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Por Você romance Capítulo 96

Minutos antes do sequestro....

Ana Júlia

Fui despertada pelo toque do meu celular, que estava na mesinha de cabeceira. Apertei os olhos sonolentos para ver o relógio sobre o criado-mudo. Ainda eram dezoito e trinta. Atendi sem olhar quem era.

— Alô?

— Ana? — A voz feminina tirou qualquer resquício do meu sono, me despertando de uma vez. Meu coração disparou forte dentro do peito. Eu pensei em encerrar a chamada, quando ela falou algo que me chamou a atenção. — Se eu fosse você, não faria isso, querida. Me diga, o que você seria capaz de fazer para salvar a vida do seu noivinho — Sua voz tinha um tom debochado e ameaçador. Engoli em seco. Não sabia o que pensar, tampouco o que fazer. Decidi então levar a conversa adiante e saber o que ela queria realmente.

— Do que você está falando?

— Que você tem cinco minutos para sair da sua toca, sua vadia e me encontrar aqui embaixo, na lateral do seu prédio. — Sentia a raiva contida em sua voz. Eu puxei a respiração.

— Como vou saber se você está realmente com ele? — indaguei, ficando cada vez mais nervosa. — Você pode estar mentindo. — Tentei dizer, mas fui interrompida.

— Tolinha! Acreditou mesmo que ele estaria comigo? — indagou, fazendo um biquinho sedutor. A voz dela saiu arrastada, manhosa e com uma pitada de diversão. Meneou a cabeça em um gesto negativo para mim e fazendo um som estralado com a língua. — Confesso que eu queria. Ah, eu queria muito que ele estivesse aqui comigo. Não assim, mas em meus braços, como sempre deveria ser. — Ela puxou a respiração e rodeou o meu corpo, parando bem atrás de mim. — Sabe, Ana, minha mãe sempre me ensinou que não devemos agir com o coração. Esse maldito órgão nunca nos permite pensar com clareza. — Segurou uma mecha do meu cabelo e a acariciou. Esse gesto que me fez tremer mais ainda. — Você estragou tudo, Ana! Era só ter se afastado dele e tudo estaria certo. Mas, não. Você tinha que se apaixonar daquele imbecil do Luís e o fez me esquecer. — Virei meu rosto de lado, para olhá-la bem dentro dos seus olhos.

— E você queria o quê? Que depois de tudo que fez com ele, ainda estivesse te esperando de braços abertos? — rosnei contendo a minha fúria. — Você é uma vadia. Uma louca, uma retardada, trapaceira! — berrei, esquecendo os meus medos. Ela me deu um tapa forte, que me fez calar imediatamente. O meu rosto queimou de uma forma quase insuportável. Camilly então me segurou firme pelos cabelos e me fez olhá-la nos olhos outra vez.

— Se eu fosse você, sua cretina, ficaria pianinho. Não sei se você prestou atenção, mas você não está em condições de reclamar aqui, sabe? — indagou entre dentes. — Eu gostaria de te devolver inteira para aquele imbecil do seu noivo, mas isso só vai depender de você. Eu tenho o pavio curto, sabe? — sibilou baixinho e bem próxima da minha pele. Senti o calor do seu hálito em minha bochecha. Ela soltou meus cabelos e voltou a abrir um sorriso sinistro, em seguida, desferiu outro tapa forte no meu rosto. — Esse é pelo que você fez comigo, sua vadiazinha! — rosnou bem perto da minha orelha. Fechei os olhos, sentindo a sua voz zunir alto dentro de mim. Camilly se ajeitou em sua pose elegante e deu a ordem. — Coloca uma mordaça nessa cadela e tire uma foto. Quero que mande para o bonitão! — Depois ela saiu do quarto e deduzi que da casa também, porque escutei o barulho do carro saindo da propriedade. Um homem alto e magro, com uma cicatriz na altura do olho esquerdo, tirou um pano branco do bolso traseiro do seu jeans e sem dizer uma palavra, fez o que ela lhe pediu.

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