Moradora de rua romance Capítulo 13

Nem percebi que fiquei a tarde toda com Isobel me arrumando, só reparei nisso quando saimos do banheiro e ao olhar para a janela vi que já era noite, Me sento na cama e observo Isobel abrir o guarda roupa e tirar um vestido solto de alcinhas na cor vermelha e um vestido mais justo na cor preta e ela me mostra ambos.

-Qual?-Fala balançando os vestidos na minha frente-Sexy sem ser vulgar ou o sexy e vulgar porque não ligamos para opiniões alheias?

-Prefiro o vermelho!-Aponto para sua mão direita.

-Okay, apesar de eu achar que o preto ficaria perfeito em você!-Ela me joga o vestido vermelho.

Não sabia se ela estava sendo sincera ou irônica, só que aquilo me incomodou profundamente, não consegui evitar de minhas mãos tocarem minha barriga magra e ossuda, Isobel reparou e se sentou em minha frente.

-Quer conversar Less?

-Eu... -Meu corpo se arrepiou inteiro-Não, eu estou bem!

Respiro fundo e me levanto pego a muleta e vou até o banheiro, foi mais fácil do que eu esperava me vestir, o vestido era leve, um decote em V simples moldava meu busto, a cintura era um pouco mais justa e a saia solta, apesar do vestido não ter ficada exatamente como deveria em meu corpo já que em algumas partes ele estava largo, mas havia ficado lindo, coloco uma sapatilha nude no pé que não estava engessado e saio do banheiro, olho para Isobel que sorria.

-Você está linda Less!

-Obrigada!-Falo sorrindo.

-Da uma voltinha pra mim!-Ela fala e eu obedeço-Eu tenho alguns alfinetes, me deixa arrumar atrás...

Isobel pega uma almofadinha com alfinetes e abre o zíper do meu vestido ela fica em silêncio e logo fala.

-Você tem uma tatuagem...

-Eu não tenho tatuagem...-Falo tentando olhar para minhas costas e Isobel pega um espelho mostrando a parte de trás de minhas costas o meio da espinha-Eu tenho uma tatuagem...

Eram flores, e por causa da magreza eu as podia ver em cada ponta de minha espinha, ela começava na metade e terminava no final da espinha, havia algo escrito a baixo da ultima flor.

-Hi...

-Hiraeth

-Uma nostalgia de um lugar que você nunca poderá encontrar, ou nunca esteve...

-oque?

-A palavra...-Olho bem para a tatuagem, ela estava desbotada, fazia algum tempo que eu a fizera, mas se nem Isobel a tinha visto antes...

-A quanto tempo somos amigas?

-Oque?

-Onde eu moro Isobel?

-Você...-Isobel estava sem palavras-Eu não sei Less, eu te conheci na noite anterior antes de você acordar no hospital, Estava chovendo demais, eu irritei Bass e ele não a viu atravessar a rodovia correndo...

-Eu sou uma estranha?-Sento na cama.-Como sabe o meu nome?

-Sebastian me contou... ele a conhecia, não tão bem mas ja havia a visto antes... em frente ao prédio dele...

-De onde ele me conhece?

-Das ruas... você morava nas ruas...

-NÃO ADIMITO QUE FALE COMIGO ASSIM EM MINHA PRÓPRIA CASA!.-Sebastian grita batendo a palma da mão em cima da mesa.

Isobel se assusta e se encolhe, Tamira para logo na entrada da sala de jantar e eu me levanto em um movimento rapido pegando a faca de cerra da mesa e a segurando com força.

-EU QUERO QUE VOCÊ E SUA CASA SE FODA!-Grito e vejo o rosto de Sebastian se avermelhar-O que foi Senhor bracho? meu vocabulário não é digno de alguém de tão alto escalão? Eu falo oque eu quiser e da maneira que quiser, porque homem nenhum manda em mim, muito menos um projeto de homem como você! e não se preocupe eu irei sair da sua casa, só precisa me ignorar até la, eu sei dos meus direitos, mendiga ou não você vai ter que me aturar até tirar essa merda de gesso e quando eu tirar vou enfia-lo no seu r.a.b.o!

jogo a faca com força na mesa e pego minhas muletas, indo diretamente para o meu quarto, deixando o clima e a energia tensa para trás.

Achei que não fosse comer, mas escuto batidas na porta horas depois, era Tamira, abro a porta para que ela entre, ela carregava uma bandeja, assim que entrou a depositou na cama.

-Leslie... não devia ter dito aquelas coisas grosseiras para o senhor Bracho...-Me sento na cama e suspiro-Mas ele até que merecia ouvir aquilo... oque ele disse para você foi ainda mais grosseiro.

-Obrigada Tamira... e pela comida tambem!

-Nunca seria capaz de recusar comida para qualquer pessoa no mundo... eu não sabia que morava na rua...

Olho para Tamira e sinto meu peito se apertar, uma dor nos meus olhos e um nó na garganta, seus olhos eram gentis e ela segurava as mãos abri a boca para lhe responder mas um soluço escapou em vez disso e comecei a chorar, Tamira correu até mim me abraçando.

-Está tudo bem minha querida!-Ela me abraça forte e eu me desabo a chorar-Como uma garotinha como você sobreviveu a lá fora?

-Eu estou com medo... eu tive um sonho horrivel de como é lá...

-Não ira voltar para as ruas, eu prometo, eu vou cuidar de você Leslie, eu prometo!

-Obrigada Tamira...

E foi neste momento em meio a lagrimas e soluços, e a mão quente de Tamira que eu senti oque era ser amada, oque era ter alguem que se importava.