Collin e Colen nasceram na mesma tarde fria de inverno. As duas tinham cabelos vermelhos esvoaçantes e rostos belos, mas os olhos as diferenciavam. Colen herdara dois pares de olhos verdes reluzentes, enquanto Collin tinha um verde e outro amarelo, algo que sempre a fizera sentir-se... errada. Apesar disso, Collin amava a irmã, vendo nela uma heroína e protetora, mesmo que a recíproca nem sempre fosse verdadeira.
A vida na aldeia montanhosa de Rovina era dura, mas para Collin parecia ainda mais cruel. Seus pais claramente preferiam Colen, enchendo-a de elogios e mimos, enquanto Collin recebia apenas trabalho e indiferença. "Ande mais rápido, Collin!", a mãe gritava, ignorando o fato de que a jovem carregava dois pesados baldes de maçãs enquanto Colen segurava apenas um quase vazio.
À noite, Collin só jantava depois de regar a horta, e a comida já estava fria e sem gosto. Quando finalmente se deitava, exausta, o cheiro de suor impregnava seu travesseiro, pois não tinha energia sequer para se lavar.
Na feira, enquanto Colen desaparecia com a desculpa de "ajudar", Collin ficava sozinha, lidando com clientes rudes e suportando os cochichos que a cercavam. Naquele dia em especial, ouviu algo que gelou seu sangue.
— Os ventos mudaram — murmurou uma velha para outra. — Eles estão perto.
— Quem? — um homem curioso perguntou.
— Os lupinos.
Collin engoliu em seco. "Lupinos", os lendários homens-lobo que reivindicavam tudo em seu caminho, eram histórias que ela sempre achara absurdas. Mas os murmúrios não cessaram, e o frio repentino no ar parecia confirmar o temor das pessoas.
Quando o dia finalmente terminou, Collin, cansada e suja de lama, após cair em uma poça de lama por carregar todos os cestos sozinha, voltou para casa. Colen surgiu sorrindo e com as mãos vazias,
— onde estava? — questionou Collin cansada, a irmã apenas deu de ombros.
— me desculpe deixá-la sozinha Collin, é que... Eu tinha que ir ver uma coisa. — disse com um sorriso de orelha a orelha. Collin suspirou, como era possível ela agir daquela forma?
— me dê uma parte do dinheiro, papai e mamãe precisam ver que eu também vendi hoje. — estendeu a mão esperando.
— mas você não vendeu.
— Collin, ande logo.
Collin bufou, mas entregou, pois sabia que sua irmã seria recebida como a "boa vendedora".
De repente, o vento parou, e o ar ficou pesado. Collin e Colen congelaram ao ouvir passos vindos da floresta. Homens emergiram das sombras, altos, fortes e intimidadores, com olhos que brilhavam como os de feras. Entre eles, um homem de pele negra e cabelos cinzentos tomou a frente.
— Todas as jovens da aldeia, para a capela. Agora.
Não era um pedido, mas uma ordem.
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Na capela, as jovens eram chamadas uma a uma para uma sala. Collin tremia, seu coração martelando no peito. Enquanto isso, Colen recebia abraços e beijos de seus pais.
— Vai ficar tudo bem, meu anjo — dizia a mãe, enquanto Collin, à margem, apertava as próprias mãos. Ninguém a consolava.
Quando chegou a vez de Colen, o homem de cabelos cinzentos a chamou. Ela entrou na sala hesitante, e Collin ficou para trás, roendo as unhas. Mas quem saiu minutos depois foi o homem, não Colen.
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