Minha Noiva É Uma Grande Chefe romance Capítulo 522

As palavras de Nereu continham um certo tom de zombaria.

Não era de se estranhar que ele menosprezasse a família Cardoso, afinal, aquilo era algo que pertencia à família Samaio e tinha sido roubado por tantos anos sem progresso. E agora, ainda tinham a audácia de desejar aquilo de volta.

Roubar tinha se tornado uma tradição, pelo visto.

Luciana, por outro lado, podia entender. Afinal, coisas passadas de geração em geração são vistas pelos descendentes como se fossem de sua própria família, naturalmente.

Mas se a família Cardoso já possuía a tecnologia de seres biomecânicos e tinha o contrato em mãos, por que eles buscavam a colaboração da família Tavares, ignorando o que estava mais próximo?

Ou será que nem mesmo as pessoas da família Cardoso entendiam o texto do contrato?

“Tio, esse contrato é da família Cardoso com quem?” Luciana perguntou.

Nereu baixou os olhos por um momento antes de responder com voz grave, “Na verdade, foi a família Samaio que redigiu esse contrato. Ele contém todos os conceitos técnicos sobre seres biomecânicos. Então, depois que foi roubado pela família Cardoso, a família Samaio não buscou redigir um novo contrato para buscar colaboração, mas sim começou a pesquisar por conta própria. Mas, é preciso dizer, esse projeto acabou sendo deixado de lado.”

Nereu não revelou com quem seria a cooperação, mas Luciana entendeu.

Algumas das Famílias Antigas trabalham para o governo, e esse parceiro de cooperação, provavelmente, seria o próprio governo.

Ela não perguntou mais, saber o conteúdo do contrato já era suficiente.

A tecnologia de seres biomecânicos de outrora já não era mais considerada um segredo, pois Luciana já sabia disso desde pequena.

Sua mãe lhe contou sobre a Empresa de Biotecnologia Biomimética, mas não entrou em detalhes, nem permitiu que Luciana se envolvesse.

Apenas passou algumas informações confidenciais para a família Tavares desenvolver.

Após a morte de sua mãe, ela permaneceu no Celeste de Harmonia Tropical e não tocou no assunto dos seres biomecânicos.

Agora, Luciana também estava certa de que a necessidade da família Cardoso de colaborar com a família Tavares era para recuperar essa tecnologia.

“Entendi, tio, obrigada.” Luciana guardou o caderno.

Nereu também deixou de lado a seriedade que não combinava com sua natureza, revelando um leve sorriso, “Quer comer algo? Eu te convido.”

Luciana balançou a cabeça, “Melhor não, você deveria pensar em como acalmar o velho senhor e recuperar seu cartão.”

“Sua malandra, foi você que foi reclamar para o seu avô e fez ele bloquear meu cartão.” Nereu suspirou, “E eu que estava tentando ser gentil.”

Luciana corou, lembrando-se daquela noite de memórias cor-de-rosa, e colocou seus óculos escuros, “Meu tio está me esperando para almoçar, tenho que ir.”

“Tudo bem, tudo bem, prefere ele a este seu tio, pode ir.” Nereu acenou, sinalizando que Luciana podia partir.

Mas ele não se levantou.

Luciana sorriu e levantou-se para sair.

Quando saía, cruzou com uma mulher elegante, cuja aparência deixava claro que era alguém de grande riqueza ou prestígio.

As duas se cruzaram e Luciana sentiu o aroma de um perfume que ela mesma havia criado, “De Repente”.

Quando o perfume foi lançado, foi comprado por um vendedor misterioso, e mais tarde ela descobriu que esse vendedor misterioso era, na verdade, a família Samaio!

A mulher também olhou brevemente para Luciana, mas rapidamente desviou o olhar, sem mostrar maior interesse.

Luciana diminuiu o passo, e ouviu a voz da mulher atrás dela — “Irmão, é mesmo você? Te vi de fora e reconheci, o que faz sentado aqui? Um encontro?”

“Sem Nair por perto, com quem mais eu teria um encontro? E você, o que faz aqui?”

Luciana deixou o café, já tendo uma ideia da identidade daquela mulher.

A senhorita da família Samaio, Zenilda.

Zenilda estava sentada em frente a Nereu, virou a cabeça para observar Luciana, que já havia se afastado, e perguntou com um sorriso, "Irmão Nereu, aquela criança que acabou de sair é a afilhada que nosso pai reconheceu, Luciana?"

Nereu bebeu o café como se fosse água, respondeu com uma voz grave, "Não é da sua conta."

Zenilda se sentiu um pouco magoada, "Irmão, eu só queria ajudar de alguma forma, por que você me afasta tanto? Eu só queria conhecer Luciana, afinal, somos uma família."

Ela tinha até alterado o teste de paternidade!

Assim que Zenilda obteve o resultado do teste de paternidade no hospital, soube que Luciana era filha de Luciele, que havia desaparecido há trinta anos da família Samaio.

Depois de tanto tempo desaparecida, por que ela tinha que aparecer agora!

Zenilda estava inconformada, já era suficiente ter Nair causando-lhe sofrimento, agora uma neta de sangue retornando tornaria sua posição na família Samaio ainda mais precária.

Ela então alterou o relatório, tornando impossível o retorno de Luciana à família Samaio.

E agora, mesmo sem a identidade de sangue, Luciana se tornou uma afilhada.

Por que tudo era tão injusto!

Ela cuidava da família Samaio com dedicação, por que ninguém a apreciava!

Nesse momento, uma voz soou atrás de Zenilda, "Senhorita do Sul, olhar não fará com que as pessoas voltem."

Zenilda se virou surpresa e viu uma mulher sensualmente atraente com cabelos longos que cobriam parcialmente seus ombros, sentada onde Nereu estava antes.

"Quem é você?" Zenilda perguntou, cautelosa.

A mulher sorriu sedutoramente, acenou para a mesa e disse, "Sente-se, vamos conversar com calma."

Zenilda olhou ao redor e, não percebendo nada de anormal, sentou-se, mantendo-se ainda um pouco desconfiada. "O que você quer dizer?"

A mulher pediu um café americano, deu um gole e, parecendo ainda desejar mais, lambeu os lábios. "Deixe-me apresentar, meu nome é Cinco Venenos."

Zenilda ficou chocada!

Essa mulher era a Cinco Venenos.

Mas, Cinco Venenos não era um homem?