“Seu pestinha”, provocou Selene, dando leves tapinhas na cabeça de Arthur. “Sua mãe nem sabe quem é seu pai, e você aí, sonhando com essa ideia de ter um? Agora, madrinha você tem, hein? Que sorte a sua!” Ela sorriu, observando de perto qualquer reação no rostinho do menino.
Será que ele está mesmo rejeitando meu carinho?
Arthur fez um biquinho teimoso, com o corpinho todo tenso de indignação. “Não me importo. A mamãe disse que a gente veio procurar o papai!” A voz era pequena, mas cheia de firmeza.
Selene não resistiu e se aproximou, dando um beijo estalado na bochecha dele. “Essas bochechas... como conseguem ser tão fofas e elásticas?”, disse entre risadas, cheia de carinho.
Os olhos de Arthur se arregalaram, e ele fez uma expressão de horror teatral: “Mamãe, ela... ela me tocou!”, exclamou, segurando o peito como se tivesse sofrido um golpe mortal.
Jessica, que criou o filho com pouquíssimo contato externo, entendeu bem aquela reação. Ele era extremamente leal a ela, e desconfiado de qualquer estranho.
“Um beijo e já é ataque?”, riu Selene, achando o exagero dele uma graça.
Jessica também caiu na gargalhada, enquanto delicadamente tirava Arthur dos braços da amiga. “Ele é um pouco tímido com pessoas novas. Dá uns dias, e ele se solta.”
Selene ergueu uma sobrancelha, com seus lábios se curvando num sorriso malicioso. “Certo, então. Vou dar um dia inteirinho pra esse pirralho gostar de mim!”, ela declarou, num tom brincalhão.
Arthur bufou e se agarrou à cintura da mãe, o rostinho ainda emburrado, mas irresistivelmente fofo, com aquele orgulhozinho infantil brilhando nos olhos.
As duas trocaram olhares cúmplices, o clima entre elas leve e cheio de afeto.
“Esse menino vai dar trabalho, viu”, murmurou Selene com um sorriso.
Logo chegaram ao apartamento dela um lar modesto, com dois quartos, que ela normalmente ocupava sozinha. Não era grande, mas tinha aconchego, e agora, com Jessica e Arthur ali, ganhava vida.
“Sabia que você vinha, então comprei os ingredientes”, disse Selene, sorrindo enquanto descarregava as bagagens. “Hoje vai ter banquete, um verdadeiro jantar de boas-vindas!”
Arthur puxou insistente a manga da blusa da mãe, o estômago já reclamando: “Mamãe, estou morrendo de fome!”
Jessica deu uma risadinha, o sorriso aquecendo o rosto: “Tá bom. Senta aqui e brinca enquanto eu e sua dinda cuidamos do jantar.”
Os olhinhos de Arthur brilharam com a promessa de comida, e antes que Jessica dissesse qualquer coisa, ele deu um beijo rápido em sua bochecha. “Vai lá”, disse com um sorrisinho maroto. “Eu vou ficar bem.”
Enquanto ele se ocupava com os brinquedos, Selene o observava discretamente. Havia algo de diferente nele esperto, atento demais para a idade. Interagia só com quem conhecia. Desconhecidos? Ele simplesmente ignorava, como se enxergasse além das aparências.
Aquilo era só um traço da criação? Ou tinha herdado essa reserva de seu pai, fosse quem fosse?
Arthur brincava em silêncio, empilhando bloquinhos com precisão e foco, enquanto Jessica e Selene se dirigiam à cozinha para preparar o jantar.
Selene lançou um olhar rápido para a sala, depois cutucou sua amiga com o cotovelo e sussurrou, num tom cheio de malícia:
“Seu filho não puxou muito a você, hein?”, comentou com um sorriso travesso. “Chuto que ele puxou o pai. E olha... pelo jeitinho dele, esse pai deve ser um galã!”
As palavras bateram em Jessica como um raio. Sua mente, num instante, voltou ao homem do aeroporto.
Ele exalava uma elegância fria, uma distância inacessível, como se não pertencesse ao mesmo mundo que o restante das pessoas.
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