Benjamim não queria que Dominique desse recado coisa nenhuma, então ele foi atrás de Antonela, a segurou firme nos ombros e, olhando em seus olhos marejados, lhe disse:
— Eu não vou permitir que isso aconteça.
Antonela fechou os olhos, mas as lágrimas atravessaram seus cílios.
Não soube se poderia confiar nele, ou se ele estava dizendo tudo isso por pena para acalmá-la, mas Antonela queria que o pesadelo terminasse. Se tivesse sido corajosa o suficiente, teria ido embora e nada disso estaria acontecendo.
Mas não evitaria que Adam ficasse doente, não evitaria que ela procurasse Benjamim para salvar a vida de Adam. Por mais que ela corresse para longe, a vida daria um jeito de uni-los mais uma vez. Não havia para onde correr, ela e Benjamim estavam unidos desde o primeiro dia em que foram prometidos em casamento uma para o outro.
Perdida nos próprios pensamentos, não viu quando ele abaixou as mãos, sentindo apenas ele as agarrando.
Tocar em alguém era difícil para ele, ainda mais se esse alguém era Antonela. Puxou-a para mais perto e a abraçou. Embora estivesse assustada e com raiva, de Benjamim também, Antonela não se afastou. Deixou-o envolver.
Ficaram assim por algum tempo, enquanto Benjamim tentava administrar os próprios sentimentos. Quando se afastou, viu seu rosto perto do dela e as lembranças do beijo revisitaram. Ele fechou os olhos e inclinou o rosto, pressionando os lábios contra os dela. Ela apertou a nuca dela, trazendo para mais perto, mas Antonela não reagiu. Ela também queria ser beijada, embora aquilo estivesse sendo feito em um momento de fragilidade.
Benjamim se afastou com a respiração pesada no peito. Antonela conseguiu sentir isso, senti que ele não queria sair dali.
— Por que está fazendo isso? – ela sussurrou e seu semblante era de dúvida.
Benjamim entendeu bem a pergunta, mas sentiu não estar preparado para falar sobre os próprios sentimentos. Foi como se o medo de ser rejeitado o paralisasse naquele exato momento. Embora seus olhos estejam vidrados nos dela, exalando todo o seu amor, ele deu um passo para trás, criando uma distância insuportável entre eles.
— Prometo que conto tudo depois – as palavras dele frustram-na – eu só peço que confie em mim e que me deixe consertar as coisas.
Era um pedido difícil e Antonela pareceu pensar bastante sobre aquilo. Tinha algo diferente em Benjamim, coisa a qual ela não soube decifrar. Queria acreditar que ele estava sendo sincero, mas sentia medo de se tornar emocional e cenas emocionais sempre a apavoravam. O fato de amar Benjamim em segredo não ajudava em nada.
— O que vai fazer? – Além disso, estava curiosa.
— Vou pedir alta e resolver as coisas – as palavras dele aumentaram seus medos.
Ele não podia fazer aquilo, mas Antonela não teve tempo de impedi-lo ou gesticular qualquer coisa. Observou se afastar, embora seus olhos ainda estivessem vidrados nos seus, ela não conseguiria impedi-lo.
— Cuide do Adam – ele virou as costas finalmente – voltei para dar notícias.
Antonela não o viu parar e olhar para trás. Ficou paralisada no mesmo lugar com o gosto dele na sua boca enquanto seu coração pedia por mais. As coisas não deveriam ter terminado assim. Ela devia ter gritado, brigado com ele, dito que tudo isso era sua culpa, mas acabou nos braços do homem que a abandonou.
Aquilo era uma loucura.
Benjamim também achava, ainda mais sobre o que estava prestes a fazer. Caminhou até o consultório do médico que o atendia. Teria uma conversa delicada com ele. Antes, passou no quarto, chamou Fred para acompanhá-lo e seguiram até seu destino.
— Não deveria estar de pé, senhor Dylon – disse, caminhando até ele e o segurando como se ele fosse cair.
Benjamim ficou satisfeito com a resposta dele. Depois disso, voltou para o quarto e, enquanto realizava todos os exames, viu o olhar curioso de Fred recair sobre ele.
— O que sua mãe disse, é verdade? – a voz em um tom baixo – o senhor vai falir?
— Já viu um bilionário falir? – indagou com um tom sério, embora tivesse um sorriso em seu rosto – a empresa que o meu pai fundou arrisca perder muito dinheiro, mas Carlota é ótima no jogo das palavras. Só disse aquilo para me amedrontar. Ela não entende nada de finanças.
Ele ouviu quando Fred soltou o ar com rapidez dos pulmões.
— Você não vai perder o seu emprego, Fred, não se preocupe com isso – alargou o sorriso.
Os resultados dos seus exames só saíram na manhã do dia seguinte e o médico, tendo em mãos, o deu alta. Ele assinou o termo de compromisso, arrumou suas coisas e chamou um motorista para levá-lo até em casa.
— Não vai se despedir da senhorita, Antonela? – a pergunta de Fred o pegou desprevenido.
— Melhor não – ele disse, lembrando-se do beijo que havia dado nela no dia anterior – volto em breve para vê-la.
Fred se calou e isso disparou alguns alarmes em Benjamim.
— Quero que você vá para a casa de Carlota – ordenou Fred – e diga que a espero em minha casa. Chegou a hora de consertar as coisas.

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