Charlie ativava o pior em mim. Eu voltei a me sentir inconsequente como antes, mas desta vez eu deixaria que ela me levasse até a parte mais escura da minha vida, aceitei isso a partir do momento que a toquei. Ela era minha agora. Ela sorriu mais vez para mim antes de ir para seu quarto. Me apoiei na parede e suspirei, não lembrava do quão bom era sentir essas coisas novamente.
Fui para meu quarto, numa tentativa de esfriar a cabeça. Tomei uma ducha bem demorada e me vesti, Denner havia me chamado para sair e seria até bom para esfriar a cabeça já que eu passei a tarde inteira estudando. Vesti uma calça e uma camisa social enrolada até o antebraço. Peguei meu celular e mandei mensagem para Denner combinando tudo, ele me passou a localização e eu desci para chamar um taxi.
— Está bonito, senhor Lins. — Donna comenta.
— Ah, obrigado. — Digo com a cara mais lavada que nunca. Nem parece que eu estava fazendo coisas com a filha dela há algum tempo atrás. Eu pensava que me sentiria mal com essas coisas, porém, aquela adrenalina de ser pego a qualquer momento me dava mais tesão.
Charlie desceu com seu vestido florido e o cabelo penteado. Eu adorava quando ela usava batom vermelho, seus lábios fartos e curtos ficavam tão perfeitos. Ela não precisava de nada além de um batom para se sobressair entre todas as mulheres.
— Volte amanhã cedo! Você não está de castigo, mas não me irrite. — Dona sussurra no ouvido de Charlie, eu pude ouvir.
— Está bem, mamãe. — Ela revira os olhos. — Hunter, vai para onde?
— Pare de ser tão intrometida! Meu deus. — Donna reclama.
— Não, está bem. Vou a um bar.
— Mamãe, poderia dividir o taxi com ele.
— Não, onde já se viu?!
— Pelo menos assim ela não vai sozinha. — Tento.
Donna suspira e se rende.
— Está bem, mas Lins, se ela sair do percurso habitual você me avise!
Ela fala dar um beijo em Charlie e vai para a cozinha. Olho para trás me certificando que a mãe dela havia mesmo ido embora.
— Está muito bonita. — Digo, ela cora imediatamente.
— Obrigada, Hunter. — Ela sorrir e coloca uma mecha de seu cabelo loiro atrás da orelha. — Para onde vai?
— Encontrar um amigo do trabalho. Tenho que me distrair dessa vida de estudos. E você, garotinha?
— Vou ver uma amiga.
Donna aparece e entrega algo nas mãos de Charlie.
— Quero você cedo em casa, nada de ficar perambulando por aí com seus amigos. — Disse rígida.
Chamei o taxi e depois de alguns minutos fomos para o carro. Charlie sentou-se ao meu lado, parecia tímida, eu a encarei e a mesma sorriu para mim.
Durante o percurso, percebi que o motorista olhava de vez enquanto para Charlie pelo espelho retrovisor, aquilo estava me incomodando. Ele era velho, provavelmente tinha idade para ser o pai dela.
─ O que os adolescentes de hoje em dia fazem quando estão sozinhos? ─ pergunto.
─ Nada que você já não tenha feito. ─ ela me lança um olhar divertido.
Franzo o cenho. Não imaginava Charlie quebrando os vidros dos carros ou bêbada ao ponto de nem saber como voltou para casa. O motorista olha para nós pelo retrovisor, eu vejo os olhos dele percorrendo todo o vestido da Charlie até chegar no meio de suas pernas. Ela parecia não notar, ao invés disso, estava olhando pela janela ao seu lado.
─ Poderia prestar atenção na estrada a sua frente? ─ indago olhando para o velho.
Ele disfarçou, e eu passei a prestar mais atenção na direção que seus olhos iam. Minutos após, nós chegamos na primeira parada, era em frente a uma casa grande, a amiga de Charlie esperava por ela na porta da frente. Ela pegou sua mochila, mas antes de sair me deu um beijo rápido. Eu fiquei completamente surpreso e não soube como reagir.
─ Não saia de casa ─ olho ligeiramente para o motorista ─, estou falando sério.
Ela assentiu e foi ao encontro da amiga. Após, fomos direto ao bar, antes de sair do carro, olhei feio para o velho, ele não conseguiu sustentar o olhar em mim por muito tempo.
— Hunter! — Sinto alguém me abraçar por trás. Infelizmente era a Ashley.
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