Ficar sozinha não ajudava meus pensamentos, eu constantemente lembrava dos olhos de minha quando saí ou como meu pai ficou triste por eu recusar ficar. Precisava da minha vida, a vida que não tive durante anos, eu não sabia como começará, mas não queria que fosse presa.
Olhei ao redor, o quarto do Hunter parecia mais aconchegante quando ele estava por perto, agora o barulho dos carros do lado de fora eram a única coisa a me tirar dos meus devaneios.
Levantei da cama e fui para a cozinha em busca de algo para comer, a geladeira de Hunter parecia brilhar com tantos doces que nunca constatei na vida.
Peguei alguns e coloquei em cima da mesa, pensei no que mamãe diria se me visse comendo isso.
— Não tem mais o falar, mamãe. — Resmungo.
Olho para o lado e vejo uma caixa de som, automaticamente penso em todas as músicas que poderiam ser tocadas ali, as que falam de palavrões e relações sexuais. Coloquei uma e aumentei o som, era bom poder cantar sem ter ninguém brigando.
Hunter disse que eu poderia comer o que quisesse, então para o almoço teria pizza e milk-shake. O entregador me olhou torto ao me ver apenas de blusa e calcinha, fechei a porta na cara dele e ataquei a pizza.
Mais tarde, quando a noite caiu, decidi me arrumar para a chegada de Hunter, eu não sabia qual horário ele costumava voltar, porém, seria boa uma recepção mais calorosa. Tomei banho em sua banheira espaçosa, depilei até não haver mais nenhum pelo inconveniente, arrumei os cabelos — o que eu nunca mais havia feito — e passei o batom cor de vinho que Emma me deu, um vestido simples e eu já estava pronta. Sentei no sofá com uma música suave tocando ao fundo. Nas primeiras horas eu realmente pensei que ele tivesse se atrasado, depois cogitei um assalto ou sequestro, mas quando eu abri a garrafa de vinho as horas passaram ainda mais rápido.
Me deitei no sofá com a garrafa já pela metade, fixei meus olhos no teto e sorri, essa liberdade era boa. Ouvi a porta sendo destrancada e pulei do sofá, finalmente era ele, mas Hunter estava com sangue em sua camisa, sem gravada e com o paletó no antebraço.
— O que aconteceu?! — Olho o estado de sua camisa branca enrolada até o cotovelo.
— Longa história. — Ele franze o cenho — você bebeu?
— Sim, por que você demorou muito.
Ele larga suas coisas em um canto qualquer, passa por mim e se joga no sofá. Sento ao seu lado e observo seus olhos fecharem.
— Ashley precisou de mim, ela quase morreu hoje, mas a bebê nasceu e Denner é pai de novo. — Ele disse de uma forma dolorida.
— Sinto muito, Hunter…
— Estou bem, não era para ser.
Passo minha mão em seu rosto.
— Pelo menos agora posso ter um filho com a mulher que amo, você.
Uma onda de calor atravessou meu corpo, Hunter estava mesmo dizendo aquilo? Por deus, era tudo o que eu mais queria.
Subo em seu colo.
— Quer tomar um banho? — Sugiro.
— Só se for com você. — Ele passa a mão pela minha canela — sinceramente prefiro seu cabelo bagunçado e os pelos sua perna.
Ambos rimos.
Eu o ajudei a tomar banho e passamos mais uma noite intensa, juntos, Hunter era o amor da minha vida e ninguém tiraria isso de mim.
[...]
Meses depois...
Os meses passaram e mais uma vez iniciou-se um novo ano. Agora eu já estava empregada em uma biblioteca, eu era quem arrumava a bagunça dos clientes, servia café e sugeria livros para compra, não era o melhor trabalho, mas me ajudava a não depender totalmente do Hunter. Nós nos mudamos para outro apartamento, um mais confortável, pois adotamos um cachorrinho — que apelidamos de Bob— e segundo Hunter ele merecia mais espaço. Não falava com a minha mãe desde o dia do ocorrido, às vezes eu sentia falta, mas a minha nova vida me mantinha mais ocupada.
O sino da porta toca mais uma vez, mas agora diferente, pois Beatriz vinha me visitar.
— Pensei que não viria. — Resmungo.
— Você sabe como é o trânsito aqui, pavoroso! — Ela coloca sua bolsa em cima da bancada.
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