... isso..." Seus olhos brilharam novamente e parecia que ela estava prestes a me bater de novo: "Lave o rosto antes de ir," ela rosnou para mim, antes de sair, fechando a porta.

Todos os cômodos da casa da alcateia tinham banheiros, exceto o meu. Cada membro ficava na casa de graça, exceto eu. Tive sorte de ter um quarto, mesmo com a porta quebrada, onde não havia nada além de uma pequena cama, feita para uma criança.

Eu ri, enquanto limpava meu rosto com um pano molhado, e sangue escorrendo pelo meu nariz. Não restava muito humor no meu mundo - apaga, não havia humor nenhum. Ontem à noite, a única esperança que eu tinha de ser feliz foi tirada de mim e agora parecia que não tinha razão para viver. Estava doente e cansada, principalmente cansada, e só queria fechar os olhos e abraçar a escuridão para sempre. Uma parte de mim sabia que era perigoso ter tais pensamentos, mas não me importava, nada mais importava.

Desci as escadas e encontrei a chefe de cozinha da alcateia, Amanda, subindo. Pela maneira como seus olhos brilharam de raiva quando me viu, eu sabia que estava ali me procurando.

"Você!" Ela apontou sua colher de madeira, marca registrada, para mim: "Você esqueceu que tá de serviço na cozinha com a Fátima hoje?" Ela gritou.

"O Alfa mandou me chamar," eu respondi em um tom monótono.

"Ah..." Um olhar estranho surgiu nela: "Você tá bem?" Uma emoção curiosa cruzou seu rosto. Olhei para ela por um segundo após o outro. Era a primeira vez que alguém perguntava sobre meu bem-estar e por isso eu não sabia como responder.

"Sim," eu respondi e então segui meu caminho, quando uma mão agarrou meu bíceps, me parando.

"Carrot, o que aconteceu?" Eu então reconheci o olhar dela, era preocupação e pela primeira vez, vi isso dirigido a mim.

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