O estrangeiro Capítulo 53

Eu não conseguia mais prestar atenção nas aulas, as coisas pareciam muito vagas na minha cabeça e a todo momento eu pensava em Hunter e no seu depoimento, ele deveria estar nervoso, queria poder estar com ele e segurar suas mãos. Passei minhas mãos pelo rosto. Esperar estava me deixando maluca.
— Charlie, você está prestando atenção na aula? — A professora pergunta.
Pisco algumas vezes e assenti.
— Sei que as coisas não foram fáceis para você, mas tente se concentrar na aula ou terei que chamar seus pais. — Ela volta a caminhar pela sala e desvia seu olhar do meu.
Seguro firme meu lápis contra a folha de papel ao ouvir as pessoas ao redor rirem, já estava virando hábito fazerem isso. Torci para aquela última aula acabar logo.
No fim da aula, segurei firme nas alças da minha mochila e passei pelo corredor de cabeça baixa, ainda era possível ouvir os outro cochichando. Vejo Emma e Adam vindo na minha direção de mãos dadas, eles finalmente tinham assumido algo após tudo que aconteceu. Nós caminhamos para fora da escola, vejo um carro familiar parado em frente, meu coração quase saiu pela boca quando Dylan saiu de dentro dele e olhou para mim.
— O que o Dylan está fazendo aqui? — Perguntei em um sussurro.
— Acho que ele veio te ver.
Caminho em passos lentos até ele. Sentir o seu perfume lembrava do que aconteceu da última vez que nos vimos, e se eu contasse sobre o Hunter deixaria ainda mais explícito que eu só o usei. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele me puxou para um abraço apertado, fiquei sem reação, com as mãos literalmente atadas.
— Senti sua falta. — Ele diz entre meus cabelos.
Retribui o abraço. Meu coração disparou por estar tão perto ao dele.
Der repente ele para o abraço.
— Posso te levar para casa?
Olho para Emma que balança a cabeça.
— Pode ir. Eu e Adam vamos ao shopping antes.
Eles foram embora me deixando com Dylan. Olhei para ele e sorri. Dylan abriu a porta para mim e nós fomos em direção a um ligar qualquer, o silêncio entre nós não estava confortável, eu me afundava cada vez mais no acento do carro, querendo sumir daquela situação e chegar logo em casa.
— Não pude ir no hospital, sua mãe nem deixou te visitar. — Disse ele quebrando o silêncio.
— Ah — exclamo —, a minha mãe consegue ser desconfortável quando quer.
— Deveria dizer para ela.
— O quê?
— Que somos namorados.
Meu peito ardeu. Me perguntei desde quando aquilo era verdade, nós só transamos uma vez, não era motivo para um namoro.
— Você está bem? Ficou pálida der repente. — Ele olha ligeiramente para mim.
— Está tudo bem, minha cabeça ainda anda confusa.
— Para onde quer ir? Podemos ir ao cinema ou à praia...
— Eu quero ir para casa, não estou bem para passear por aí.
Ele olhou para mim aparentemente decepcionado. Apertei meus olhos com força. Eu não queria magoar o Dylan, mas também não queria estragar as coisas entre mim e o Hunter, eu amava Hunter, agora faria de tudo para ficarmos juntos, mesmo com a gravidez da Ashley e os olhos azuis de Dylan me olhando com tristeza.
O carro parecia pequeno demais para nós dois e nossos sentimentos, eu podia ouvir a respiração falhada dele. Quando finalmente chegamos em frente à minha casa, ele desligou o carro e relaxou suas costas no banco. Dylan queria uma explicação.
— É por causa dele, não é? — Sua voz saiu em um quase sussurro.
Eu não respondi. Não tinha voz para dizer qualquer coisa.
— Me diz! — Ele grita. Eu me assustei e as lágrimas começaram a querer aparecer, mas Dylan continuou — por que chamou ele naquele dia? Por que não a mim?
— Eu não sei...
— Você sabe! Eu sei no fundo, você nunca vai esquecer ele, Charlie. Mesmo depois de tudo que aconteceu... — os olhos dele estavam vermelhos — você prefere machucar aos outros e a si própria.
— Você não o conhece!
solta um sorriso nasal e olha para mim.
— Eu sei o que caras como ele querem com meninas como você. Hunter está te usando, usando
— Cale a boca! — Explodo — Você não o conhece, não sabe nada sobre ele. Nós transamos e agora você já quer decidir tudo por mim?
Ele piscou algumas vezes e abaixou a cabeça. Viro meu rosto para frente enxugando resquícios de lágrimas.
— Você me usou, mas essa foi a última vez. — Ele passa sua mão em sua barba rala. — Sai do meu carro.
Pego minha mochila e abro a porta.
— Não seja tão duro comigo...
— Vai embora, Charlie!
seu carro batendo a porta com força. Eu sabia que ficar com Hunter teria um preço, mesmo disposta a pagar, ainda doeria. Vejo Hunter aparecer a porta de casa, acompanhado de um homem, olho para trás e vejo Dylan saindo do carro com uma expressão de quem não faria coisa boa. Ele passa por mim abruptamente, batendo em meu ombro com força, chega próximo a Hunter e lhe dá um soco. Jogo minha mochila no chão e corro até lá. Hunter sem entender nada leva a mão até a boca ensanguentada e franze o cenho, se o homem que o acompanhava não segurasse Dylan a situação pioraria.
— Qual é o seu problema, garoto?! — Hunter pergunta enquanto enxuga o sangue que escorria.
Você, você é o problema de todos! — Dylan resmunga entre dentes.
Dylan consegue se soltar e vai novamente para cima de Hunter, eu tento segurá-lo, mas o mesmo me empurra para longe. Antes que ele pudesse dar outro soco, Hunter o empurra para longe, atraindo olhares das pessoas na rua. Dylan parecia insaciável, mesmo sabendo que não venceria Hunter, ele foi para cima mais uma vez, desta vez levou um soco bem dado no queixo.
mãe aparece na porta com um expressão
O que está acontecendo aqui?! — Perguntou
Eu sei de tudo — Dylan diz enquanto se recupera do soco —, no fim vocês dois se merecem.
embora deixando todos em silêncio. Quando não é mais possível ouvir o barulho do carro dele, nós vamos para dentro. Mamãe estava mais preocupada com Hunter do que com o que Dylan
até a geladeira e pego um saco de ervilhas, volto para a sala de jantar e Hunter estava sentado em uma cadeira enquanto minha mãe conversava com o
firme. — Entrego o saco de ervilhas para
Estou bem, não foi
chamar a polícia! — Mamãe fala
Hunter balança a cabeça.
— Está tudo bem.
ainda está em recuperação... de onde veio esse garoto, por que ele lhe bateu? — Perguntou ela dando voltas na
parecia estar fechando. Olhei para Hunter nervosa, inda não estava preparada para dizer toda
está na minha hora. Nos vemos outro dia, Hunter. Melhoras. — O advogado informa pegando sua
— Vou levá-lo até a porta.
que eles somem da sala eu me aproximo de Hunter, ele olhou para mim de