Benjamim girou os calcanhares e entrou no escritório sem esperar que as mulheres o acompanhassem. Quando se viu sozinha com Dominique, Antonela quis agarrá-la pelo pescoço e esganá-la até a morte.
— Eu pedi para que mantivesse a boca fechada – ela sussurrava, ainda assim suas palavras transmitiam todo o seu descontentamento com Dominique.
— Eu sinto muito, como eu poderia imaginar que ele estava atrás, escutando tudo.
Dominique sentiu palpitações, como se o seu coração estivesse falhando. Fechou os olhos como se pretendesse esquecer o que havia acabado de acontecer, começando a se arrepender de ter aceitado aquele emprego.
— Torça para que ele não tenha ouvido nada – ela voltou a olhar nos olhos de Dominique – porque serei obrigada a fugir dessa cidade novamente.
Dominique sentiu a culpa, consumindo-a inteiramente até ouvir a voz de Benjamim pela segunda vez. Ele não era um homem que precisava ordenar a mesma função duas vezes. Mas ali estava ele novamente, parado na porta do escritório, esperando pacientemente que ela e Antonela entrassem para que pudessem conversar.
Com passos apressados e quase tropeçando nas próprias pernas, Antonela parou em frente a sala e precisou se esgueirar para passar entre Benjamim e o vão da porta. Tentou ao máximo não tocar nele, mas foi impossível. A sensação que ela tinha era que ele fazia propositalmente. Ela conseguiu ver um sorriso repuxando os seus lábios assim que seus braços se encostaram.
Elas ficaram paradas em pé diante da mesa dele, observando-o se sentar como um rei. Aquele homem era lindo demais e Antonela se viu obrigada a desviar o olhar para não se lembrar da noite em que estiveram juntos. Embora não se lembrasse de muita coisa, ela jamais esqueceria do prazer que ele propulsionou a ela. E imaginar que eles deveriam estar casados agora, causava calafrios nela.
— Sentem-se – a voz dele era alta e gélida.
Dominique estava tão temerosa que sua pressa quase a derrubou. As mãos, tremulas e o medo de ter feito algo errado, a fizeram perder a cor do rosto, ficando pálida como se estivesse prestes a desmaiar. Por outro lado, Antonela parecia não temer a autoridade de Benjamim, permaneceu calma, ainda que temesse que ele tivesse escutado alguma coisa da conversa anterior.
— Senhorita Dominique, por que mentiu para mim sobre o lugar onde você mora?
Ela arregalou os olhos e seu corpo quase desfaleceu.
— O quê? – ela gaguejou quando, sorrindo, continuou – por que eu mentiria para o senhor sobre algo assim?
— Fui até a sua residência ontem à noite e não a encontrei – ele disse, observando a reação das mulheres à sua frente – aliás, a casa está abandonada. Não há ninguém morando naquele lugar há muito tempo.
— O que o senhor foi fazer na casa da Dominique? – Antonela disse em um tom intimidador, o que incomodou bastante Benjamim.
— Isso não importa – ele a respondeu provando que não gostou do modo como ela falava – eu quero saber onde vocês estão morando. São políticas de segurança da empresa.
— Vai ficar me perseguindo agora – a voz de Antonela não foi baixa o suficiente para não ser ouvida.
— O que disse senhorita, Bianchi?
Ela sentiu Dominique aperta a pele do seu braço como se quisesse alertá-la a manter a boca fechada, mas Antonela sabia que tinha razão em suas palavras, já que Benjamim havia a perseguido na noite anterior e ligado para ela horas depois. Olhou com reprovação para Dominique e então corajosamente respondeu.
— Eu não estou morando com a Dominique, se é isso que o senhor quer saber – ela disse, olhando sem temor nos olhos dele – e se precisa do meu endereço para colocar no contrato de trabalho, coloque o endereço do meu pai.
— Sabemos que a senhorita não mora mais lá – ele insistiu e aquilo incomodou ainda mais Antonela.
— Achei que você não falava sobre assuntos pessoais dentro da sua empresa – o modo como ela o desafiava o excitava.
— Estou abrindo uma exceção para você – ele insistiu, se aproximando ainda mais dela – por que Henrico odeia você?
— Jura que não faz ideia? – um ódio crescente se instalou em seu peito quando ela se lembrou da noite em que foi abandonada no altar – a minha vida pessoal não interessa, senhor Dylon. Eu preferiria não ter que falar sobre isso.
Benjamim a observou cautelosamente e entendeu que, no fundo, Antonela o odiava por ter sido rejeitada. Ela olhava em seus olhos e havia fogo neles que poderia o consumir. O que havia entre eles era um grande mal-entendido e Benjamim tinha a chance de se explicar e dizer a ela toda a verdade daquela noite.
— Antonela, eu…
— Se isso era tudo o que o Senhor tinha para me dizer, eu já vou me retirar – ela olhou para ele pela última vez e caminhou, quando ele a agarrou pelo braço e a puxou de volta.
Perto demais, de modo que ela conseguia sentir a respiração dele tocando a pele do seu rosto. O perfume ainda era o mesmo da noite em que ficaram juntos. Ela fechou os olhos para tentar esquecer.
— Eu preciso te explicar o que aconteceu naquela noite – um sussurro e Antonela estava pronta para se entregar novamente a ele.
Mas a porta do escritório se abriu e uma figura feminina surgiu entre eles. Alessia estava furiosa com a cena que via. Avançou em Antonela e a empurrou para longe do seu noivo.
— O que essa mulher faz aqui, Benjamim? – ela chorava – quero que a expulse imediatamente.

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