— Estamos velhos demais para ficar brigando e ressuscitando o passado – ela disse – você está desculpado e espero que viva sua vida em paz e feliz a partir de agora.
Henrico sentiu um bolo sufocando sua garganta. Ele nunca foi um homem de ter conversas sentimentais com nenhuma mulher. Sempre teve dificuldades de expressar seus sentimentos ou de pedir desculpas. Mas se Carmélia estava o desculpando, ele considerou que a conversa estava encerrada.
Mas não deixou de se surpreender com a rapidez com que as coisas aconteceram.
Chegaram ao presídio três horas depois. Sentiu as costas ardendo e Carmélia saiu do carro reclamando de dores no joelho. Eles riram da situação, embora fosse trágica pelos motivos que o levavam ali.
Quando Alessia apareceu na sala de visitas, Henrico sentiu vontade de chorar. Nem mais parecia a mesma menina que ele cuidou e amou durante toda a vida. Estava magra, pálida e sem nenhum brilho no rosto.
Ela se aproximou, algemada, sentou-se em frente a eles e permaneceu em silêncio, de cabeça baixa.
— O advogado falou comigo e por isso estou aqui – Alessia levantou o rosto de repente, sentindo um duro golpe com as palavras de seu pai.
— Por que está agindo como se a culpada fosse minha, pai? – ela finalmente disse, e havia frieza em sua voz – devo lembrá-lo de que você mentiu sobre minhas origens, que me trancou naquela fábrica m*****a e depois me castigou pelas suas próprias escolhas? Quer mesmo me ouvir dizer que tudo isso é culpa sua?
Carmélia se agitou na cadeira e estava pronta para rebater as palavras de Alessia, mas ele a impediu.
— É claro que a culpa é minha e eu assumo a responsabilidade – Henrico disse e Alessia se surpreendeu – mas eu não quero acreditar que você me chamou somente para isso.
Alessia inspirou com forças o ar. No fundo, ela só queria ver um rosto familiar, sentir que alguém ainda se importava com ela, para depois dizer adeus a tudo isso.
— Quero saber quem pagou esse advogado – ela soltou o ar e erguendo o queixo orgulhosamente, disse a ele – porque se foi a Antonela, quero que o dispense imediatamente.
— Vai passar o resto da sua vida trancafiada nesse lugar enquanto é consumida pelo ódio à sua irmã.

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