Ethan
Olhei atentamente para o idiota a minha frente, a sua mesa de trabalho entre nós, mas a minha vontade mesmo era de quebrar a cara daquele babaca, enquanto a minha vontade era de, no mínimo, meter o dedo na sua cara.
— Você não é dono da Mariana, Ethan — ele teve a audácia de dizer — Não pode determinar quem se aproxima ou não dela e eu não me importo com o que diz.
Arthur também estava agora com o dedo em riste, seu corpo tenso e demonstrando estar com tanta raiva quanto eu mesmo sentia naquele momento.
— O que você pretende? Usá-la novamente, para ver se a traidora da tua mulher volta para você, como aconteceu da outra vez? — Joguei na cara dele, para mostrar que eu já sabia de toda a história — Lamento informar, mas a Mariana não vai cair novamente no seu papinho de cafajeste traído.
Arthur tem a dignidade de parecer constrangido ao ser confrontado com aquela verdade, todos sabiam que ele tinha sido traído por sua esposa e que ela tinha ido embora com o tal empresário argentino.
— A Gisele está vivendo a vida dela agora, e eu pretendo fazer o mesmo — ele rebate, ficando de pé e dando a volta na mesa — E se a Mariana me quiser, será ao lado dela e você não tem nada a ver com isso.
— Pois eu já vou te avisando que ela não quer — falo, e estou bastante convicto disso — Eu volto a dizer, fique bem longe da Mariana, está me ouvindo? Já basta toda a humilhação que você a fez passar, a levando para a toca dos leões e a deixando lá por sua própria conta, seu canalha!
Arthur me olhou intrigado ao ouvir as minhas palavras, mas eu já tinha dito o que pretendia e estava caminhando até a porta, não queria agir com violência, mas estava difícil de me segurar, olhando para a sua cara de babaca, que tinha o disparate de me confrontar.
— A Mariana foi humilhada? — Arthur pergunta, e sua expressão diz que ele realmente não sabe do que estou falando — Mas que conversa maluca é essa!?
Conhecendo as pessoas do meu meio social e a capacidade que elas têm de criar situações apenas para atrair os desavisados para as suas armadilhas, eu entendo muito bem desse assunto, provavelmente Arthur realmente não tomou conhecimento de toda a situação, mas tampouco eu iria tentar esclarecer qualquer coisa para o meu rival, então apenas falei de modo vago:
— Se você não sabe, não sou eu que vou te contar — Seguro a maçaneta, abrindo a porta — Eu vim aqui apenas para te dar um aviso, e já fiz isso. A Mariana não está mais sozinha, e se você insistir em tentar alguma coisa com ela, eu não serei mais tão cordial quanto fui agora e espero que você não tente testar a minha paciência e boa vontade. Eu não possuo nenhuma das duas coisas.
Arthur realmente não parece se intimidar com as minhas palavras, e continua firme em sua determinação em bater de frente comigo.
— É a Mariana quem tem que me dizer isso, Ethan — fala, e seu tom é tranquilo, como se eu não tivesse dito nada realmente importante.
— Ela já falou, mas você parece não ter entendido — comento — Mas irei providenciar para que fique mais claro.
Nos encaramos, medindo forças, e mesmo desejando resolver tudo no braço, meter um soco na cara deslavada do meu sócio e ex-amigo, eu nunca fui adepto da violência e muitas coisas estavam em jogo, sendo a principal delas o fato de que a Mariana sabe se defender e me odiaria se soubesse que saí por aí quebrando a cara de alguém por sua causa.
Mas eu precisava deixar claro para o Arthur a minha posição e como já o havia feito, achei melhor sair logo daquela sala, antes que eu voltasse atrás em minhas resoluções.
Saí batendo a porta, numa tentativa mínima de extravasar toda a minha raiva e frustração, pois não estava satisfeito com a minha conversa com o Arthur e agora iria para casa, dormir sozinho, quando eu poderia estar agora com a Mariana em meus braços.
Caminhei entre as pessoas sem realmente prestar atenção em ninguém, pensando na ironia daquela situação, pois quando eu tinha pretendido trazer a Mariana a boate naquela noite, sem ter a menor ideia de que o homem que a arrematou no leilão tinha sido Arthur.
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