Hassan ofega.
— Desculpe-me, eu não deveria ter dito isso. Sou muito sincero, mas isso afasta as pessoas.
— Você? Sincero? Deveria usar de sinceridade, então, com sua irmã e abrir para ela por que você não se dá bem com sua madrasta. E, sinceramente, eu não entendo vocês e a sua cultura. Que ficam presos a rituais bobos enquanto a estrutura familiar está ruindo ao seu redor. Você percebeu como Raissa precisa de carinho e compreensão? Que ela é assim por ser uma menina carente? E vocês só olham os seus narizes. Com suas danças exóticas, cheios de vaidade.
— Allah! — ele exclama, abafado.
Seus dedos, então, se fecham novamente no meu braço e ele me puxa para fora. Logo saímos do interior da mansão. Então ele me solta e me olha furioso.
Seu rosto fica perto do meu e ele começa a falar baixo, com o sotaque carregado:
— Eu tenho fortes razões para agir assim com Raissa. Isso porque um dia eu prometi ao meu pai que ela nunca saberia o motivo da minha rixa com a mãe dela. E um homem egípcio, quando promete algo, cumpre com sua palavra, então não me julgue. E por Allah! Você não sabe de nada! Está além dos seus esforços de compreensão. Você acha que eu não sei que minha família vive de aparências?
Os olhos dele começam a brilhar pelas lágrimas, que ele segura a todo custo para não manchar seu orgulho masculino. Eu engulo em seco, me sentindo tocada com a situação.
— Olha, tudo bem, Hassan. Realmente isso não me diz respeito. Fica bem, eu preciso ir embora.
— Karina. Qual é o seu nome completo?
Eu, que já estava caminhando para o meu carro, paro e o encaro. Deus! Por que ele quer saber meu nome completo?
— Por que quer saber?
— Darei uma festa no meu hotel e quero fazer seu convite — ele explica.
— Karina Michael.
— Só Michael?
— Sim, só.
Ele assente com uma reverência, isso quase me faz rir. Hassan é muito egípcio para algumas coisas.
— O meu é Hassan Hajid Addull Ala.
Deus! Eu não me segurei e ri.
— Por que riu? — pergunta, sério.
Eu seguro meu riso.
— Não sei — rio novamente. Hassan fecha a cara. — Desculpe-me.
— Não se ri do nome de um egípcio. Você adora me provocar, Karina Michael — ele diz, com o sotaque carregado.
Eu fico séria.
— Perdoe-me, não foi minha intenção.
— Raissa sabe o seu endereço?
Eu fecho a cara.
— Por que quer meu endereço?
Ele sorri e fica mais lindo sem aquela cara de mau com que olhava para mim.
— Para enviar seu convite.
— Raissa sabe. Bem, vou indo.
Estou para sair quando ele me pergunta:
— Não vai perguntar quando é a festa?
Eu respiro fundo.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Egípcio
Muito bom, amei....