Perigoso (Letal - Vol.2) romance Capítulo 5

— O Espano tá espumando ódio. — Mars comentou cuidadoso enquanto esticava o spray de tinta numa pintura, eu puxava o protetor e acompanhava o contorno. Era uma lataria novinha em folha, estávamos quase terminando e ele tentava me dar alguns conselhos. — É o novo cachorrinho de caça dele, é o único motivo pelo qual ele não mandou um pessoal no teu apartamento pra te dar uma coça.

Eu já tinha notado um olhar ou outro em cima, no maior cuidado possível. O problema é que Mars tinha razão, eu não estava na minha área, já tinha uma boa visão, mas ainda era cedo pra comprar brigas com o campo tão pequeno. Mas eu estava uma pilha, uma zona estressante entupido cada vez mais e ver aquela mulherzinha invadindo a minha área já estava me deixando possesso.

Ele se levantou, eu joguei os papéis de lado, olhamos a obra prima e sorrimos como trabalho bem feito. É, eu e Mars éramos muito bons no que fazíamos.

— Mandamos bem! — comentei olhando a pintura fina.

— Eu falo, sério. — ele insistiu.

— Relaxa aí, vai. — bati em seu braço e lhe dei uma piscada — O novo cachorrinho de caça, tá meio sem coleira.

— Você curte uma adrenalina pesada, não é? — brincou o cara.

— Dom e Mars, pagamento! — anunciou uma tora grotesca de pelo menos cento e cinquenta quilos de massa muscular, na escadaria acima, interrompendo qualquer chance de eu dar uma resposta para Mars.

— Ui, mandaram uma princesa para entregar a grana. — sorri pro meu parceiro e o vi fazer uma negativa.

Mars fez uma negativa, ele sabia que geral vivia na dureza e pegamos um trampo grande. O crime não compensa e nós estávamos meio que “no topo” do Espano. Pra um aviso deste dar merda, é rapidinho. No mínimo íamos pra casa tendo que bater em meio mundo pra conseguir fazer o dinheiro chegar na tranquilidade. E claro, Espano acha que eu sou otário.

Subimos, batemos na porta, fomos recebidos por mais dois grandões e ele passou um envelope pro Mars, depois um para mim. Mars abriu o seu e me olhou, fazendo uma negativa. Eu abri o meu e respirei fundo, não tinha nem a metade do combinado. Qual é a dos caras?

— Tá faltando. — reclamei, ciente de que eles já sabiam disso.

— Você vai se lembrar disso na próxima vez que achar que pode reportar o Espano com as ameaças fodidas de um mercenário americano. — respondeu calmo mexendo em algumas papeladas, enquanto seus dois amigos se mantinham atentos e de braços cruzados — Já pode sair.

Mars apenas me deu um sinal de que aquilo não valia a pena, e minha vontade era de socar metade da turma sarrando legal na cara de todo mundo. Eu não ia sujar o Mars, por isso esperei ele sair, virei de costas, fingi que ia fazer o mesmo trajeto e fechei a porta. Fiquei lá dentro, sorri pro idiota que franziu o cenho e lhe dei uma piscadinha.

— Vamos dançar um baile, princesas? — perguntei bancando o panaca para os grandões de plantão — Põe um reggaeton aê, eu quero mexer o meu traseiro!

Sabe, caras brutos lutam que nem o Iron. Um tapa e você dá um rolê até o inferno, tem uma visão desgraçada do diabo e volta agradecendo a vida. Meu estilo é diferente, e eu aprendi uma coisa com ele. São mais lentos, brutalmente fortes, mas são consideravelmente mais devagar.

Certo, meu peso era mais leve em quê, trinta quilos? Eu tenho cento e vinte de massa muscular… Pouca coisa, mas ainda mais leve. Soquei diretamente no pescoço do primeiro, foi o tempo de um sacar a arma e outro sair de trás da sua preciosa mesa. Usei o corpo do fodido como escudo, vi seus parceiros acabar com sua própria vida, peguei o punhal na sua cintura antes do corpo cair e joguei contra o pulso de um. Foi fácil, antes do corpo atingir o chão, me joguei contra o outro, tivemos a porra de um embate e minha cara foi socada pelo menos duas vezes, até que consegui pegar a arma e acionar um tiro.

— Deu nem pra aquecer… — resmunguei.

O cara era pesado demais, tirei ele de cima e vi que o grandão do pagamento apenas me observava, já tinha tirado o punhal das mãos e tentava estancar o sangue. Eu não atirei nele, coloquei o calibre escuro sobre a mesa e o vi abrir uma gaveta, pegar um bolo de dinheiro e sentar, me observando contar as notas.

— Tá faltando a parte do Mars. — reclamei, pouco me importando se aquilo ainda se prolongar.

— Você é rápido.

— Festinha parada... Cadê a parte do Mars? — perguntei como quem não queria nada, ele abriu a gaveta, pegou outras notas e colocou em cima da mesa — Valeu, é muita gentileza. — agradeci, na maior ironia.

Me virei, peguei na maçaneta e quando ia abrir a porta, fui barrado pela voz do grandão.

— Eu mandei a Brianna roçar tua cadela. — eu fechei a porra dos olhos, respirei fundo e me preparei pra enfiar minha vida inferno abaixo, disposto a socar a cara dele — Você está fazendo um trabalho legal, Dom. Só tenha cuidado, o Espano tá caindo. — com isso resolvi apenas entortar a maçaneta redonda e me conter, prestando atenção em suas palavras — Brianna vai ficar longe. Eu fiquei meio puto com o roxo no pescoço dela, mas eu reconheço um bom soldado quando vejo um. E avisa o Mars, todo mundo que ficar do lado do Espano, vai cair.

— Eu não passo recados. Te vira, mané. — retruquei impaciente, abri a porta e sai.

Eu olhei pro grandão de sorriso branco do lado de fora, braços cruzados e pose séria, quase não acreditou quando coloquei a parte dele no peito definido do gostosão de regata e ficou me olhando como se eu fosse um maluco.

— Você não fez isso… — retrucou olhando a grana na mão dele e me seguindo enquanto eu descia a escada.

— Fiz. A gente dançou um reggaeton, bailamos la cucaracha e no fim o rolê rendeu. — respondi mantendo meu sorriso cínico e lhe dei um tapa no ombro — Relaxa.

— Eu acho que você está procurando tranquilidade do jeito errado…

— Deixa eles foderem com a tua vida uma única vez, Mars. E vai sair assim sempre. — respondi sério, sem brincadeiras, olhando pro cara todo preocupado — E relaxa, eu não queimei o teu filme.

Pelo menos um cinco caras na oficina estavam parados e me olhando, eu enfiei o dinheiro no bolso, olhei para a porta e vi Érina chegar bem na hora do rango. Fingi que ninguém estava curioso, ignorei Mars e fui até a gracinha de cabelos amarrados, grávida e com uma quentinha na mão.

O sol daquele lugar ia me derreter cada dia mais, tinha espirro de sangue na minha camisa e provavelmente eu estava mais suado do que no dia anterior. Uma delícia, eu sabia que a gada ia pirar na minha barba estilo viking molhada e minha franja suadinha. E eu pirando no umbiguinho de fora, a gracinha pegou o jeito de usar saias e hoje tinha uma blusinha que moldava os peitinho durinhos dela. Papai do céu, a punheta de hoje vai ser mais intensa…

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