Minha Noiva É Uma Grande Chefe romance Capítulo 628

A família Vasconcelos tinha vivido momentos tensos.

Renata acabara de buscar Clarissa Vasconcelos na escola e estava prestes a se aconchegar para um lanche da tarde improvisado enquanto assistiam a um anime.

Foi quando a campainha começou a tocar incessantemente.

“Babá Zuleica, quem é?”, perguntou Renata.

Babá Zuleica gaguejou, “Senhora, talvez seja melhor a senhora mesma verificar, é que...”

Ouvindo a hesitação na voz de Babá Zuleica, Renata hesitou por um momento, mas acabou deixando o lanche de lado e levantando do sofá.

Enquanto caminhava, perguntava, “Quem é, afinal? Por que todo esse mistério...”

Mas, ao chegar perto da porta, seus passos e expressão se congelaram, e as palavras se prenderam em sua garganta, sem saber o que dizer.

A cena diante de seus olhos era tão chocante que ela ficou sem palavras.

Clarissa correu até ela, “Mamãe, o que houve? Ei, essa pessoa é um mendigo?”

Clarissa observou a pessoa parada à porta, com cabelos desgrenhados como os de um leão e o rosto tão sujo que mal se podia discernir suas feições, além de roupas que exalavam um odor nauseante.

À primeira vista, parecia mesmo um mendigo.

O que causava mais medo, porém, era a cicatriz feroz e assustadora no rosto da pessoa.

Ao ouvir Clarissa, a pessoa à porta de repente se ajoelhou, chorando e gritando: “Tia, finalmente eu te encontrei!”

Clarissa, assustada, instintivamente se agarrou a Renata.

Renata então voltou a si, entregou Clarissa para Babá Zuleica e se aproximou, agachando-se para arrumar o cabelo do mendigo, “Doralice, como você ficou assim?”

A mendiga diante dela era Doralice Cardoso, a filha mais velha da família Cardoso, sobrinha de Renata!

Doralice chorava convulsivamente, com lágrimas marcando rastros em seu rosto, o que a fazia parecer um tanto ridícula.

“Tia, eu finalmente te encontrei, finalmente te encontrei!”

Doralice repetia a frase várias vezes, quase se prostrando no chão em desespero.

Renata nem sequer teve tempo de fazer mais perguntas, e rapidamente pediu a Babá Zuleica para preparar água para um banho e roupas novas.

Depois de se banhar e trocar de roupa, Doralice finalmente parecia mais com sua antiga aparência.

No entanto, a cicatriz em seu rosto, por falta de tratamento adequado, ainda estava vermelha e inflamada, com a pele virada para fora, as bordas pretas e vermelhas.

Mesmo com Doralice agora limpa, Clarissa ainda estava assustada.

E não era só Clarissa; até Renata tinha dificuldade em aceitar aquela visão.

Os olhos de Doralice ainda estavam vermelhos, mas ela finalmente parou de chorar.

Babá Zuleica trouxe um prato de sopa quente, “Senhorita, por favor, coma algo.”

Doralice assentiu, obviamente havia muito tempo que não comia, e começou a devorar a comida com voracidade.

Ela comeu tão rapidamente que quase se engasgou.

Renata lhe passou um copo de suco fresco e gentilmente bateu em suas costas, “Coma devagar, não precisa se apressar.”

Doralice hesitou, e as lágrimas começaram a cair novamente, “Tia, eu pensei que nunca mais iria te ver.”

A emoção a superou, e ela não conseguiu continuar comendo.

Antes, Renata se sentia desapontada com todos da família Cardoso, especialmente com Doralice.

“Então, eu e Laureano fomos expulsos por não pagar as mensalidades. Pensamos em vender a casa no exterior para converter em dinheiro vivo e voltar para o Brasil, pelo menos teríamos alguma segurança. Mas descobrimos que a casa já havia sido hipotecada pelo charlatão, que era um viciado em jogos e passava o tempo todo apostando com minha mãe.”

“Quando os cobradores vieram, levaram a casa e minha mãe acabou presa por jogos de azar no exterior. Eu e Laureano usamos o pouco dinheiro que restava para comprar passagens de volta ao Brasil, mas durante a conexão, eu me perdi de Laureano, e todo o meu bagagem, incluindo meu celular, estava com ele. Eu... eu vim pedindo esmolas pelo caminho, graças a Deus algumas pessoas boas me deram algo para comer, e assim consegui sobreviver para te ver, tia!”

Renata estava pasma, jamais poderia imaginar que Doralice acabaria assim.

Ela acariciou os cabelos de Doralice com carinho, “Querida, você fica aqui com a tia para descansar, vou chamar um médico para examinar você, tudo bem?”

Doralice assentiu, “Sim, obrigada, tia, obrigada por me acolher, tudo foi culpa minha antes, eu que não soube me comportar, eu que errei.”

“Vamos falar disso mais tarde, agora você precisa se estabelecer.” Renata suspirou.

Ela podia sentir compaixão por Doralice devido ao laço sanguíneo, mas Lázaro e Luciana...

Renata sabia que os erros cometidos por Doralice no passado não eram poucos, e seria impossível Lázaro e Luciana aceitá-la de volta.

O médico da família chegou rapidamente e examinou Doralice de cima abaixo, constatando apenas desnutrição e alguns danos ao estômago, mas nada mais grave.

Depois do exame, Doralice foi descansar no quarto de hóspedes e caiu num sono profundo.

Vendo-a dormir tão serenamente, Renata podia apenas imaginar por quantas dificuldades ela passou vagando por aí.

Uma jovem senhorita de família rica transformada em mendiga, certamente não teria noites de sono tranquilas.

Depois de acomodar Doralice, Renata pegou seu celular e ligou para Lázaro.

"Lázaro, traga a Luciana de volta por um momento, sua mãe tem algo para discutir com vocês."

Lázaro nunca havia ouvido Renata falar nesse tom antes, ficou um tanto surpreso por um instante, mas não fez perguntas adicionais e levou Luciana de volta para a família Vasconcelos.

Assim que entraram, Clarissa, sem conseguir se conter, disse a Luciana: "Cunhada, Doralice chegou."