— E então, vai me dar uma chance?
O quê?
Quando eu contei para ele que era virgem, não é porque defendo essa causa, mas para ele entender que não sou avulsa. Eu fico em silêncio.
Logo vejo vários casais dançando ao nosso lado, incentivados por nossa dança. Mas eu não consigo me distrair com nada. O corpo forte e rijo de Hassan junto ao meu me tira a paz, me perturba. Ele tem o poder de minar minhas forças. Hassan segura o meu queixo e me faz olhar para os olhos dele.
— O que foi? Perdeu a capacidade de falar? — ele pergunta, enquanto examina meu rosto.
— Não há nada para dizer — digo, e o rosto dele perde a expressão irônica, ficando duro e frio. Eu baixo meu rosto, sentindo a força do corpo musculoso, desejando intimamente que a música chegue ao seu final.
— Se arrependeu de ter saído comigo?
Meu coração se agita.
Eu estou confusa sobre esse assunto.
A verdade?
Sim, eu aceitei sair com ele. Mas as emoções que Hassan me provoca são intensas demais para eu brincar com meu coração. E isso explica por que sei que não fiz a coisa certa. Contudo, eu consegui despachá-lo na frente de meus pais, mesmo ele usando de golpe baixo para conseguir o que quer.
— E então?
Eu o encaro. Seus olhos negros nos meus são tão calorosos, que eu me perco neles, inclusive minha capacidade de pensar agora, ou articular qualquer palavra.
— Se importa se não falarmos sobre isso agora?
Eu não respondi, baixei as pálpebras e olhei para a camisa dele, fugindo de seus olhos.
— Você recua assim porque sabe que vai perder a batalha. É muito covarde, Karina.
Eu o encaro.
— Então eu sou covarde — digo.
— Allah! Karina, eu estou louco por você. Estou realmente interessado. Não é claro isso?
Eu ofego.
— Já falamos sobre isso, você sabe o que penso a respeito. Eu estou aqui porque você forçou uma situação e eu não quis criar caso na frente dos meus pais. Mas chega!
— Eu sei que você me deseja. Há emoções que não se podem disfarçar, e eu vejo em seus olhos que me deseja tanto quanto eu te desejo. Desculpe-me, Karina, mas eu não consigo abrir mão disso. Há um provérbio árabe que diz: “O maior dos erros é a pressa antes do tempo e a lentidão ante a oportunidade”, e eu terei paciência com você, princesa. Quero te conquistar, mostrar para você que posso ser diferente.
Eu ergo meu rosto surpresa, não muito convencida de suas palavras. Olhamos um para o outro por alguns momentos, nenhum de nós disposto a desviar o olhar primeiro. Exploro seu rosto atraente, querendo saber exatamente que pensamentos habitam em sua mente para justificar o que ele viu em mim.
— Diferente? Diferente como? Transando comigo e me descartando como fez com todas?
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Egípcio
Muito bom, amei....