LAIKA
A festa estava animada quando o Alfa e seu grupo chegaram e se instalaram em suas tendas. Mesas estavam dispostas ao redor do centro do acampamento e as refeições estavam expostas. Os lobos e as lobas se reuniam, todos parecendo alegres. A Madame Theresa me proibiu de ir à cerimônia porque eu não era digna de estar lá. Ajudava a Erika a filha dela, a vestir e a maquiar. Fui deixada com uma pilha de roupas por lavar e, finalmente, fui até a tenda do meu novo mestre para descobrir o que ele precisaria para a noite.
A festa seguiu sem mim e eu não me importava. Não era digna de nenhum daqueles mestres. Limpei o chão da tenda da Madame Theresa. Eu poderia ter feito aquilo pela manhã, mas a Madame Theresa me pediu para limpar o chão, para me manter longe do festival de chegada do Alfa e seu grupo.
Quando terminei de trabalhar na tenda da Madame Theresa, a noite já estava bem avançada. A cerimônia de boas-vindas estava quase terminando e eu corri até a tenda do meu novo mestre para fazer meus últimos ajustes antes que ele chegasse. Era obrigatório que ficássemos nas tendas e nos apresentássemos aos nossos novos mestres. Eu estava nervosa para conhecer meu novo mestre, e minhas mãos tremiam enquanto eu arrumava a tenda.
— Laika! — Ouvi meu nome vindo de fora da tenda. Era Erika, ela estava me procurando.
Olhei mais uma vez para o ambiente e saí correndo, mas acabei batendo em um pilar que não deveria estar ali e gritei. Só que não era um pilar, era um homem, um homem enorme. Seu cheiro me intoxicou tanto, e seu toque fez uma onda de arrepios percorrer meu corpo. Era o mesmo cheiro que eu havia sentido antes. O que Karim estava fazendo ali? Olhei para cima e seus olhos verdes e frios penetraram os meus. Fiquei grata por ele me segurar, pois minhas pernas teriam cedido.
— Hmm… desculpe. — Pedi desculpas, enquanto lentamente começava a entender a situação. Karim era um dos membros do grupo que havia retornado com o Alfa. Dei um passo para trás, me afastando dele. Meus olhos caíram até os pés dele. Ele usava botas sujas, ainda com lama da última interação que tivemos.
Havia algum engano. Eu não poderia me tornar companheira de um dos guerreiros, eu não era digna deles. Eu era uma Ômega de baixo escalão e feia, ninguém me aceitaria. Seria melhor ficar sem par do que passar pela dor da rejeição novamente.
— Vá para a pele e abra bem as pernas para mim. — Karim ordenou, com a voz profunda e grave.
Meus olhos se arregalaram. O que ele queria que eu fizesse? Eu não estava pronta para transar com nenhum guerreiro. Não estava pronta. Erika estava lá fora esperando por mim, e eu não poderia estar transando com ninguém enquanto ela estivesse ali. A Madame Theresa me mataria se descobrisse. Não poderia deixar Karim ver meu corpo feio e marcado; ele provavelmente já me odiava, por isso não me reconheceu como a parceira dele. Ele nunca havia falado nada sobre aquilo. Será que ele me rejeitaria?
— Eu te falei para se deitar e abrir as pernas. — Ele repetiu.
— Eu… eu não posso. — Gaguejei e me afastei.
— Consigo sentir o seu desejo, Ômega. Agora, pare de ser teimosa, abra essas pernas e me receba com gratidão.
Eu o olhei em silêncio. Eu estava molhada, mas não deixaria outro homem me usar assim.
— Desculpe, mas vou ter que recusar sua oferta.
Ele parou e ficou me encarando em silêncio por um tempo. Ele parecia mais surpreso por não acreditar que alguém pudesse o recusar. O que ele faria? Minhas mãos tremiam e meus joelhos quase falhavam. Meu coração estava disparado no peito e eu achei que fosse explodir. Estava dividida. Uma parte de mim se arrependeu por ter o rejeitado, sabia que isso traria problemas, enquanto a outra parte, que nunca quis fazer nada com um lobisomem de posto mais alto, se manteve firme.
— Você está me rejeitando? — Ele perguntou.
A maneira como disse aquilo soava desdenhosa e inadequada. Eu não queria isso, mas não estava pronta para ser destruída por dentro novamente. Precisava ficar firme na minha decisão e aguardar as consequências; eu já estava acostumada com a tortura, de qualquer forma.
— Eu estou dizendo que não quero transar...
— Alfa Karim. — Alguém chamou de fora, interrompendo-me. Foi minha vez de congelar, e eu tropecei para trás.
Karim era o Alfa do Clã Titã? Ele era filho do falecido Alfa Ehiz? Acabei de rejeitar o Alfa de todos os Alfas, e, para piorar, ele era meu COMPANHEIRO!!!
— Sim? — o Alfa respondeu e saiu da tenda para atender quem o chamava.
Aproveitei a oportunidade, peguei minhas ferramentas de limpeza e saí da tenda, atordoada, com o coração nas mãos. Eu não só o havia rejeitado, mas também o havia desrespeitado. O que ele faria comigo? Eu passaria por outra tortura de um Alfa, como passei com o Alfa Khalid? Ele me odiaria também? Tornaria minha vida insuportável por ter o rejeitado? Aquelas perguntas estavam na minha cabeça enquanto eu voltava para a tenda da minha Madame.
— Lá está ela! — Alguém disse. O tom estava raivoso, e só então percebi que estava em frente à tenda da Madame Theresa.
Olhei para cima e vi ela e Erika me encarando com raiva. O que eu tinha daquela vez? Joy gemeu dentro de mim, pois sentia o perigo, estávamos prestes a entrar. Com a Madame Theresa e sua filha, qualquer coisa que eu fizesse seria errado. Meu corpo se arrependeu todo quando vi o chicote longo na mão da Madame Theresa.
— Eu te avisei para não ir a esse festival, não? — Ela rosnou.
— Eu não fui ao festival. — Lamentei.
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