Entrar Via

O Melhor de Mim romance Capítulo 16

Ponto de vista do Marco:

Ela parece muito pequena sentada na calçada. A princípio, tudo que posso sentir é alívio por ela estar segura, e o lobo dentro de mim se acalma ao vê-la. O cabelo preto, que ela prendeu e enfeitou, pinga em sua pele pálida e brilhante. O vestido vermelho é liso e adere à sua figura, acentuando cada curva suave. Ela estremece de frio, encolhida sob uma árvore, e não posso deixar de me perguntar se ela teria ficado ali a noite toda, esperando por mim.

Não consigo evitar a curiosidade que me enche quando penso nela. Entramos na vida um do outro por puro acaso, mas nunca conheci ninguém como ela. Ninguém nunca me esperou assim, com tanta lealdade e paciência. É uma atitude tola e imprudente, mas... também é gentil, e estou irritado com a estranha sensação de afeto que me preenche enquanto caminho em direção à ela.

___________________

Ponto de vista da Tanya:

Eu me protejo do frio da melhor forma que posso, mas a água escorre entre as folhas da árvore sob a qual estou agachada, encharcando o meu vestido, apesar dos meus esforços. Mas, de repente, a água para e eu olho para cima, surpresa ao ver o Marco segurando um guarda-chuva preto sobre a minha cabeça.

Meu coração dá um pulo ao vê-lo e ele tira a jaqueta sem dizer nada, colocando-a sobre meus ombros para me proteger da chuva. Ele examina minha forma trêmula com desagrado antes de falar:

“Você não deveria estar fora de casa com essa chuva. Há quanto tempo você está aqui, esperando por mim? Você parece uma florzinha triste e molhada."

Honestamente? Não tenho certeza de quanto tempo faz. Perdi a noção do tempo e, agora, só consigo pensar no fato de que ele está aqui.

“Eu não sei… mas eu não podia ir embora. Eu estava com medo de que você aparecesse e eu não estivesse aqui. Eu não faria isso com você."

Ele balança a cabeça em desaprovação, e talvez eu tenha me comportado como uma criança petulante, mas ele veio e me encontrou.

"E, olha." Eu digo, suavemente. "Aqui está você."

Ele fica em silêncio por um momento, considerando minhas palavras enquanto eu olho para ele com pequenas gotas agarradas aos meus cílios. Finalmente, ele suspira, passando a mão pelo cabelo encharcado:

“Tanya, eu não convidei você para vir ao restaurante esta noite. Alguém enviou as flores. Eu nunca comemoro o Dia dos Namorados.”

Meus ombros caem ligeiramente em derrota quando entendo o significado das palavras dele. As rosas, o restaurante... ele não queria comemorar comigo.

"Ah... tudo bem."

Marco suspira, pouco convencido. Então, ele se ajoelha na minha frente para poder olhar nos meus olhos:

“Eu não tinha ideia de que isso era tão importante para você. Nunca me importei muito com as datas comemorativas, mas se soubesse que você se importa, teria comemorado com você."

Apesar do frio exterior, um calor começa a se espalhar dentro de mim quando ele se vira e os meus olhos se arregalam quando o Marco puxa um pequeno buquê de flores silvestres. As hastes estão levemente esmagadas, mas as pétalas delicadas estão intactas e as gotas nelas parecem pequenos diamantes brilhando na noite.

“É tarde, então todas as lojas estão fechadas agora, mas encontrei estas flores agora há pouco.” Diz ele, sua voz suavizando. “Elas me fizeram pensar em você, Florzinha. Vou te dar um presente formal de Dia dos Namorados depois, mas, por enquanto, isso terá que servir."

Florzinha. Eu coro por causa do apelido. Quando cheguei ao restaurante, queria parecer uma rosa elegante para ele, mas essas flores delicadas e coloridas são muito mais bonitas. Prefiro ser a Florzinha do Marco do que uma rosa luxuosa. Pego o pequeno buquê da mão dele, emocionada com o gesto.

"Elas são perfeitas." Sussurro. "Obrigada."

Algo faz os cabelos da minha nuca se arrepiarem e a estranha sensação de estar sendo observada desvia o meu olhar do Marco. Entre a chuva e as sombras, juro que vi os olhos da Ayana nos observando do outro lado da rua, cheios de desprezo e indignação. Mas, quando pisco e olho novamente, não há nada lá. Talvez eu tenha imaginado.

"Marco... Você está bem?"

"Estou bem!" Ele rosna.

A respiração dele fica trêmula e ele luta para se acalmar enquanto o medo corre em minhas veias. O que está acontecendo com ele?

"Vá para o seu quarto, Tanya."

Percebo que é uma ordem, não um pedido, mas hesito em sair do lado dele quando ele está nesse estado. A preocupação me puxa para ele, e eu dou um pequeno passo em sua direção na esperança de confortá-lo, mas ele se afasta bruscamente como se estivesse tentando manter uma distância segura entre nós dois.

“Eu não quero deixar você sozinho assim. O que aconteceu?"

“Eu disse que estou bem!” Ele late para mim, com um tom feroz e autoritário.

Me encolho um pouco, assustada com a agressividade, e posso vê-lo lutando para manter a calma.

“Apenas vá para o seu quarto.” Ele resmunga, como se fosse difícil pronunciar as palavras. “Não vou mandar de novo. Tranque a porta e não saia até o sol nascer, aconteça o que acontecer."

Não ouso desobedecer, então corro para o meu quarto e faço o que ele disse. Tento me preparar para dormir, mas não consigo parar de me preocupar com o Marco. Seco meu cabelo com uma toalha e coloco a camisola, ficando com a aliança de casamento e o colar de rubi, como sempre faço.

Estou começando a me perguntar como vou conseguir dormir se estou tão preocupada com o Marco quando um uivo horrível rasga a noite. Me viro, em pânico por causa do som, e o meu olhar pousa na janela do quarto enquanto o rugido ecoa ao meu redor. Lá fora, em meio à escuridão, a lua cheia brilha no céu.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: O Melhor de Mim