O ʟᴇɪʟᴀ̃ᴏ romance Capítulo 129

" Tal como o espaço vazio numa pintura, o tempo em que nada acontece tem seu propósito. "

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• ALESSA AMATTO •

Pouca coisa após o chá da tarde Domenico se retirou alegando precisar descansar um pouco, até cogitei a ideia de ir com ele devido à confirmação que minha irmã não dormiria conosco, despertou em mim uma vontade imensa de dar uns beijinhos mais ousados em meu Dom, porém minha mãe desceu e ficamos conversando sobre arte.

— Quero pintar... sinto falta, na verdade, bastante! — disse ela animada — Necessito de material.

— É o que mais temos por aqui mãe, estão no escritório, se quiser podemos ir até lá. — Expliquei e seguimos juntas.

Já no local fiquei apreensiva com seus olhos azuis me encarando...

— Filha, meus parabéns pelo bambino meu raio de sol! — um abraço caloroso veio de encontro a mim, e pude sentir aquela sensação boa de amor e carinho... confirmando que nada mudou! — Como eu queria ter lhe salvado das garras do seu pai filha.

— Não quero falar sobre isso, mãe, na verdade, decidi contar ao Domenico algumas coisas que passei porque ele, sim, merece saber... depois disso, nunca mais tocarei nesse assunto novamente... — fiz um desabafo misturado com um grande apelo, pois meu passado deve permanecer lá! Concordou com um olhar triste — Vem!

Segurei sua mão e fomos para o fundo da grande sala para poder pegar quantas telas quisesse.

— Essa maior é para quê filha? — contei-lhe do incêndio — Nossa! Foi seu pai, não foi? — Estava prestes a responder quando a porta foi aberta.

— Mamãe... — a voz da Lexie ganhou nossa atenção — Achei vocês!

Agora com as roupinhas adequadas aparentemente, Lexie está bem melhor. Fiquei sabendo que Antônia e o Gaetano compraram roupas para ambas. — Com um imenso sorriso se aproximou da gente.

— Mamãe, amanhã vamos ao vinhedo vindimar! — eufórica declarou toda sabida — Papai disse que chegou o grande dia de pisar nas uvas! — com a boca aberta relatou — Mamãe, finalmente vou pisar nas uvas!

— Todos nós, meu anjinho, preciso renovar minhas energias na prensa... esse ano fui imensamente abençoada com a presença das minhas meninas e um netinho! — Sorri com uma certa euforia percorrendo meu corpo... estou tão ansiosa quanto elas.

" Penso que o sonho do meu Domenico está prestes a se realizar, já que ele garantiu que iria pisar nas uvas com um filho nosso em meu ventre... só errou a data! "

— Mãe... como é? — como se não fizesse a mínima ideia do que estou falando, me encarou — Pisar nas uvas?

— É mamãe, diz como é? — minha mãe segurou nossas mãos e nos arrastou para sentarmos no imenso sofá — Amo essa história irmã, eu adoro muito!

Sorri da animação dela que ficou entre nós e acabei liberando algumas lágrimas quando ela pegou nossas mãos e as colocou sobre a dela.

— Viu mamãe, a santa ouviu nossas orações, estamos juntas! — não aguentei e as puxei para um abraço — ... Conta mamãe, fala para minha irmã da sua história de amor com meu papai!

— Ok! — respirou profundamente antes de iniciar os relatos — Estava na época de vindimar em Cuneo, e fui para a famosa prensa dos Maceratta... — um grande silêncio tomou por completo o lugar e minha mãe tornou a falar, em seguida balançar negativamente a cabeça como se quisesse esquecer alguma lembrança dolorosa — meus dias não estavam nada fáceis, fui para a vinícola com um propósito que não me orgulho, porém, faria novamente só parar te salvar minha Alessa.

— ... Mamãe! — Lexie advertiu estalando a língua no céu da boca — Conta somente a parte boa! — ficou impossível não rir da sua exigência com um biquinho idêntico ao do Domenico — Se chorar vou ficar triste.

— Combinado, meu anjinho... vamos lá — soltou um suspiro exagerado — como falei, cheguei depois da colheita e os diversos toneis que contém por lá estavam completamente cheios de uvas e o lugar inteiro ocupado por turistas. Entrei no meio deles e ao passar pelo grande tumulto ouvia as pessoas relatando que as famosas prensas dos Maceratta eram mundialmente conhecidas por renovar as baterias e era impossível não se sentir feliz. Naquele momento esqueci meu propósito porque fiquei encantada.

— É tão bom assim? Digo, realmente recupera? Hmm, é verdade que nos enche de alegria e felicidade? — Questionei muito curiosa.

— Sim filha! Retirei meus sapatos, minha bolsa e coloquei em um dos armários que os funcionários disponibilizam para guardar nossos pertences, fui para a parte de higienização lavar os meus pés com o jato de água morna, e após todo o processo eles nos ajudam a entrar no tonel — um sorriso lindo dividiu seus lábios — não sabia o que era sorrir verdadeiramente há alguns anos. — Engoliu em seco e mais uma vez negou com a cabeça.

— ... Conta! — Impaciente, Lexie exigiu que continuasse.

— Sim, filha... então, entrei em um dos tonéis, disposta a testar na prática essa tal teoria de que pisar nas uvas nos trouxesse alguma alegria, pois já estava desacreditada de tal sentimento. Cada tonel permitia no máximo 15 pessoas... assim que pisei nas nebbiolo foi a sensação mais maravilhosa que experimentei na vida, e simplesmente fiquei parada sentindo meus pés se afundarem nas uvas.

Lexie deu palminhas devido aos relatos e notei o quanto minha irmã é apaixonada por essa história.

— Às pessoas sorriam de uma maneira tão gostosa e contagiante que me conectei automaticamente, tudo naquele ambiente se tornou mágico! Era como se fossemos espelhos refletindo a alegria um dos outros, uma sensação inexplicável invadiu meu ser de uma forma... que por um breve momento esqueci de todos os meus problemas, e me senti a pessoa mais abençoada do mundo. Comecei a pisar nas uvas tomada pela felicidade. Meus cabelos estavam soltos e usava um lindo vestido florido amarelo. Sentindo-me o próprio sol filha, brilhando de felicita.

Com os hormônios a todo vapor sentia minar lagrimas da alegria compartilhada em meu rosto enquanto Lexie se conectava ao momento com os olhos fechados e sorrindo.

— Em um clima perfeito com pessoas totalmente desconhecida me libertei... não queria que aquele momento terminasse. Fui mais para o canto e estava prestes a cair de bunda sobre as uvas quando senti uma mão grande e macia me amparar, dela emanava um calor aconchegante. — vi que ficou tímida e suas bochechas coraram — Olhei para ver de quem se tratava pensando ser uma das meninas e meus olhos focaram no meu Enrico...

— Que lindo! — declarei em um fio de voz, pois me encontro com os olhos transbordando em lágrimas — Continua mãe, por favor! — Dessa vez fui eu a pedir que avançasse.

— Fixei meus olhos no rosto dele que continha um lindo sorriso e naquele momento Enrico Maceratta me arrebatou em uma paixão intensa, é claro que não sabia de quem se tratava, pois fui até lá para arrumar um emprego com a intenção de destruir o império Maceratta, mas foi tão profundo o sentimento que brotou do nada, que comecei a idealizar uma vida feliz ao lado dele. Naquele dia tudo o que mais desejava era pegar você e sumir com ele pelo mundo.

— Sério? Nossa! — sem ter o que dizer, só expressei minha surpresa por essa história que certamente daria um lindo livro de romance!

— Apenas um pequeno toque de nossas mãos... e um sorriso lindamente genuíno que ele trazia em seus lábios, e que jamais havia visto fez eu me apaixonar perdidamente por Enrico, na época, tinha barba e seus cabelos eram grandes contidos no alto da cabeça em um coque... verdadeiramente uma obra de arte de tão lindo!

— Amo muito essa história, mamãe... — Lexie a puxou para um abraço — um dia vou encontrar um amor puro assim, igual ao dos meus pais.

— Vai, sim, filha! — mamãe beijou sua cabeça enquanto segurava minha mão — Minhas meninas!

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