Murilo
Aquele estava sendo um dia bastante movimentado no escritório, e passei toda a manhã reunido com a equipe jurídica e o Marketing da empresa, tentando encontrar meios de minimizar todos os estragos que declarações infundadas e caluniosas de um ex-funcionário mau caráter estavam causando para a imagem da FERZ.
Depois que conseguimos chegar a algum consenso sobre as estratégias que seriam usadas para enfrentar esse momento, foi a vez de me reunir com alguns investidores da região oeste do país e isso me tomou todo o meu horário de almoço.
Mas logo que o nosso encontro terminou, a primeira coisa que fiz foi avisar a Arlete para cancelar outros compromissos que ainda tinham em minha agenda para aquele dia, pois eu não iria trabalhar mais naquele dia. Pretendia ir encontrar a Virgínia no shopping, algo que gostaria de ter feito há horas, mas que somente agora estava sendo possível.
Virgínia tinha me deixado bastante contrariado naquela manhã, quando liguei para saber como ela estava se sentindo e a minha noiva disse que estava na loja, ao invés de descansando, como eu havia pedido antes de sair do apartamento para ir à empresa hoje cedo.
Não entendia como Virgínia poderia ter ido trabalhar nessa manhã, se arriscando dessa maneira, após ter passado tão na noite anterior, quando foi ao cinema com Artémis. Precisou até mesmo ser atendida por um médico, o que dizia claramente que não tinha sido algo sem importância.
Eu não deveria estar surpreso, na verdade. Virgínia faz apenas aquilo que considera certo e eu a amava exatamente daquele jeito, com todas as suas qualidades, até mesmo aquele seu jeito intempestivo e teimoso de ser, mas ainda assim, estava agora chegando a sua loja para buscá-la e garantir pessoalmente, que a minha noiva grávida tivesse o seu tão merecido repouso.
Como nada que envolva Virgínia é fácil ou previsível, ela não estava na loja e fui informado pelas vendedoras da loja de que tinha saído para encontrar-se com Mariana na praça de alimentação, lugar para onde eu estava me dirigindo naquele exato instante.
Estar caminhando para a praça de alimentação do shopping para encontrar a Virgínia me fez recordar do nosso primeiro encontro, quando ela me convidou para conversar e revelou sobre a sua gravidez. Aquele foi um dos dias mais felizes da minha vida, atrás apenas do dia que tinha mudado a minha, o dia do leilão e que conheci a mulher da minha vida.
Aquela recordação conseguiu acabar completamente com a leve irritação que eu estava sentindo e fez brotar em meu rosto um enorme sorriso, pois estar do lado da mulher que amo e com quem logo em breve terei um filho, é algo maravilhoso demais para eu estar me aborrecendo com coisas tão banais.
Mas ao me deparar com a Virgínia cercada por outras pessoas além da Mariana, me deixou um tanto quanto incomodado e essa sensação foi elevada à máxima potência quando percebi que o homem sentado ao lado da minha noiva se tratava de Joshua Günther.
Além dele, também estava a minha prima, mas ela não era um problema, pois era algo bastante normal que Virgínia se reunisse com Mariana e Artémis. O problema estava em saber o que elas faziam com Joshua. Não por ele ser irmão de Beatriz e sim, por ele ser um amigo pessoal de Ethan Constantino
Naquele momento, me deixei levar pelos impulsos e caminhei apressado até onde eles estavam todos sentados e sem nem ao menos cumprimentar nenhuma das pessoas ali presentes, eu fui logo ao assunto.
— O que Joshua Günther está fazendo aqui, Virgínia?
Todos me encaram com expressão de surpresa, o que é bastante compreensível, tendo em vista que tento ser sempre alguém racional e paciente. Mas tudo tem limite e eu não poderia admitir que Ethan tentasse usar o irmão da Beatriz para se aproximar da minha noiva e manipulá-la de alguma forma.
Mas Virginia, como era de se esperar, não gostou nenhum pouco da maneira que os abordei e ficou de pé, me fuzilando apenas com o seu olhar.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Por Amor ou por Vingança