Chegaram à casa com Vladir ainda intrigado diante do silêncio de Benjamim. Ele deveria estar empolgado com a ideia de que o delegado finalmente decidiu fazer o que ele tanto queria, mas Benjamim parecia distante. Sua mente estava em qualquer lugar, menos ali com ele.
Desceram do veículo com um bolo de perguntas presas na garganta de Vladir prontas para serem soltas, mas Benjamim foi mais rápido.
— Peço que não execute o mandado de busca até que eu conte para Carmélia – Vladir olhou para ele considerando que Benjamim pedia mais do que deveria – você não vai se importar, não é delegado?
— Claro que eu não me importo – Vladir deu a volta no veículo e parou em frente a Benjamim – desde que você me conte o que está me escondendo?
Benjamim já conhecia Vladir há tanto tempo que sabia que ele perceberia seu comportamento estranho. A intenção dele não era esconder a verdade, mas ganhar tempo e estar preparado para dizê-la.
— Por que acha que estou escondendo alguma coisa? – indagou Benjamim.
— Deveria estar me agradecendo por estar investigando isso – ele disse, mas a resposta pareceu fraca – mas essa ruga na sua testa indica que você sabe de alguma coisa, mas não quer me contar.
— No momento certo você vai saber, Vladir – Benjamim desviou o olhar e girou os pés – e aí será sua vez de me agradecer por fazer o trabalho que deveria ser seu.
Exatamente sobre o que Benjamim estava se referindo? Com aquelas palavras, o delegado teve certeza de que Benjamim escondia algo dele e aquilo o deixou inquieto pelo resto do dia.
Antonela ficou surpresa por ver Benjamim de volta em casa duas horas depois que havia saído, embora soubesse o que ele havia ido fazer. Não gostou do que viu no rosto dele. O que a incomodou mesmo foi o fato de Helen ter ligado para a residência por duas vezes atrás de Benjamim. Antonela concluiu que Helen não tinha o número particular do seu marido, porque se tivesse, teria ligado para ele.
— O que o delegado faz aqui? – ela olhou para Vladir, depois para Benjamim, prevendo o pior.

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