Moradora de rua romance Capítulo 12

-.Leslie.-

Estava dentro do quarto lendo um livro já fazia uma hora ou mais, tinha uma tv em meu quarto mas eu não senti muita vontade de liga-la, era estranho não saber quem eu era e nem os meus costumes, eu provavelmente teria que criar novos hobbies ou descobrir hobbies antigos. Viro mais uma página e meu desenho cai de dentro do livro, o observo, os traços estavam perfeitos e era um desenho bastante realista, a facilidade em que eu fiz aqueles desenhos foi surpreendente, mas quando eu tentei desenhar algo específico parecia mais com um desenho de criança, eu provavelmente era uma pessoa intuitiva, e eu sentia uma vontade enorme dentro de mim de desenhar mais, eu queria e precisava sentir o lápis em minhas mãos, mas não voltaria a biblioteca por em quanto, não queria ter que encarar Sebastian.

Escuto duas batidas na porta e a mesma se abre logo em seguida, revelando Tamira que segurava uma bandeja.

-Trouxe o seu almoço já que não foi comer...-Ela entra e coloca a bandeja em cima da cômoda. -Não poderia te deixar com fome não é mesmo?

-Não precisava trazer até aqui!-Falo me ajeitando.

-O senhor Bracho mandou eu tirar a mesa e você ficaria sem comer, fiz um prato para você caso sinta fome, só isso! é meu serviço querida...

-Obrigada Tamira-Sorrio agradecida.

-O senhor Bracho é um homem muito... Profissional, e as vezes o seu jeito não agrada a todos, mas ele é um bom homem, ele também mantem sua vida particular totalmente em segredo, nunca o vi trazer uma mulher para casa que não fosse sua antiga namorada.

-Namorada?

-Não é de minha conta mas a senhorita Celeste quase chegou a ser noiva, lembro de ver um anel de noivado na sala, mas algo aconteceu e nunca mais a vi, ela não era uma mulher fácil assim como o senhor Bracho, talvez era por isso que combinavam, mas não devo fazer fofoca da vida alheia.- Tamira fala se levantando e aponta para o prato- Espaguete com almondegas espero que goste, e o vinho é tinto suave... Bom apetite, Leslie!

Sorrio ao ouvi-la me chamar pelo nome, Tamira sai do quarto fechando a porta atrás de si, pego o garfo e experimento o espaguete, e eu sentia o sabor de cada tempero, estava incrivel, a cada garfada parecia que era a primeira de minha vida, em poucos minutos eu ja havia terminado de comer, olho para a taça de vinho e a pego, experimentando um pouco, tinha gosto de uva, e era bem doce, tomo todo o liquido da taça e vou ao banheiro escovar os meus dentes, me olho no espelho por algum tempo, meus olhos estavam sem brilho, quase sem vida, bolsas escuras estavam logo a baixo deles, como se eu tivesse passado os últimos dias sem dormir, minhas mãos eram macias e delicadas, mas meu corpo... eu continha uma magreza quase que exagerada, será que eu fazia dieta para ser assim? meus ossos eram saltados, minha mão esguia e eu podia sentir minhas costelas, quase não tinha curvas, meu corpo se parecia com de uma adolescente acabando de entrar na puberdade, se não fosse pelo meu rosto mais maduro eu poderia dizer que tinha 16 anos que qualquer um acreditaria. Eu era bonita mas talvez não fosse alguém que se preocupasse com a aparência, meu cabelo estava um pouco a cima da cintura embora o corte não estivesse perfeito, ele me incomodava um pouco, por ser liso parecia estar embaraçado a todo tempo. Saio do quarto e me deito na cama, fecho os olhos por algum tempo tentando me lembrar de algo, qualquer coisa que me desse uma luz, acabo pegando no sono antes mesmo de começar a pensar.

Eu estava com frio, meu corpo tremia com calafrios, mas eu estava vermelha e soando, deitada em cima de uma coberta fina, o céu brilhava com as inúmeras estrelas, eu ouvia o sons do carro, e o cheiro, o cheiro daquele lugar era insuportável, cheiro de urina e comida estragada, meu estômago se revirava como se algo que eu comi não tivesse caído bem, o gosto amargo de vômito tomava conta de toda a minha boca, e minha cabeça parecia que iria explodir, eu conseguia sentir cada uma destas coisas intensamente, então uma náusea me subiu a bile e meus olhos se abriram, eu estava no meu quarto na casa de Sebastian, me levanto o mais rápido possível e vou até o banheiro, não tive tempo de pegar as muletas e quando acabei de chegar a beirada do vaso eu solto tudo oque estava em meu estômago, mal tenho tempo de respirar quando volto a vomitar, eu estava ofegante, sentia o suor escorrer por minha testa e o vestido grudar em meu corpo, eu estava com febre sem dúvidas, dou descarga no vaso e me levanto me olhando no espelho, eu estava horrível, lavo minha boca com agua tentando tirar o gosto ruim, retiro o vestido entrando no banho frio, tentando lavar a sujeira que eu sentia que estava em mim agora, aquele sonho... era assustador como ele me parecia real.

Assim que termino meu banho me enrolo em uma toalha e penteio meus cabelos que estavam molhados, vou até a cama tentando tirar um nó do meu cabelo e acabo caindo de bunda no chão.

-Ai!-Falo resmungando e escuto alguém bater na porta-Pode entrar!

Pensei que fosse Tamira vindo me ver mas na verdade era Isobel, ela estava sorrindo mas me olha confusa.

-Oque ta fazendo no chão? e de toalha?

-Sou eu? nossa como eu to bonita!-Ela sorri-Meu Deus o bash! ele ficaria um perigo se visse isso!-Fala rindo e eu sorrio dando de ombros, Isobel abre as maletas tirando algumas coisas de dentro-Vou arrumar algumas coisas para você poder desenhar, podemos ver que tem talento!

-Não precisa...

-Não vai me custar nada! Agora pronta para a transformação?-Nego com a cabeça-Vai ser Legal! para de ser chata!

Isobel coloca uma musica em seu celular e em seguida vamos em direção ao banheiro ela coloca um banquinho para que eu me sente, enrolo uma toalha em meu pescoço e sinto meus cabelos sendo penteados e em seguida o barulho da tesoura o cortando, um sorriso surgiu em meu rosto e olho para Isobel através do espelho e vejo seu rosto concentrado, ela mordia o lábio inferior como se aquilo fosse uma cirurgia delicada, ela fechou um olho analisando meu cabelo de longe e sorriu olhando para mim, Isobel me virou de costas para o espelho e não queria me deixar ver o resultado em quanto não ficasse pronto, ela fez minhas sobrancelhas e a cada pelo arrancado era um palavrão diferente meu, nem sabia que meu vocabulario era tão extenso, depois disso ela passou alguns produtos em meu rosto falando que serviam para hidratar, Isobel insistiu em fazer uma maquiagem leve e depois de muitos nãos finalmente disse sim, ela passou um pouco de base em minha olheiras, depois selou com pé e em seguida deu pinceladas de blush e iluminador, passou um pouco de gloss e disse que meus olhos não precisavam de nada já que segundo ela eram de dar inveja, então voltamos ao cabelo e ela o secou com o secador fazendo uma escova.

-Está pronta?

-Mais do que nunca!-Toda aquela espera estava me matando e então abro meus olhos me olhando no espelho-Uau!

Eu estava linda, com o cabelo na altura dos ombros em um corte reto e perfeito, meu rosto não tinha mais olheiras e estava com mais vida, meus olhos brilharam pela primeira vez.