Perigoso (Letal - Vol.2) romance Capítulo 6

Engoli em seco, suspirei pesadamente sentindo o cheiro do sabonete que emanava de Dom. Que merda… Ele é mais jovem, teria ele a idade do Jhon? Quase não consegui me mexer quando baixei os olhos, vi ele colocar as mãos ao lado das minhas, segurar a pia com força e encostar a boca no meu ouvido. A respiração estava pesada, o ar de sua boca era quente e só não queria confundir solidão pra me foder com o cara errado… Já não era de hoje que tinha algo errado comigo.

— Gracinha — sussurrou —, tá molhada…?

— Cai fora, Dom. — evitei virar o rosto, respirei fundo e finquei os pés na realidade, mas ele riu. Meu nervosismo era real demais.

— Relaxa, gata… — falou baixinho, se forçou pra frente e eu tive que tirar as mãos da pia, colocar os braços entre eu e ele e virar o rosto, quase roçando os lábios do ruivo — “Cê” sabe que eu vou me fodder legal se sair comendo a gata da irmandade, não é?

— Para com essa graça. — minha voz estava mais que vacilante, não convencia nem a mim.

— Nem uma relaxadinha? — insistiu, maroto.

— Dom…

Quando menos esperei, levei uma merda de apertou no rosto. Dom segurou meu queixo, me fez levantar e eu fui obrigada a olhar em seus olhos, percebendo o quanto ele estava tenso e nervoso. Não me machucou, mas me pegou de surpresa.

— Sabe o quanto eu vou me foder se eu fazer isso? — segurei em seu pulso e senti a prensada apertar na minha barriga.

— Então não faz…

Ele me soltou, se afastou, colocou a mão na cintura e concordou, um tanto decepcionado. Ele não estava nem aí com a ponta da toalha pra frente, eu estava nervosa, não pensava direito, mas olhei pra ele quando ele resolveu quebrar o silêncio.

— Eu vou nessa, me liga se precisar de alguma coisa.

— Onde você vai? — perguntei sem entender.

— Você tem razão, é melhor não fazer. — respondeu sério — Vou só esfriar a cabeça, se é que me entende. Volto mais tarde, mais calmo e relaxado.

Eu suspirei, vi ele dar as costas, pegar suas roupas, entrar no banheiro e sair. Tão rápido quanto decidiu se afastar. Eu coloquei a mão no peito, senti as lágrimas querer aflorar e o maldito calor no meio das coxas. Se ele soubesse o quanto fiquei disposta a fazer, chegava a ser surreal. Só não valia a pena… O que eu ia fazer, gritar o nome do Iron quando ele estivesse lá dentro?

Quando me dei conta, caí no chão e gritei de raiva. Porque aquele filho da puta maldito não tinha o direito de morrer e agora eu estava aqui, aflorada, com a maldita sensação de culpa enquanto ele dormia a sete palmos do chão!

— Você não podia ter feito eu me apaixonar tanto, pra depois me deixar! — falei pra mim mesma.

[...]

Eu abri os olhos no meio da noite, me enrolava na cama e tinha a certeza que escutava alguma coisa. Achei que podia ser um blefe da minha cabeça, virei pro lado, abracei o travesseiro e pedi que não fosse mais um daqueles sonhos em que eu estava revivendo meus dias com ele… Quando eu relaxei as palpebras, ouvi um barulho de noivo, parecia-se com sexo e eu acabei por me sentar e olhar a parede do quarto, refletida pela luz da lua, vinda da janela aberta. O vizinho estava mais animado dessa vez.Que saco, todo mundo resolveu trepar hoje, justo hoje!

Massageei a cabeça, joguei a coberta de lado e me levantei. Dom dormia que nem uma pedra, nunca me via ir ao banheiro quando estava roncando na sala, mas abri a porta devagar, querendo evitar um novo confronto. A surpresa foi quando descobri que não era o vizinho de parede que estava animado.

O sofá ficava de costas para a porta do banheiro e de frente para a televisão, o que me fazia ver que Dom estava transando com alguma chica vadia, mas eu não via o desgraçado, já que ela estava montada nele. De olhos fechados, ela sequer notou que eu estava lá, enquanto eu só via que o sem vergonha tinha mãos grandes e se enfiava debaixo da blusa justa da morena, enquanto ela gemia baixo.

— Oh, papi…!

Papi? Cerrei os olhos e fiquei me perguntando que merda essa “chica” estava pensando enquanto montava no sem vergonha. Papi? Ele está longe de ser um sugar daddy, minha filha… Na verdade, é um mercenário idota que tentou passar o piinto em mim mais cedo e agora estava com uma vaca dentro de casa!

— Relaxa o pai, relaxa… — a voz do meliante estava rouca, tensa e sem um pingo de vergonha da situação.

Por ele ter falado em inglês, a menina abriu os olhos e sorriu. Tesão gringo. Uma pena que eu estava lá e a dona arregalou os olhos, gritou e caiu pro lado na onda do susto, fazendo Dom gemer, enquanto eu já imaginava a saída brusca e o pau entortando. Me senti vingada, abri um sorriso, mas desfiz no momento em que o ruivo de barba feita apontou a cara pra cima, respirando com dificuldade e na maior cara de pau.

— O que você está fazendo, aí!?

— Eu ia fazer xixi, agora eu acho que vou vomitar… — resmunguei, lhe dando as costas enquanto a mulher começava a boquejar algo pra ele.

Eu não entendia o espanhol do jeito que tinha que entender ainda, mas entrei no banheiro, fechei a porta e grudei o ouvido na madeira da porta. O bate boca foi tenso, Dom enrolava bem a língua pra falar alguma coisa, a mulher parecia se sentir traída ou indignada, a discussão não parecia ter fim e eu já via a hora de algum vizinho vir reclamar do barulho. Resolvi sair, vi ela calar a boca, me olhar com raiva e sair batendo a porta, deixando de discutir qualquer que fosse o assunto com Dom.

Ele estava de peito nu, vestiu as calças correndo e se abaixou para mexer na barguilha, tomando cuidado para ficar de costas. Ouvi ele resmungar alguma coisa, mas eu apenas fingi que não estava nem aí pra situação e voltei pro quarto. Vi ele dar um passo largo, mas antes que pudesse se aproximar, fechei a porta.

— Espera, Érina, eu posso explicar! — sua voz atravessou a porta, chegando abafada em meus ouvidos.

— Não precisa, sua vida sexual é problema seu. A minha é problema meu. Eu só fui fazer xixi.

— Sua vida sexual é problema seu… quando foi que você teve tempo de transar? — ele parecia surpreso.

— Quem trabalha fora o dia inteiro é você. — revirei os olhos pra responder. Cretino!

— Você está grávida!

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