LAIKA
— Shh... Você está segura agora, tudo bem, tudo bem, eu estou aqui. — Karim murmurou enquanto eu me debulhava em lágrimas contra o peito dele, a mão dele afagando meus cabelos com delicadeza.
Assim que minhas forças voltaram, ele me tomou nos braços e me afastou das fronteiras sob o olhar atento de seus homens. Carregou-me até a própria tenda, sentou-se sobre a pele macia e acomodou-me em seu colo.
— Agora você está segura, certo? Eu sinto o seu medo, mas acabou. Deixe-o partir.
Aos poucos, o choque escoou do meu corpo e toda a tensão se desfez; abandonei-me nos braços dele. Permanecemos assim por longos minutos.
— Karim?
— Sim, meu amor.
— Há algo que preciso te contar. Diz respeito a mim.
— Tudo bem. — Respondeu, enxugando a lágrima que rolava pela minha bochecha. — Mas, amor, por que voltou sozinha? Onde estão sua égua e os homens?
— Eu... me perdoa. Deixei os homens no Bando da Lua Vermelha. Eles me fazem sentir presa, então fugi do acampamento sem que percebessem.
— Sem que percebessem? — Ele arqueou a sobrancelha.
Assenti. — Por favor, não os culpe. A responsabilidade é toda minha. Eu os distraí. A avó de Sra. Lena acabara de falecer e eles cuidavam dos preparativos do funeral. Eu deveria avisá-la.
— Hmm… — Karim desviou o olhar. — Meu amor, não faça isso outra vez, está bem? Você poderia ter se ferido. — Ele me puxou ainda mais para perto, contra o peito.
Mas agora está segura.
— Desculpa, Karim. Não voltarei a me colocar em risco.
— O que queria me contar sobre você?
Funguei. Falar de Alfa Khalid era doloroso, mas eu estava pronta para abrir o coração.
— Fui atacada por Alfa Khalid. Ele era o Alfa do meu antigo bando... e meu antigo companheiro. — Busquei a expressão de Karim, mas o rosto dele permanecia impassível.
— Ele te reivindicou? — Indagou, num tom quase sombrio.
— Ele me rejeitou. — Ergui a saia e apontei a cicatriz que Alfa Khalid deixara. — Foi ele quem fez isso.
O maxilar de Karim se contraiu, e a fúria lhe acendeu o olhar. O abraço apertou-se.
— Ele te torturou.
Assenti.
— Ele me espancava, me agredia sexualmente e obrigava seus aliados a fazerem igual. Se eu recusasse, chicoteava-me até eu perder a consciência.
— Ele merece morrer. Morrerá pelas minhas mãos.
— Injetou tanta veneno de lobos em mim que quase perdi Joy. — Funguei. — Ele me odiava, mas não queria me deixar ir.
Karim pousou minha cabeça em seu peito e tentou aplacar meu tremor.
— Basta. Não quero que se fira relembrando.


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