Ele coloca o carro em movimento. O caminho todo eu sinto que ele me olha e volta seu olhar para frente, muito calado. O silêncio é incômodo entre nós. Eu resolvo quebrá-lo, com uma questão que está me incomodando.
— Hassan, por que Raissa não quis ir à festa?
Hassan me olha e volta seu olhar para o trânsito.
— Ela não foi convidada.
— Por quê? — questiono, tentando entender.
— Ela não quer que eu me aproxime de você. Ela foi criada nos padrões árabes, tem medo de que eu me aproveite de sua inocência — diz, olhando para frente.
— E ela não está certa?
Hassan me encara.
— Que pergunta é essa agora? Você é virgem, por acaso?
Meu coração bate tão agitado, que tenho a impressão de que ele o ouve. Minhas unhas dolorosamente estão enterradas na palma da minha mão, enquanto meu coração quase sai do peito.
— Sou.
Quando seus cativantes olhos se abrem, mesmo que apenas um pouco, eu sei que ele não esperava essa minha resposta.
Silêncio.
Ele me encara, dá um sorriso desdenhoso.
— Sério? Você só pode estar brincando comigo. Com 25 anos você nunca saiu com ninguém?
— Por que o espanto? Sim, sou virgem.
Ele me olha como se me enxergasse pela primeira vez. Seu rosto fica então conflituoso. Ele fala algo em árabe em um tom baixo e diz novamente.
Um palavrão?
Hassan
Fico em transe ouvindo o que ela me diz. O entendimento da situação me atinge como um trem de carga.
Que merda é essa?
Meu sangue ferve e eu sinto como se a raiva tivesse sido injetada em minhas veias.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Egípcio
Muito bom, amei....