Eu esperava que aquela fosse a última vez que eu fosse ver o meu quarto na pensão. Ficar aqui me lembrava da minha chegada há quase 1 ano atrás. Um sentimento estranho aparecia em meu peito ao lembrar que eu já estava todo esse tempo longe de casa, não tinha saudade, mas eu nunca esqueceria meu lugar de origem.
Sinto um braço envolver minha cintura, era Charlie com seu belo par de olhos azuis.
— Acho que não aguento mais me afasta de você. — Ela diz.
Eu me viro para seu encontro e passo meus braços ao redor dela. Sua mãe havia saído, não tinha algo que pudesse nos impedir.
— Muito menos eu.
— Então não vá.
Me esquivo para encostar minha testa na dela. Fixo meus olhos nos seus.
— Você sabe que preciso voltar, estar aqui não faz bem para nós dois. É muito arriscado.
— Logo todos vão saber, meu aniversário de 18 está cada vez mais próximo, então nada vai nos impedir.
Solto um sorriso nasal e deposito um beijo demorado em seus lábios.
— Charlie? — Emma aparece no quarto — Está na hora de irmos para a escola.
— Tudo bem.
Emma sai do quarto nos deixando a sós novamente.
— Meu último mês de aula, chega até a ser estranho. — Comenta Charlie ainda em meus braços.
— Daqui há alguns meses você será uma caloura, vai perceber que é mais incrível. — Dou um beijo em sua testa.
— Vai se virar sem mim?
— Vou tentar.
Ela sorrir e umedece os lábios.
— Eu te amo.
Eu ainda não estava acostumado a dizer aquelas palavras, nunca tinha tido aquilo para alguém, então eu preferia deixar para momentos menos arriscados.
— Cuide, se não vai se atrasar.
Charlie sorri e vai embora.
Observo minha mala que mais uma vez está pronta, os dias na casa dele acabaram, se não fosse por Charlie eu ficaria mais feliz em voltar para meu apartamento apertado.
Rick me ajuda com as minhas malas e me leva até meu apartamento, nós fomos em silêncio completo, mas algo parecia incomodá-lo pois ele batia o indicador repetidamente contra o volante.
— Está bem? — Pergunto quebrando o silêncio estranho.
Pude ver por baixo de seu bigode que ele sorriu.
— Não é nada.
— Parece que está querendo falar algo, mas não tem coragem para dizer.
— Bem, eu não quero ser o pai chato, mas sei que você e Charlie estão juntos.
Eu quase engasguei com a minha própria saliva. Sabia que Rick era anos mais esperto que Donna, mas eu tive quase certeza que durante esses 15 dias tínhamos sido cautelosos.
Balanço a cabeça e ele estende sua mão em sinal de paz.
— Eu não sou idiota, Hunter. Conheço Charlie melhor que qualquer um, sei quando ela está apaixonada.
— Sinto muito. — Digo.
— Tudo certo. Não vou estragar as coisas entre vocês — ele pigarreia —, mas preciso saber suas intenções com a minha filha, se realmente gosta dela...
Senti a gola da minha camisa apertar, estávamos mesmo tendo aquela conversa? Rick nunca me pareceu ser uma pessoa rígida, mas agora ele estava fazendo minhas mãos suarem.
— Amo a sua filha, disso você pode ter certeza.
— Sei que ama, o que você fez por ela já demonstra isso. Mas Hunter, só amor não segura relacionamento nenhum.
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