O estrangeiro Capítulo 62

Charlie narrando:
Não conseguia olhar para meu pai da maneira que queria, ele parecia contente por me ver novamente, mas eu só conseguia pensar em Hunter e que sua viagem seria no dia seguinte.
Limpo a lágrima quente que escorreu em meu rosto. Vejo meu pai olhar ligeiramente para mim, aperto Bob em meu colo e encosto minha testa no vidro do carro.
— Bonito o cachorro. — Indagou meu pai.
— É o Bob.
Meu pai pigarreia.
— Sinto muito pelo que aconteceu.
Balanço a cabeça.
— Hunter é um egoísta.
— Não acho que seja, muito contrário. Ele parecia amar tanto voce que a deixou ir, no fim fez a coisa certa.
Eu não podia dizer que meu pai estava errado ou demonstrar a raiva que senti por suas palavras, toda vez que eu tentava entender o lado do Hunter meu peito ardia em fúria. Eu sentia que não iria perdoá-lo nunca.
Chegamos em frente a nova casa dos meus pais, a pensão foi vendida há alguns meses atrás, seria bom para não manter as lembranças de Hunter vividas. Com Bob no meu colo, peguei minha mochila, segui meu pai até entrarmos em casa. Não era a mesma, mas o cheiro da comida da minha mãe me fazia sentir como se fosse. Eu não desejava ver minha mãe, disse isso ao meu pai apenas pelo olhar.
— Vou levá-la ao seu quarto. — Papai diz.
Eu o sigo pelas escadas, a casa era menor que a outra. Ele abre uma porta que dá acesso à um quarto simples, dentro dele haviam algumas caixas.
— Sua mãe preferiu não mexer nas suas coisas.
Assenti.
Coloquei Bob encima da cama e me sentei ao seu lado.
— Acho que precisa de um momento a sós, qualquer coisa me chame.
Papai saiu do quarto e fechou a porta.
Olhei para o lado, a janela desse quarto era mais ampla e a cor branca fazia eu me sentir em um manicômio.
Deito na cama, olho fixo para o teto, minha cabeça não conseguia aceitar. Sou acordada de meus devaneios por Bob limpando minhas lágrimas com sua língua, pela primeira vez no dia eu sorrio.
— Não faça isso, seu pestinha... — trago ele para meu colo e beijo sua cabeça.
Ouço duas batidas na porta, em seguida a mesma e aberta e vejo o rosto de minha mãe pela fresta. Eu não sabia como reagir.
— Posso entrar? — Perguntou.
— Tudo bem.
Ela entra.
Parecia que não tínhamos mais intimidade.
— Espero que tenha gostado da nova casa.
Me sento novamente na borda cama e assenti.
— É uma bela casa, mas não faz diferença porque irei para a faculdade logo.
Bob corre até ela com o rabinho abanando, a mesma se agacha até a altura dele e o pega nos braços.
— Qual o nome dele?
Você nem gosta de animais.
— Não diga isso. — Respondeu ela como se eu tivesse a ofendido.
meus cabelos para trás já impaciente.
— Você deve estar muito contente agora.
Ela levanta do chão.
— Eu nunca estarei feliz pela sua infelicidade, Charlie.
um sorriso nasal. Mamãe se aproxima de mim como se eu fosse fugir.
— Por favor, me deixa tentar...
— Eu sinceramente não estou pensando na nossa briga agora. — As lágrimas pesam no meu rosto.
Mamãe senta ao meu lado e me puxa para um abraço, não pude conter e retribui. Eu não sabia o quando sentia sua falta, o quanto necessitava de seus braços até tê-los
— Eu o amo, mamãe. Meu peito dói.
— Eu sei, meu amor. — Disse enquanto passava suas mãos pelo meu cabelo. ─ Mas a vida nos faz tomar decisões difíceis as vezes.
[...]
O caminho até a universidade de Michigan foi lento, mas proveitoso para minha mãe pois ela adorava viagens de carro. Eu olhava a paisagem pela janela do carro, o percurso cheio de vegetação de um lado e do outro me fazia pensar em como seria os meus anos presa lá. Olho para o lado e Bob dormia, ele moraria comigo no pequeno apartamento que aluguei, seria meu único companheiro.
chegamos na parte com casas e pessoas nas ruas eu sabia que já estávamos perto. Um nó surgiu na minha garganta. Logo podemos ver o grande prédio que eu
— É muito bonito. — Resmungo.
Sim, é mesmo. — Minha mãe
dirigiu até os apartamentos onde os estudantes costumavam ficar, de repente o carro parecia pequeno demais para a minha ansiedade. Quando finalmente estacionamos em frente ao meu dormitório eu pensei em não sair do carro, mas de qualquer forma peguei minha mochila e a guia de
apartamento era pequeno, apenas um quarto e banheiro, nada muito luxuoso pois seria temporário. Meus pais me ajudaram a trazer as minhas coisas, não tinha muitas malas, mas as caixas com livros fizeram meu pai dar duas voltas. Quando finalmente já estava tudo dentro do apartamento nos sentamos no
Por deus, não sabia que tinha tantas coisas.
arrumar as caixas. —
precisa, posso me virar
pais pareciam não querer dizer o tão evitado "tchau", no fundo nem eu queria. A cada minuto que passava sentia ainda mais a
Bem, temos que voltar antes que escureça. — Papai
verdade, viajar a noite não é
levantam do sofá, tento não entrar em
Querida, não vai se despedir? — Indagou mamãe com os
— Não...
— Tudo bem, então...