Karina
Devagar, Hassan escrutinou meu corpo da cabeça aos pés como se me visse pela primeira vez.
— Está linda nesse vestido.
Estou usando um caftan preto com dourado. Ele é um pouco folgado, sem decote e abaixo dos joelhos.
Ah, é claro que ele gostou, mas eu o vesti porque ele é bonito e eu me sinto bem na roupa, mas não quer dizer que vou deixar meu guarda-roupa de lado.
— Obrigada.
— Estou gostando de ver — ele diz, me puxando com seu braço bom e me beijando a testa como se eu fosse uma boa menina.
Eu sorrio levada, quando ele me solta.
— Hassan não se acostume. Isso não quer dizer que você me verá sempre assim…
Antes que Hassan diga algo, eu ouço a voz de meu pai:
— Bom dia. Tomarão café conosco antes de saírem?
Hassan, que me olhava sem ação, quase carrancudo, suaviza a expressão quando olha para ele.
— É claro, por que não?
Observo Hassan…
Selvagem. É esse o termo que o defino nessa manhã.
Ele está usando jeans claro e camiseta branca, que, em harmonia com os cabelos negros despenteados, o deixa muito sedutor. Ele só não transparece perigo por causa da tipoia preta em seu braço.
Nos dirigimos à sala de jantar, mamãe está terminando de colocar as coisas para o café.
— Audrey, Hassan irá tomar café conosco.
Minha mãe o encara sem graça.
— Karina nos contou que vocês comem muitas comidas típicas maravilhosas, os doces então, nem se fale. Então não repare em nosso café da manhã, ele não é como vocês costumam ter em sua casa.
Ai, minha mãe é de amargar.
Isso, mãe! Agora Hassan me imagina com um prato gigante cheio com as comidas que eles servem e eu perdida no meio de suas guloseimas.
Eu respiro fundo. Hassan se senta no lugar que meu pai indicou e diz:
— Não vou reparar, para mim está tudo ótimo. Eu não consumo um quarto do que nos é servido.
— Deus! E o que vocês fazem com toda aquela comida? — mamãe pergunta.
— Mamãe! — eu digo, impaciente.
Eu sinto um forte impulso de fugir correndo dali e arrastar Hassan, mas ele parece estar se divertindo.
— Nunca perguntei, mas meus empregados são bem robustos. Acho que agora estou entendendo para onde vai toda a comida.
Todos da mesa riem, inclusive eu.
— Posso cortar um pedaço de pão para você e passar geleia? — pergunto para ele.
— Pode, mas prefiro manteiga.
Eu aceno com um sorriso.
— Está certo.
Hassan então encara minha mãe e diz, com um sorriso:
— Vou pedir para separar alguns doces e salgados da minha terra e trazer para a senhora experimentar.
Ela abre o sorriso e os olhos dela brilham.
— Oh, eu vou adorar.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Egípcio
Muito bom, amei....