Eu não conseguia mais prestar atenção nas aulas, as coisas pareciam muito vagas na minha cabeça e a todo momento eu pensava em Hunter e no seu depoimento, ele deveria estar nervoso, queria poder estar com ele e segurar suas mãos. Passei minhas mãos pelo rosto. Esperar estava me deixando maluca.
— Charlie, você está prestando atenção na aula? — A professora pergunta.
Pisco algumas vezes e assenti.
— Sei que as coisas não foram fáceis para você, mas tente se concentrar na aula ou terei que chamar seus pais. — Ela volta a caminhar pela sala e desvia seu olhar do meu.
Seguro firme meu lápis contra a folha de papel ao ouvir as pessoas ao redor rirem, já estava virando hábito fazerem isso. Torci para aquela última aula acabar logo.
No fim da aula, segurei firme nas alças da minha mochila e passei pelo corredor de cabeça baixa, ainda era possível ouvir os outro cochichando. Vejo Emma e Adam vindo na minha direção de mãos dadas, eles finalmente tinham assumido algo após tudo que aconteceu. Nós caminhamos para fora da escola, vejo um carro familiar parado em frente, meu coração quase saiu pela boca quando Dylan saiu de dentro dele e olhou para mim.
— O que o Dylan está fazendo aqui? — Perguntei em um sussurro.
— Acho que ele veio te ver.
Caminho em passos lentos até ele. Sentir o seu perfume lembrava do que aconteceu da última vez que nos vimos, e se eu contasse sobre o Hunter deixaria ainda mais explícito que eu só o usei. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele me puxou para um abraço apertado, fiquei sem reação, com as mãos literalmente atadas.
— Senti sua falta. — Ele diz entre meus cabelos.
Retribui o abraço. Meu coração disparou por estar tão perto ao dele.
Der repente ele para o abraço.
— Posso te levar para casa?
Olho para Emma que balança a cabeça.
— Pode ir. Eu e Adam vamos ao shopping antes.
Eles foram embora me deixando com Dylan. Olhei para ele e sorri. Dylan abriu a porta para mim e nós fomos em direção a um ligar qualquer, o silêncio entre nós não estava confortável, eu me afundava cada vez mais no acento do carro, querendo sumir daquela situação e chegar logo em casa.
— Não pude ir no hospital, sua mãe nem deixou te visitar. — Disse ele quebrando o silêncio.
— Ah — exclamo —, a minha mãe consegue ser desconfortável quando quer.
— Deveria dizer para ela.
— O quê?
— Que somos namorados.
Meu peito ardeu. Me perguntei desde quando aquilo era verdade, nós só transamos uma vez, não era motivo para um namoro.
— Você está bem? Ficou pálida der repente. — Ele olha ligeiramente para mim.
— Está tudo bem, minha cabeça ainda anda confusa.
— Para onde quer ir? Podemos ir ao cinema ou à praia...
— Eu quero ir para casa, não estou bem para passear por aí.
Ele olhou para mim aparentemente decepcionado. Apertei meus olhos com força. Eu não queria magoar o Dylan, mas também não queria estragar as coisas entre mim e o Hunter, eu amava Hunter, agora faria de tudo para ficarmos juntos, mesmo com a gravidez da Ashley e os olhos azuis de Dylan me olhando com tristeza.
O carro parecia pequeno demais para nós dois e nossos sentimentos, eu podia ouvir a respiração falhada dele. Quando finalmente chegamos em frente à minha casa, ele desligou o carro e relaxou suas costas no banco. Dylan queria uma explicação.
— É por causa dele, não é? — Sua voz saiu em um quase sussurro.
Eu não respondi. Não tinha voz para dizer qualquer coisa.
— Me diz! — Ele grita. Eu me assustei e as lágrimas começaram a querer aparecer, mas Dylan continuou — por que chamou ele naquele dia? Por que não a mim?
— Eu não sei...
— Você sabe! Eu sei no fundo, você nunca vai esquecer ele, Charlie. Mesmo depois de tudo que aconteceu... — os olhos dele estavam vermelhos — você prefere machucar aos outros e a si própria.
— Você não o conhece! — Rebato.
Dylan solta um sorriso nasal e olha para mim.
— Eu sei o que caras como ele querem com meninas como você. Hunter está te usando, usando você!
— Cale a boca! — Explodo — Você não o conhece, não sabe nada sobre ele. Nós transamos e agora você já quer decidir tudo por mim?
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O estrangeiro