Charlie narrando:
Não conseguia olhar para meu pai da maneira que queria, ele parecia contente por me ver novamente, mas eu só conseguia pensar em Hunter e que sua viagem seria no dia seguinte.
Limpo a lágrima quente que escorreu em meu rosto. Vejo meu pai olhar ligeiramente para mim, aperto Bob em meu colo e encosto minha testa no vidro do carro.
— Bonito o cachorro. — Indagou meu pai.
— É o Bob.
Meu pai pigarreia.
— Sinto muito pelo que aconteceu.
Balanço a cabeça.
— Hunter é um egoísta.
— Não acho que seja, muito contrário. Ele parecia amar tanto voce que a deixou ir, no fim fez a coisa certa.
Eu não podia dizer que meu pai estava errado ou demonstrar a raiva que senti por suas palavras, toda vez que eu tentava entender o lado do Hunter meu peito ardia em fúria. Eu sentia que não iria perdoá-lo nunca.
Chegamos em frente a nova casa dos meus pais, a pensão foi vendida há alguns meses atrás, seria bom para não manter as lembranças de Hunter vividas. Com Bob no meu colo, peguei minha mochila, segui meu pai até entrarmos em casa. Não era a mesma, mas o cheiro da comida da minha mãe me fazia sentir como se fosse. Eu não desejava ver minha mãe, disse isso ao meu pai apenas pelo olhar.
— Vou levá-la ao seu quarto. — Papai diz.
Eu o sigo pelas escadas, a casa era menor que a outra. Ele abre uma porta que dá acesso à um quarto simples, dentro dele haviam algumas caixas.
— Sua mãe preferiu não mexer nas suas coisas.
Assenti.
Coloquei Bob encima da cama e me sentei ao seu lado.
— Acho que precisa de um momento a sós, qualquer coisa me chame.
Papai saiu do quarto e fechou a porta.
Olhei para o lado, a janela desse quarto era mais ampla e a cor branca fazia eu me sentir em um manicômio.
Deito na cama, olho fixo para o teto, minha cabeça não conseguia aceitar. Sou acordada de meus devaneios por Bob limpando minhas lágrimas com sua língua, pela primeira vez no dia eu sorrio.
— Não faça isso, seu pestinha... — trago ele para meu colo e beijo sua cabeça.
Ouço duas batidas na porta, em seguida a mesma e aberta e vejo o rosto de minha mãe pela fresta. Eu não sabia como reagir.
— Posso entrar? — Perguntou.
— Tudo bem.
Ela entra.
Parecia que não tínhamos mais intimidade.
— Espero que tenha gostado da nova casa.
Me sento novamente na borda cama e assenti.
— É uma bela casa, mas não faz diferença porque irei para a faculdade logo.
Bob corre até ela com o rabinho abanando, a mesma se agacha até a altura dele e o pega nos braços.
— Qual o nome dele?
— Bob. Você nem gosta de animais.
— Não diga isso. — Respondeu ela como se eu tivesse a ofendido.
Levo meus cabelos para trás já impaciente.
— Você deve estar muito contente agora.
Ela levanta do chão.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: O estrangeiro