Minha Ômega Luna romance Capítulo 4

Eu já havia gostado muito de Tom. Assim como Colóvis, ele era meu melhor amigo. Os pais deles sempre ralhavam com os dois para que ficassem longe de mim, mas eles nunca ouviam. As coisas mudaram quando ingressamos no ensino médio, seis anos antes. Como somos um ano mais velhos que Colóvis, ficamos juntos no ensino médio, enquanto Colóvis continuou no fundamental.

Foi nessa época que ele se apaixonou por Krystal. Ela era a garota mais bonita da escola. Não o culpo por ter deixado nossa amizade de lado e escolhê-la. Eles formavam um casal lindo: o filho do Beta, com seu cabelo preto encaracolado, corpo magro e musculoso e pernas longas, e a filha do Alfa, com corpo violão perfeito e cabelos longos e brilhantes.

Tom não podia ser meu amigo enquanto namorasse a Krystal, porque ela me odiava desde a infância. Ela me abominava antes mesmo que tivesse um motivo para isso. Eu deixei que ele escolhesse a namorada em vez de mim, mas, ao mesmo tempo, ele não me deixava em paz. Ele me encheu de falsas esperanças, que arruinaram a pouca reputação que eu tinha entre meus colegas.

"Você está bem?" Eu só tinha forças para acenar com a cabeça em resposta à pergunta de Colóvis, enquanto seu irmão limpava minhas feridas. Eu achava que Krystal havia sugado toda a gentileza dele em seus muitos beijos públicos, mas ele provou que eu estava errada ao vir ao meu auxílio e me ajudar.

“Estas vão deixar cicatriz…” Ele parecia perturbado.

Cicatrizes não eram novidade para mim. Elas decoravam minhas costas, formando um mapa de chicotadas, cintadas, bengaladas e todos os outros objetos com os quais eu já havia apanhado. As cicatrizes nas minhas costas não eram nada; o pior mesmo eram as cicatrizes na minha mente, que formavam a narrativa de uma dor que nunca desapareceria. Eu podia cobrir as costas e fingir que não havia nada além de uma pele lisa, mas minha mente estava descoberta, em uma tortura constante.

"Não importa." Eu me afastei de seu toque demorado. 

"Cuidado!" Ele parou meu movimento repentino. “Não quero que as feridas reabram. É melhor você ficar parada para que a Juliana possa se curar logo." Ele citou o nome da minha loba como se fôssemos amigos, como se ele a conhecesse e gostasse dela – minha loba, a ômega com a qual ele não quis mais ser associado quando se tornou o garoto mais popular da escola. Tom atingiu o ápice no ensino médio, tornando-se ainda mais popular do que o futuro Alfa.

Ele limpou minhas feridas com a delicadeza de um amigo, aplicou creme nas minhas costas doloridas e cobriu os cortes com gaze. Depois, ele pegou gelo para o galo na minha cabeça, bem onde Krystal havia me chutado no dia anterior.

Talvez ele se sentisse merecedor de um agradecimento depois de tudo o que fez por mim, mas não consegui encontrar forças para agradecê-lo. Afinal, foi ele que começou tudo aquilo. Ele havia me segurado com força no dia anterior enquanto eu apanhava, e agora queria agir como meu salvador.

“Por que você está me ajudando?”, eu perguntei, virando-me para encará-lo, enquanto ignorava a pontada de dor ao me mover.

“Você pode nos dar um minuto?”, ele perguntou à irmã, que estava com as mãos cruzadas, a parte superior das costas encostada na parede e as pernas cruzadas no tornozelo.

“Prefiro não ficar sozinha com ele”, eu disse à minha melhor amiga, para garantir que ela entendesse que eu não queria ficar sozinha com o cara que havia batido em mim. Eu preferiria não ter nenhuma interação com Tom, se pudesse escolher.

“Se você fizer alguma besteira, eu corto seu p*nto”, ela ameaçou, apontando o dedo para o irmão e empurrando-o contra a parede.

“Colóvis…“ Eu quase não tinha forças para levantar os olhos, mas consegui.

"Ouça o que ele tem a dizer, Ay." A traidora saiu e me deixou sozinha com o valentão.

Colóvis sempre queria que eu desse uma segunda chance às pessoas. Mesmo quando era óbvio que elas só me procuravam para rir de mim, ela insistia para que eu tentasse enxergar o lado bom das pessoas e desse quantas chances fossem necessárias para que elas me mostrassem um outro lado delas, um que não acabasse em chutes ou xingamentos.

Tom foi a pessoa a quem eu mais dei chances na vida. Ele tinha sido meu melhor amigo, mas escolheu Krystal, minha arqui-inimiga, em vez de mim. Ele me humilhou na frente de toda a escola, colocou fogo no meu diploma quando consegui me formar e se juntou aos amigos para fazer da minha vida um inferno. Ele não participava no começo, mas, depois de um tempo, ele pegou gosto. Ele tinha um olhar perverso quando me encarava, sentia um prazer doentio em me empurrar e me derrubar toda vez que eu tentava me recompor.

Eu confiava mais em uma cobra venenosa do que em Tom.

“Eu vou terminar com a Krystal.” Eu caí na gargalhada ao ouvir aquilo. Eu ri tanto que fiquei com medo que meus ferimentos começassem a sangrar novamente.

"Você consegue terminar com ela?", eu perguntei, ainda ofegante de tanto rir.

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