Os Irmãos Cavalcanti: Rendida romance Capítulo 4

Gabriela

A semana toda passou e nada de ver aquele homem.

Inconscientemente me pegava procurando por ele a cada sítio que fôssemos, o que é uma loucura.

Com milhares de pessoas que tem aqui, seria muita coincidência o encontrar em cada sítio por onde passasse. Mas gostaria que isso fosse possível, afinal, tenho a imagem daquele homem gravada na minha mente, e sequer troquei alguma palavra com ele.. apenas o vi de longe.

Facto que me deixava intrigada.. De longe, detinha uma aura formidável, impecável, de predador. Um homem acostumado a pegar o que queria. Como seria se me tocasse?

Pensava nisso o tempo todo, me pegava imaginando cenas e desejando que as fizesse comigo.

Mas que raios? Não conheço o homem e desejo intensamente dar para ele.

Que ridículo Gabi!

Suspirei ao ver as horas e decidi me levantar para me preparar.

- Não demora hein. - Priscilla gritou quando entrei no banheiro.

Me despi e entrei no box, deixando a água morna escorrer pelo meu corpo.

Imaginei seus dedos percorrendo meu corpo e estremeci levemente.

Balancei a cabeça para espantar esses pensamentos e me concentrei em tomar meu banho.

Depois de banhada, hidratei o corpo e coloquei uma roupa interior fio dental preta, sem sutiã.

Um vestido preto com um decote acentuado marcava minhas curvas sem perder um milímetro que fosse. Penteei meus cabelos que estavam ainda mais lisos com a chapinha e os deixei soltos.

Borrifei perfume no pescoço e usei uma sandália de salto preta, batom vermelho nos lábios, rímel e lápis nos olhos e já me encontrava pronta, apenas esperando Priscilla.

Usava um vestido branco rendado, curto e sandálias de salto pretas. Deixou o cabelo loiro solto e estava mais linda do que nunca.

Na saída do hotel, o motorista já nos esperava e entramos logo no carro.

- Então, onde iremos jantar? - pergunto entusiasmada.

- Vamos a um dos restaurantes do Gordon Ramsay, Maze, no The London NYC Hotel. Você vai amar, acredita. - assenti, acreditando nas suas palavras.

Ao chegarmos ao hotel, a segui para a parte do restaurante e ao entrar parei por um momento para tentar decidir se amaria mesmo ou não, pois dei de caras com aquele rosto.

Seria sorte ou azar, mas era aquele homem! Aquele homem que me deixou com pensamentos pecaminosos desde o primeiro dia em que lhe vi.

Aquele homem que não saía da minha mente mesmo sem ter me tocado ou sequer falado comigo.

Aquele homem que era protagonista dos meus sonhos mais eróticos e depravados.

Aquele homem estava ali. E eu não conseguia acreditar.

Por um momento esqueci me de como se respirava, apenas admirando a sua beleza.

Então minha amiga me tirou do transe:

- Vamos, a nossa mesa é aquela ali. - apontou com o dedo e tremi ligeiramente, ao ver que teria que passar pela mesa daquele homem.

Estava acompanhado por um outro homem, mas pouco prestei atenção.

Me dizia mentalmente para ter cuidado, me esquecendo completamente de como se anda.

Uma perna de cada vez, uma perna de casa vez.

Ainda não tinha reparado em mim, mas assim que o fez estremeci de tanto tesão.

Me fitou com desejo, a tensão era palpável e como que por magia me lembrei de andar graciosamente, me sentindo quente sobre o seu olhar, mais mulher e capaz de tudo.

Então passei por ele, me impregnando com o cheiro do seu perfume e olhando directamente nos seus olhos.

Não piscava, apenas me fitava atentamente, como se me analisasse! Imaginei que tivesse um olho clínico e me fizesse um raio x completo.

De repente me senti nua, transparente e me perguntei como seria se estivesse de verdade e em quatro paredes apenas com ele.

Raios!

Deixa de ser ridícula Gabi! Pare de pensar nisso!

Ao me sentar na mesa, soltei o ar que nem sabia que estava contendo.

Mesmo de costas para mim, ainda sentia seus olhos sobre mim e o meu corpo.

Ele era bem maior de perto, embora estivesse sentado.

Tive noção do seu corpo mesmo escondido pelo fato. Tinha braços musculosos e mãos grandes, que imaginei como me pegariam de jeito.

Ah que homem!

- Meu Deus, você viu aquele homem? - ela perguntou, fazendo um leve movimento com a cabeça, indicando de quem ela falava. - Que lindo.

- Demais Cilla, é o homem do carro!! - retruquei ainda abalada.

- Mentira!! É ainda mais bonito do que você disse, nossa!! - exclamou e eu sorri, ainda nervosa.

- Sinto borboletas no estômago Cilla, o que faço? - indago nervosa.

- Por enquanto nada Gabi, vamos comer e depois a gente vê. - responde já pegando no menu.

Estava imune à situação, diferente de mim, que sentia minha pele queimar só de pensar nos seus olhos.

Em uma tentativa vã de ignorar tudo, especialmente aquele homem pecaminoso que me fazia perder as estribeiras, peguei no menu e olhava atentamente, sem ler de facto alguma coisa que estivesse ali.

No fim, Priscilla pediu qualquer coisa que não prestei atenção e quando vi que o garçom esperava pelo meu pedido disse a primeira coisa que me veio a cabeça:

- Uh.. marisco! Lulas e ostras? - falei em tom de pergunta e este olhou para mim com um sorriso, me desculpei e continuei: - Lulas e ostras por favor. - perguntou se queria batatas fritas ou cozidas. Optei pelas fritas.

Pediu licença e saiu, mas não sem antes perguntar o que queríamos beber, Priscilla foi mais rápida e pediu dois mojitos.

- Ainda pensando naquele homem? - perguntou, com um sorriso nos lábios. - Nossa, o que está acontecendo com você? - riu.

- Não, não estou pensando nele Cilla! - neguei, corando tanto que senti minhas bochechas queimarem um bocado.

- Ah eu te conheço Gabi, nem vem. - afirmou com certeza. - Mas olha, eu não te culpo, é mesmo lindo. - sorriu para mim.

- Demais Priscilla, demais. - murmurei de volta e forcei um sorriso.

Quando as bebidas chegaram, olhei interrogativamente para a minha amiga.

Sabia que não consumia bebidas alcoólicas, então porquê pedir uma para mim.

E como se lesse os meus pensamentos explicou, visivelmente divertida:

- Para ver se descontrai um pouco e pára de pensar demais no Deus Grego sentado à umas mesas de distância da nossa. - sorriu, exibindo os dentes brancos.

- Vá se foder, Priscilla. - retruquei, já provando a maldita bebida. - Ok, não é má. - digo, me negando a admitir que até gostei daquilo, principalmente por não saber a álcool mesmo.

- Apenas admita, é boa e você gostou. - sorriu fazendo aquele olhar cínico que eu tanto conheço e me limitei apenas a mostrar lhe a minha língua.

Olhei para o copo, tentando desesperadamente me concentrar apenas no momento que estava tendo com a minha melhor amiga, mas parecia impossível.

Meu olhar estava sempre fixo naquele homem, ainda que estivesse de costas para mim. De certeza que a sua nuca queima, de tanto que me fixo nele.

Porém, em momento algum olhou para trás ou pareceu incomodado como eu estava, o que me faz pensar que talvez não o tenha afetado como achei.

Vejo a comida chegar em sua mesa e ele agradecer o garçom.

Observei tudo.. podendo me fixar apenas em como os seus braços se movimentavam enquanto levava a comida a boca.

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