Os Irmãos Cavalcanti: Rendida romance Capítulo 33

Davi

Lorenzo mal dormiu a noite.

Ficou acordado praticamente a noite toda, gemendo de dor e chorando bastante.

O clima com a Gabriela ficou mais tenso ainda e desconfortável. Mas empurramos a conversa para baixo do tapete e nos concentramos em olhar pelo nosso filho.

De manhã, Gabriela foi para o quarto da sua irmã pois ela teria alta.

Fiquei sozinho com Lorenzo, que ainda estava incomodado.

Me peguei olhando para a cama.

Fitando a minha miniatura.

Como eu não pude ter certeza disso antes? Estava na cara!

Era incrível, um mini eu!

Lucas entrou no quarto e me pegou olhando para o meu filho.

- Como vocês estão? - perguntou pousando umas sacolas na mesa.

- Bem, Lorenzo está incomodado mas não esperava menos, não passa muito tempo desde a cirurgia. - expliquei.

- Sim, entendo. E você? Como está? - se aproximou. - Parabéns cara! Apesar das circunstâncias e tudo mais, mas parabéns, não sabia que você poderia fazer um bebé tão fofo. Acho que a Gabriela ajudou muito. - riu da minha cara.

- Vai se foder, Lucas. - ri também e nos sentamos. - Não sei como me sinto. Estou feliz, muito feliz! Tenho um filho. É surreal sabe. Mas por outro lado, estou magoado, triste e sobretudo decepcionado.

Eu falava abertamente. Afinal, era meu irmão ali me ouvindo.

- Cara, eu sei que eu agi muito mal com ela. Sei que fui um besta filho da puta e nada que eu disser limpa o que aconteceu. Eu tive medo, estava que nem a merda de um adolescente e não sabia como agir. Mas eu tentei, Lucas. Tentei, pedi perdão, corri atrás dela.. e no dia em que eu disse que a amava, ela me disse que estava grávida. Mostrei minha felicidade ali, na frente dela! E ela me disse que estava grávida de outro homem. Que o bebé não era meu. Você tem alguma noção de como eu me senti? Caralho, procurei tantas justificações na minha cabeça. Fiquei arrasado. Parti tudo que vinha a minha frente! Por isso eu fui embora! Eu não podia ficar perto. Aí no dia do nascimento dele eu estava lá.. peguei ele nos braços e me deu uma vontade de chorar cara, nem sei explicar. No meu íntimo, repetia o quanto estava triste por isso porque eu realmente queria que fosse eu. Que a gente estivesse junto de verdade, celebrando o nascimento do nosso filho. E ela não disse nada. E veja como eu descobri. Ela nunca teria me contado. Passaria a vida toda longe do meu filho. Perdi seus primeiros dias, seus primeiros meses. A merda do mesversário que eu acompanhava pelas vossas redes sociais, era para eu estar ali, do lado dela e dele! Mas não, porque ela me privou disso. - suspirei.

Lucas parecia estar sem palavras. Eu me calei por alguns segundos pois sentia que me exaltava a cada vez que falava.

- Nem sei o que dizer, irmão. Eu sei que ela agiu errado, e sei que você também agiu errado. Espero do fundo do coração que se resolvam. Somos uma família, ainda mais agora que esse pequenote uniu vocês dois. E a Gabriela é apenas uma menina, Davi. É uma recém adulta, uma menina mulher. É muito madura apesar da idade mas lhe dê um desconto.. nós erramos e aprendemos todos os dias. Esse foi o erro dela e você também teve o seu. - respondeu com calma.

- Eu sei. Mas há tanto pai por aí pouco se fudendo para os filhos! Pais que escolhem não ser pai para os filhos! Eu aqui, sendo privado disso quando era o que eu mais queria. Irónico, não? - falei com desgosto.

- Eu te entendo. Mas o que aconteceu não dá mais para ser mudado, irmão. Temos é que aprender a perdoar e a pôr o passado no seu devido lugar. Que não é agora! Agora é o presente, invés de viverem dos problemas do passado, procurem olhar para o bem disso. Você tem um filho agora! Você ama a mãe do seu filho e ela te ama também. Não é assim tão linear, mas se resolvam. Com tempo, degrau por degrau. Mas não se fechem nem deixem que isso vos destrua, porque isso quase aconteceu. - deu um tapinha no meu joelho quando se levantava. - Preciso ir para a empresa. Trouxe comida para o café da manhã de vocês. Vou para o quarto ao lado deixar café para aquela bruxa encarnação do capeta e depois vou. Pense no que eu disse irmão, se cuida ei. E cuida do meu sobrinho e da Gabi também.

Saiu e me deixou sozinho.

Passaram se alguns minutos e a Gabi voltou para o quarto.

- Lorenzo continua dormindo? - perguntou.

- Sim.

- Preciso dar banho nele quando acordar. Mas fico preocupada com o curativo dele. - explicou.

- Eu acho que a enfermeira pode ajudar. Mas para todo o caso, eu estou aqui. - ela sorriu para mim. - Vou tratar dos papéis para registrar ele. - comentei.

- Sim.. tudo bem. - concordou. - Vai precisar dos documentos dele não é?

- Acho que sim. O meu advogado irá tratar de tudo. - garanti.

Assentiu com a cabeça e se calou.

++++++

Gabi

Teríamos alta agora 4 horas da tarde.

Bianca teve alta ontem, nós é que precisamos ficar mais um dia aqui, mas felizmente poderíamos ir para casa agora.

O doutor receitou remédios para o Lorenzo.

Estávamos apenas esperando o papel para ir embora.

- Gostaria que ficassem em minha casa. - Davi falou enquanto eu arrumava as últimas coisas na sacola.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Os Irmãos Cavalcanti: Rendida