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Minha Ômega Luna romance Capítulo 2

“Yolanda…” Eu me encolhi, tentando ficar longe da pessoa que me tocara.

Eu não queria abrir os olhos. Recusei-me a despertar para um mundo que me odiava. A única coisa que eu queria era dormir o sono da morte e me juntar aos meus pais no além. Eu não merecia a dor e o sofrimento que me esperavam no mundo dos vivos.

"Yolanda, acorde." Meus olhos se abriram quando a pessoa que me sacudia se recusou a ceder. "Você tem cinco minutos para comer antes que a Florência chegue." Colóvis empurrou uma bandeja de comida para mim.

"Eu não estou com fome", eu respondi, sentando-me no meu quarto escuro e limpando o sangue endurecido dos meus lábios. "Que horas são?" Eu não sabia por quanto tempo havia sucumbido à escuridão.

"Já é de manhã", disse Colóvis, empurrando a bandeja de comida para mim novamente. “A Festa da Lua continua hoje. Você tem muita coisa para fazer, então é melhor comer alguma coisa agora antes de desmaiar enquanto estiver trabalhando.

Seria mesmo lamentável desmaiar durante o trabalho, mas meu estômago estava tão embrulhado que não queria colocar nada nele.

Eu dei uns passos cambaleantes para trocar de roupa. A Festa da Lua era um evento sagrado e reverenciado, realizado somente uma vez por ano. Seria maluquice arruiná-lo aparecendo com um vestido ensanguentado, fosse eu uma ômega irrelevante ou um alfa poderoso.

Colóvis respirou fundo quando tirei minha roupa de costas para ela. Não havia necessidade de me olhar no espelho; eu sabia exatamente o que ela estava vendo. Eu ainda sentia a pontada do cinto de Eason nas minhas costas, como se aquela surra tivesse acontecido minutos antes.

Meus dentes rangeram quando vesti uma camisa preta limpa e senti o tecido roçando nos meus ferimentos abertos.

"Vou falar com ele", prometeu minha melhor amiga. Eu me virei para ela com um olhar penetrante.

"Não se atreva."

Colóvis não entendia o que eu passava na matilha. Como era filha do beta, todos a amavam e a adoravam. Ela tinha lindos cabelos loiros-avermelhados e grandes e expressivos olhos castanhos. Assim como os pais, ela era uma beta. Seu pais nunca tentaram tomar o lugar do Alfa. A única mancha em sua vida era o fato de ser minha amiga.

Ela tinha uma visão utópica do mundo e acreditava que as coisas poderiam ser melhores. Ela queria me ajudar, mas, toda vez que ela intervinha, as coisas pioravam.

“Ele não pode fazer isso com você! Você está destruída!" Sua voz suave aumentou de tom.

"Ele pode, e você não vai falar nada." Ela tinha boas intenções, mas, ao mesmo tempo, não entendia a minha realidade, fazendo com que às vezes fosse difícil conversar com ela.

Ela não sabia como era levar chibatadas. Ela não sabia como era ser órfã. Ela nunca entenderia o que significava ir para a cama com o estômago vazio e os olhos lacrimejantes, após um longo dia de trabalho duro. Eu não desejava ao meu pior inimigo as coisas que eu vivia, mas, quando ela dava a entender que eu não tentava o suficiente, que eu devia fazer mais, eu só queria que ela me deixasse em paz.

A quem eu contaria sobre o que a Krystal e sua turma fizeram comigo? O Alfa perdeu sua Luna por causa da minha família. O Beta me odiava. A quem eu poderia recorrer? Quem ouviria minhas súplicas se que fosse até eles? Meus pais traíram a Matilha Dark Lake e era meu destino sofrer as consequências de suas ações.

"Yolanda, por favor…" Ela caminhou até mim e segurou minhas mãos, seus grandes olhos marejados. "Deixe-me ajudá-la." Desvencilhei minhas mãos dela e me virei, ficando cara a cara com a parede.

Eu precisava de toda a ajuda que alguém pudesse me oferecer, mas Colóvis já havia tentado o bastante. Eu não poderia pedir a ela que continuasse tentando. Se ela confrontasse o irmão sobre o que ele tinha feito comigo, ele voltaria com Eason e dois cintos.

“Yolanda!” Florência bateu à porta. "Saia já daí. Você não está aqui para dormir!", ela gritou do lado de fora.

“Estou indo,” eu gritei de volta, amarrando o cabelo.

Apertei os joelhos contra o peito, fechando os olhos e me balançando para frente e para trás no pequeno espaço que o armário oferecia. Meus lábios tremiam, e lágrimas salgadas caíam em minha boca entreaberta. Engoli em seco, mas pressionei a mão contra a minha boca quando o movimento na cozinha parou por um segundo.

Meu cérebro se concentrou nos movimentos dela, forçando-me a prender a respiração para ouvi-la desfilar pela cozinha. A certa altura, ela parou em frente ao armário em que eu estava escondida. Forcei os nós dos dedos na boca para segurar um gemido de medo.

“Que cheiro horrível é esse?” Eu a imaginei franzindo o nariz enquanto falava. Meus olhos se apertaram, e meu corpo parou o ritmo espasmódico e balançante que servia para me acalmar. "É boa demais para responder?" Ela estava falando comigo, mas eu não consegui dizer nada. Não consegui nem tirar a mão que enfiei na boca para ficar em silêncio, tentando me esconder dela.

“Divirta-se em sua nova cela.” Minhas mãos deixaram  minha boca em uma fração de segundo.

“Krystal, por favor…" Um suspiro escapou dos meus lábios. Sua resposta veio como uma gargalhada debochada.

“É aconchegante aí, não é?”, ela continuou, rindo. Seus passos foram se afastando e eu empurrei a porta do armário, que agora estava trancada do lado de fora.

“Krystal! Krystal! Por favor!" Tentei empurrar a porta, sentindo o mundo ruir ao meu redor, a escuridão me consumir. “Por favor, não faça isso comigo!” Espaços apertados me aterrorizavam. Ai, deusa, por favor. “Krystal, por favor, não me deixe aqui! Não me deixe trancada!" Eu gritei por ela, mas, mesmo enquanto gritava, enquanto o mundo se fechava ao meu redor, eu sabia que ela já havia ido embora e me deixado trancada no armário.

Engoli em seco muitas vezes, sentindo minha cabeça inchar.

“Krystal!”

Eu posicionei meu ombro contra a madeira da porta do armário e comecei a bater contra ela com toda a força do meu corpo já cansado, enquanto gritava o nome dela, até que a porta quebrou. Eu saltei para fora do armário com tudo, meu peito arfando, e dei de cara com o Alfa Jackson mexendo uma xícara de café.

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