Karina
Hassan estava diferente quando chegou da cavalgada. Introspectivo, muito pensativo. Parecia estar em outro mundo, em outros tempos. Talvez fazendo uma retrospectiva de sua vida.
Agora não, ele se parece com o Hassan que conheci. Mais leve, sorrindo.
Ele está lindo, sua tez está bem dourada, alguns lugares do rosto avermelhados por causa do bronzeado que ele adquiriu quando saiu para cavalgar.
Estamos no nosso quarto, e eu estou só de calcinha e sutiã, me preparando para a festa. Seu riso despreocupado aquece meu coração. Ele se senta na cama e me puxa para o seu colo. Envolve minha cintura com força, pressionando o nariz de encontro ao vão dos meus seios. Eu o envolvo e, erguendo sua cabeça, deixo uma trilha de beijos em seu rosto.
Quando ele desce o rosto e passa os lábios quentes e úmidos pelos vãos dos meus seios, sinto arrepios da cabeça aos pés. Quando ele finalmente ergue sua cabeça, eu estou tremendo, e ele, exibindo um sorriso satisfeito.
Arquejo.
— Você é terrível.
Hassan sorri para mim.
— E você é uma sahira.
— Sahira?
— Uma feiticeira.
Pressiono meus lábios contra os dele e depois lhe dou um beijo profundo. Quando nos separamos, ele acaricia meus cabelos. Seu sorriso agora é doce e triste ao mesmo tempo.
— O que foi? — pergunto, preocupada.
— Nada — ele diz, e me tira do seu colo. — Vamos nos trocar para a festa.
Eu me levanto da cama.
Nada? Hassan nunca falta com a verdade. Ele não sabe mentir. É claro que ele está triste com alguma coisa.
— Hassan…
— Não é nada que valha a pena falar. Só isso — sua repreensão é afetuosa, como um vento suave no deserto, mas ainda assim eu posso sentir sua tristeza.
— Tudo bem — digo, demonstrando minha amargura por ele não confiar suas tristezas a mim.
Hassan parece perceber e me abraça com força. Quando se afasta, levanta meu queixo para eu olhar para ele.
— Para você este lugar é como uma fantasia. É um mundo diferente, é muito fácil esquecer o mundo real. Para você é tudo novidade. Fora seu desapego com as pessoas. Para mim não. O Egito é o resgate de fortes lembranças. É como um portal que se abre tanto para o mal como para o bem. Juntando tudo isso, ainda enfrento a amargura da minha família por eu viver em outro país e ter me casado com uma mulher estrangeira.
Ah, Deus! Tudo que ele falou não me preocupou tanto quanto o fato de eles se entristecerem por ele morar em outro país.
— Eles estão tentando fazer sua cabeça para você morar aqui, não estão?
Hassan acena um sim com a cabeça.
— Sim, sempre que podem eles tentam me convencer a vender tudo e fazer minha vida aqui.
Aperto os lábios enquanto penso.
Deus! Meu lugar é na Inglaterra, perto dos meus pais.
Será que no fundo ele me trouxe aqui para me convencer a isso? Com o coração na mão, pergunto a ele:
— E você? O que pensa sobre isso?
Hassan funga.
— Não farei isso. Quero construir uma vida com você da melhor maneira possível, ou pelo menos tentar do melhor modo que pudermos. Jamais faria com você o que fizeram comigo.
Foi um grande alívio ouvir isso dele. Como se um peso fosse tirado dos meus ombros.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O Egípcio
Muito bom, amei....